O que são gametas?

A fertilidade de homens e mulheres está relacionada à qualidade e à quantidade dos gametas, entre outros aspectos dos sistemas reprodutivos de ambos.

Por ser um termo relativamente técnico, muitas vezes as pessoas têm ideias muito diferentes do que são gametas, podendo confundi-los inclusive com outros tipos celulares ou estruturas envolvidas nos processos reprodutivos.

O objetivo deste texto é esclarecer o que são os gametas e qual a sua função para fertilidade de homens e mulheres.

O que são gametas?

São chamados gametas s as células reprodutivas de homens e mulheres, espermatozoides e oócitos, respectivamente.

Essas células são produzidas nas glândulas sexuais: nos testículos masculinos e nos ovários femininos, ainda que sua origem e forma de desenvolvimento pós-natal obedeçam a mecanismos bastante diferentes.

Os espermatozoides e o sêmen

Denominamos espermatozoides os gametas ou células reprodutivas masculinas, produzidas no interior dos túbulos seminíferos – que estão localizados nos testículos – pela ação da testosterona desde a puberdade.

São compostos por duas partes principais: a cauda, uma espécie de flagelo, responsável pela motilidade celular dos espermatozoides, e a cabeça, conectada a ela em uma de suas extremidades, contendo no interior o pronúcleo e as poucas organelas existentes nos espermatozoides.

Os espermatozoides são compostos também por uma estrutura chamada acrossomo, acoplada à cabeça, que armazena algumas enzimas para auxiliar o espermatozoide no rompimento da zona pelúcida oocitária.

Espermatogênese é como chamamos o processo de formação dos espermatozoides maduros, que acontece no interior dos túbulos seminíferos, a cada ejaculação, a partir de uma célula primordial – o espermatócito – este sim formado durante o período embrionário.

A formação do espermatócito, e de toda a estrutura do sistema reprodutivo masculino, acontece durante o primeiro trimestre de desenvolvimento embrionário, mediada pela ação da testosterona.

A partir da puberdade e do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos, dois tipos celulares localizados nas proximidades do espermatócito são fundamentais no processo de espermatogênese: as células de Leydig, responsáveis pela produção de testosterona sob estímulo do LH (hormônio luteinizante), e as células de Sertoli, cuja função está ligada a sustentação, proteção e nutrição da célula reprodutiva masculina.

Após sua formação inicial nos túbulos seminíferos – com auxílio das células mencionadas –, os espermatozoides maduros são direcionados para os epidídimos, onde acontece o desenvolvimento da cauda, fazendo com que essas células adquiram motilidade, uma função necessária para se deslocar no interior do sistema reprodutivo feminino.

Além dos espermatozoides, o líquido ejaculado conta também com substâncias produzidas pelas glândulas anexas – próstata, vesícula seminal e glândulas bulbouretrais – cujas principais funções estão relacionadas à preservação e nutrição dos espermatozoides, além de auxiliar em sua motilidade.

Óvulos, ou melhor, oócitos

Óvulo é um termo bastante popular para se referir às células reprodutivas femininas, porém é usado de forma errada como um sinônimo para os oócitos contidos no interior dos folículos ovarianos – estas sim as células reprodutivas das mulheres.

Tecnicamente chamamos óvulo a um estágio intermediário entre o momento da fecundação e a formação do zigoto, imediatamente após a entrada do espermatozoide no meio intracelular do oócito, para a fecundação.

Cada folículo contém em seu interior um único oócito e, a partir da puberdade, esses folículos são sistematicamente recrutados para completar o processo de amadurecimento, liberando o ovócito contido em seu interior, num processo chamado ovulação.

Os folículos ovarianos são compostos por dois tipos celulares principais: as células da teca, que respondem principalmente à ação do LH, e as células da granulosa, envolvidas com os estímulos do FSH (hormônio folículo estimulante).

Entre as funções exercidas pelos folículos ovarianos estão a produção de testosterona e a sua correspondente conversão em estrogênio, e o isolamento de cada ovócito, para que a ovulação libere apenas uma célula reprodutiva por ciclo, diminuindo assim as chances de gestação múltipla.

Outra diferença entre a dinâmica das células reprodutivas masculinas e femininas reside no fato que os gametas femininos são produzidos em sua totalidade ainda durante o período embrionário, permanecendo paralisados em uma fase específica do desenvolvimento e armazenados no interior dos ovários, até o momento da puberdade.

Quando a mulher passa pelas menarca (primeira menstruação), este evento sinaliza o momento em que os gametas femininos retomam o seu processo de amadurecimento, paralisado durante a embriogênese, e a ação pulsátil das gonadotrofinas passa a recrutar o número específico de folículos ovarianos a cada ciclo reprodutivo, com o objetivo de promover a ovulação.

A ovulação é um dos momentos mais importantes do ciclo reprodutivo das mulheres. Acontece como resultado de uma cadeia de fenômenos bioquímicos, envolvendo principalmente as gonadotrofinas LH e FSH e sua ação sobre as células foliculares, para a produção dos hormônios sexuais.

Qual a função dos gametas na fertilidade?

O conjunto de todas as células humanas é dividido primeiramente em dois grandes grupos celulares: células somáticas e células reprodutivas.

Uma das principais diferenças entre esses dois tipos celulares é a quantidade de material genético: enquanto as células somáticas possuem a totalidade do material genético de um ser humano (2n), as células reprodutivas apresentam apenas metade desse material (n).

A quantidade de material genético dos gametas é uma de suas principais características e fornece pistas sobre a função principal: encontrar-se no interior das tubas uterinas para que, através da fusão de seus pronúcleos, possam formar a célula primordial de um novo ser humano, chamada zigoto.

O que pode causar infertilidade?

A infertilidade masculina e feminina pode ser provocada por alterações nos gametas e no sistema reprodutivo como um todo. Entre as principais causas de infertilidade masculina ou feminina, destacamos:

• Azoospermia obstrutiva e não obstrutiva;
• Oligozoospermia;
• Varicocele;
• Obstrução tubária;
• SOP (síndrome dos ovários policísticos);
• Endometriose;
• Miomas uterinos;
• Pólipos endometriais;
• Anovulação e oligovulação;
• Hipogonadismo masculino e feminino.

Como é o tratamento dos gametas na FIV?

Entre as técnicas de reprodução assistida disponíveis hoje, a FIV (fertilização in vitro) é aquela em que são realizadas mais formas de micromanipulação dos gametas femininos e masculinos em seus processos – um dos motivos pelos quais a técnica é considerada de alta complexidade.

Na FIV, os folículos podem ser coletados por punção folicular, diretamente dos ovários, durante a etapa posterior à estimulação ovariana que potencializa os processos envolvidos na ovulação, com o objetivo de incentivar o amadurecimento de mais folículos em um mesmo ciclo.

No caso dos espermatozoides, a FIV permite não somente o preparo seminal – realizado a partir da amostra de sêmen obtida por masturbação –, que possibilita a seleção dos melhores, mas também a possibilidade de recolher espermatozoides diretamente dos túbulos seminíferos ou dos epidídimos a partir das técnicas de recuperação espermática.

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