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SOP e anovulação: o que são e qual a relação?

por Dr. Augusto Bussab



"O diagnóstico da SOP é feito com base em três principais alterações relacionadas a essa doença: a presença de cistos nos ovários, o quadro de hiperandrogenismo e a infertilidade feminina por anovulação."
SOP e anovulação: o que são e qual a relação?

A infertilidade causada por motivos exclusivamente femininos representa aproximadamente 30% de todos os casos de infertilidade conjugal, segundo a Organização Mundial da Saúde. Esse quadro pode se instalar em decorrência de alterações anatômicas do sistema reprodutivo feminino, mas também como resultado de desequilíbrios hormonais, já que as funções reprodutivas são controladas pelo sistema endócrino.

As doenças estrogênio-dependentes, como miomas uterinos, pólipos endometriais, adenomiose e endometriose, são exemplos de doenças com potencial para infertilidade e causadas por desequilíbrio hormonal, nesse caso dos estrogênios. De forma semelhante, podemos mencionar os distúrbios de hiperprolactinemia e a SOP (síndrome dos ovários policísticos), essa última causada por alterações na secreção de androgênios no corpo da mulher.

A síndrome dos ovários policísticos pode desencadear um quadro de hiperandrogenismo, porém a fertilidade das mulheres é afetada, nesses casos, pela anovulação, que também é provocada pelo aumento da testosterona, típico da SOP.

Acompanhe a leitura do texto a seguir e compreenda como a SOP pode se manifestar e prejudicar o potencial reprodutivo das mulheres.

O que é SOP (síndrome dos ovários policísticos)?

A síndrome dos ovários policísticos é considerada um distúrbio metabólico, em que alterações na secreção das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante) provocam anomalias no comportamento de algumas células foliculares e levam a um aumento na concentração de testosterona ativa, simultaneamente a uma diminuição na secreção de estrogênios.

A etiologia da SOP ainda não foi bem delimitada pela medicina, porém as hipóteses mais aceitas apontam para causas multifatoriais, que incluem uma predisposição genética, mas também fatores de risco relativamente alheios à questão reprodutiva, como a obesidade, a hipertensão e o diagnóstico prévio de diabetes, que podem aumentar as chances para o desenvolvimento dessa síndrome.

O diagnóstico da SOP é feito com base em três principais alterações relacionadas a essa doença: a presença de cistos nos ovários, o quadro de hiperandrogenismo e a infertilidade feminina por anovulação.

Para que a SOP seja diagnosticada, no entanto, é preciso que ao menos dois desses três sintomas estejam presentes e sejam confirmados por exames de imagem e laboratoriais.

Os exames de imagem, especialmente a ultrassonografia transvaginal, são utilizados para a identificação da presença de cistos ovarianos, e os exames laboratoriais reconhecem a alteração na concentração de testosterona, que resulta tanto no hiperandrogenismo, quanto na infertilidade por anovulação.

Acredita-se que de 6% a 16% das mulheres em idade reprodutiva sejam diagnosticadas com SOP, fazendo dessa síndrome uma das doenças com potencial para causar infertilidade feminina mais recorrentes.

Como a SOP pode causar infertilidade feminina?

A anovulação é a ausência completa de ovulações durante todos os ciclos reprodutivos, enquanto o termo oligovulação refere-se a casos em que, ao longo de um ano, são registrados menos de 9 ciclos reprodutivos ovulatórios.

Dependendo do grau de acometimento da SOP, as mulheres podem apresentar infertilidade severa, quando nenhuma ovulação acontece, ou formas mais leves, que provocam um aumento considerável no número de ciclos anovulatórios.

Pela imprevisibilidade da ocorrência de ovulação, mesmo quando a SOP se manifesta por oligovulação, esses casos também são considerados como potenciais fatores de infertilidade feminina.

Para compreender como a anovulação afeta a fertilidade das mulheres, vamos observar o que acontece no ciclo reprodutivo normal, não acometido por qualquer doença.

Em uma situação normal, o ciclo reprodutivo das mulheres tem início com aumentos graduais na produção das gonadotrofinas pelo eixo HHO: hipotálamo, hipófise e ovários. Esses hormônios têm como órgão-alvo os ovários e, dentro deles, mais especificamente as células que compõem o folículo ovariano.

De forma geral, podemos dizer que enquanto o LH estimula as células foliculares da teca a produzir testosterona, o FSH, além de promover o recrutamento dos folículos para o amadurecimento, também é responsável pela conversão dessa testosterona em estrogênio.

Aproximadamente no 14º dia após o início do ciclo reprodutivo, tanto as gonadotrofinas quantos os estrogênios atingem um pico de concentração, o que leva ao rompimento do folículo e à liberação do oócito contido nele, num evento denominado ovulação.

No caso da SOP, a hipófise apresenta alterações na secreção de gonadotrofinas, produzindo LH em quantidades maiores do que o normal, ao mesmo tempo que a secreção de FSH se mostra rebaixada.

Isso faz com que o LH estimule as células da teca a produzirem mais testosterona do que o normal, enquanto a taxa de conversão desse hormônio em estrogênio se mostra diminuída, pelas baixas concentrações de FSH.

Assim, os picos de FSH, LH e estrogênio, responsáveis por desencadear o processo da ovulação, não acontecem, fazendo com que o folículo ovariano não consiga se romper e liberar o óvulo em direção às tubas uterinas, o que configura a anovulação.

Por isso, podemos dizer que a SOP causa infertilidade em suas portadoras, mesmo nos casos mais leves, já que as alterações na concentração de testosterona provocadas por essa síndrome afetam o processo ovulatório, gerando um quadro de anovulação.

Como são feitos os tratamentos?

Na maior parte dos casos de SOP, as mulheres buscam atendimento em virtude dos incômodos causados pelo quadro de hiperandrogenismo ou pela identificação da infertilidade, geralmente resultado de sequenciais tentativas malsucedidas de engravidar.

Nesse sentido, a escolha do melhor tratamento para a SOP depende do grau de incômodo provocado pelos sintomas e do desejo que a mulher manifeste de engravidar em um curto período de tempo.

Quando não existe desejo de engravidar, o tratamento pode ser feito com contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona, que tendem a regular as concentrações de testosterona e também a ocorrência dos ciclos menstruais.

A reprodução assistida pode ajudar?

Já nos casos das mulheres com SOP que relatam problemas de infertilidade concomitantes com seu desejo engravidar, o tratamento mais indicado é a reprodução assistida, e a escolha da melhor técnica deve ser feita de forma individualizada, levando em consideração o grau de acometimento da função reprodutiva.

Isso porque, atualmente, todas as técnicas de reprodução assistida disponíveis contam com uma primeira etapa de estimulação ovariana e indução da ovulação, cujo objetivo é conseguir que, mesmo mulheres com problemas ovulatórios, possam passar pelo processo hormonal de recrutamento e amadurecimento folicular.

A medicina reprodutiva oferece hoje três técnicas principais para o tratamento da infertilidade feminina, mas duas são mais indicadas para casos de anovulação: a RSP (relação sexual programada), indicada para os casos mais leves de SOP, e a FIV (fertilização in vitro), indicada não só para os casos mais graves de SOP, mas também para a maior parte dos distúrbios relativos a infertilidade feminina.

Quer mais detalhes sobre a SOP? Leia aqui.


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