A SOP (sÃndrome dos ovários policÃsticos) é uma das doenças femininas que mais oferecem riscos de infertilidade à s mulheres e, por isso, pode ser uma preocupação relevante para os casais que dão inÃcio à s tentativas para engravidar.
Considerada uma doença crônica, as origens da SOP são multifatoriais, ou seja, embora exista uma tendência hereditária, já que em diversos casos a mulher com SOP possui, em sua famÃlia, outras com a mesma doença, o seu desenvolvimento depende também de outros fatores não genéticos.
Alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da SOP incluem:
- Obesidade;
- Resistência à insulina;
- Dislipidemias;
- Hipertensão arterial;
- SÃndrome metabólica.
A infertilidade por anovulação é uma das possÃveis consequências da SOP e está entre os sintomas da doença que mais afetam a saúde mental, por interferir no planejamento familiar das mulheres, aumentando também as chances de acometimentos como depressão e ansiedade, e constrangimentos psicossociais diversos.
Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor a relação entre a SOP e a infertilidade feminina, conhecendo também as possibilidades que a medicina reprodutiva oferece para esses casos.
O que é infertilidade feminina?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a infertilidade conjugal como a incapacidade de um casal em idade reprodutiva e sexualmente ativo para conseguir uma gestação e levá-la a termo, após 12 meses de tentativas.
A infertilidade conjugal é uma condição que pode ser provocada por problemas relacionados à saúde reprodutiva de homens e mulheres, de forma independente ou associados: quando ambos possuem algum grau de infertilidade simultaneamente.
A infertilidade pode ser permanente, normalmente devido a problemas genéticos ou à necessidade de retirada cirúrgica dos órgãos reprodutivos, ou temporária, quando as doenças que causam dificuldades para engravidar são tratáveis.
Quais são as principais causas da infertilidade feminina?
Considerando que para as mulheres a fertilidade não está somente ligada à disponibilidade de gametas, como acontece com a infertilidade masculina, mas também à capacidade de levar a gestação a termo, podemos dizer que uma mulher pode ser infértil por problemas uterinos, tubários e ovarianos.
Após a fecundação, o embrião precisa ser conduzido ao útero com objetivo de encontrar o local adequado para realizar a implantação embrionária, quando se fixa ao endométrio e dá inÃcio à gestação, que acontece inteiramente dentro desse órgão.
A infertilidade feminina por fator uterino pode ser resultado de doenças como miomas uterinos, pólipos endometriais, adenomiose e diversos tipos de malformações uterinas, como útero septado. Elas podem interferir tanto no processo de implantação embrionária, como causar problemas no decorrer da gestação, com risco de perda gestacional e aborto de repetição.
Nos casos de obstrução tubária por endometriose ou como resultado da ação de ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis), como a clamÃdia, a infertilidade acontece pelo impedimento do encontro entre gametas e da condução do embrião, após esse evento, para o útero.
Na infertilidade por fator ovariano, cujas duas principais doenças associadas são a SOP e a endometriose ovariana, que produz endometriomas, a causa mais frequente é a inibição da ovulação, também chamada anovulação.
Como a SOP pode provocar infertilidade feminina?
De forma geral, a SOP é uma doença metabólica, em que alterações no pulso de secreção das gonadotrofinas FSH (hormônio folÃculo estimulante) e LH (hormônio luteinizante) resultam em uma super produção de testosterona simultaneamente à diminuição da taxa de conversão desse androgênio em estrogênio.
O resultado dessa interação é o aumento na concentração de testosterona, que pode provocar sintomas perceptÃveis relacionados ao hiperandrogenismo, como aumento de peso, hirsutismo, acne, alopecia e hiperatividade das glândulas sebáceas, e uma concomitante diminuição da concentração de estrogênio que, somada à s alterações na secreção de gonadotrofinas, provocam infertilidade por anovulação.
Contudo, a SOP é uma doença que pode se manifestar em diversos graus de gravidade, com variações na quantidade de ciclos reprodutivos anovulatórios.
Isso faz com que as mulheres com formas mais leves da doença ainda apresentem ovulação em alguns ciclos reprodutivos, caracterizando um quadro de oligovulação, em que a gestação por vias naturais ainda é possÃvel, embora difÃcil de conseguir.
Reprodução assistida, SOP e infertilidade feminina
Especialmente as formas mais leves de SOP podem ser abordadas pelo uso de medicamentos hormonais, que visam equilibrar a dinâmica dos hormônios sexuais e controlar os sintomas gerais da SOP. No entanto, esta abordagem não é capaz de reverter os possÃveis quadros de infertilidade, já que a medicação costuma exercer também um efeito contraceptivo.
Nesse sentido, a mulher com SOP que deseja engravidar pode receber indicação para o tratamento da infertilidade decorrente da doença pela reprodução assistida.
As três técnicas de reprodução assistida disponÃveis hoje – RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – podem ser indicadas para a mulher com SOP, já que todas contam com a estimulação ovariana em suas etapas iniciais. A escolha do melhor procedimento depende da gravidade da doença.
A estimulação ovariana é feita com a administração de medicamentos hormonais que simulam a ação do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e das próprias gonadotrofinas no corpo da mulher, induzindo ao recrutamento e amadurecimento folicular. Cada técnica utiliza protocolos com dosagens diferentes, de acordo com os objetivos que essa etapa tem em cada procedimento.
Enquanto nas de baixa complexidade – RSP e IA – os protocolos preveem doses menores dessa medicação e por isso somente são indicadas para os casos mais leves de SOP, na FIV, um procedimento de alta complexidade, a estimulação ovariana é mais robusta e por isso pode atender melhor às demandas reprodutivas dos casos mais severos de SOP.
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