A medicina reprodutiva hoje oferece saÃda para praticamente qualquer caso de infertilidade, nos mais variados graus de severidade. A FIV (fertilização in vitro) e a IIU (inseminação intrauterina) são duas das técnicas mais conhecidas, embora sejam indicadas para casos mais graves.
A RSP ou relação sexual programada ou ainda coito programado também é considerada uma técnica de reprodução assistida, especialmente para os casos de infertilidade feminina leve e que não sejam causados por fator masculino.
Essa técnica busca monitorar o amadurecimento folicular ovariano e determinar o melhor momento, dentro do perÃodo fértil da mulher, para que as relações sexuais sem o uso de contraceptivos levem à gestação.
O monitoramento da ovulação é feito com ultrassom transvaginal, e a RSP pode ou não ser acompanhada da estimulação ovariana, um procedimento que também é feito na FIV e na IIU, mas comumente é acompanhada.
Este texto mostra com detalhes o passo a passo da relação sexual programada e como ela pode ajudar a reverter quadros leves de infertilidade conjugal. Aproveite a leitura!
O que é RSP (relação sexual programada)?
A relação sexual programada ou coito programado, como também é chamado, é considerado hoje um tratamento em reprodução medicamente assistida indicado para infertilidade leve, comumente causado por fator ovulatório, e que não seja decorrente de problemas na função reprodutiva masculina.
É possÃvel calcular o perÃodo fértil da mulher realizando o monitoramento da ovulação, por ultrassonografia transvaginal, dentro do acompanhamento da relação sexual programada.
A RSP é feita com a estimulação ovariana para a ovulação, com a administração de hormônios sexuais que induzem o processo ovulatório, antes do monitoramento.
Importante lembrar que, em qualquer caso de infertilidade, a primeira abordagem deve ser o diagnóstico das causas dessa condição e seu tratamento, caso seja possÃvel realizá-lo.
Mesmo para a escolha da técnica em reprodução assistida, é importante que esse diagnóstico seja feito, já que os tratamentos têm indicações especÃficas, relacionadas à s doenças e condições que levaram à infertilidade.
Para quem a RSP é indicada?
A RSP é indicada principalmente para alguns casos de infertilidade por fator feminino leve, relacionadas com anovulação, como a SOP (sÃndrome dos ovários policÃsticos).
A RSP geralmente não é indicada para mulheres acometidas por doenças que afetam o útero, como miomas, pólipos e sinequias, as malformações anatômicas e as endometrites que podem afetar esse órgão, pois podem apresentar infertilidade relacionada à receptividade endometrial.
O mesmo vale para os casos de infertilidade por fator tubário, em que a obstrução das tubas uterinas impede a passagem do óvulo durante a ovulação – ou quando a anovulação é decorrente da diminuição anormal da reserva ovariana, como acontece na FOP (falência ovariana precoce).
Também quando a infertilidade conjugal é causada por problemas no sistema reprodutivo e endócrino masculinos, já que a fecundação ocorre por vias naturais, dentro do corpo da mulher.
Também não é comum a indicação da técnica para mulheres com mais de 37 anos.
De forma geral, o sistema reprodutivo da mulher deve estar bem preservado para que possa ser indicada a RSP, assim como não haver fatores masculinos associados.
Passo a passo da RSP
A RSP é feita, assim como as demais técnicas em reprodução assistida, em etapas distintas e interdependentes: a estimulação ovariana, o monitoramento da ovulação e a orientação sobre os melhores dias para manter relações sexuais com o objetivo de engravidar.
Estimulação ovariana
A estimulação ovariana consiste em estimular a ovulação de 1 a 3 óvulos. A mulher passa por uma espécie de terapia hormonal, com a administração de medicamentos à base de hormônios.
A terapêutica costuma ser feita com as próprias gonadotrofinas, FSH (hormônio folÃculo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que disparam o recrutamento folicular e o amadurecimento oocitário, resultando na ovulação.
Esse procedimento é realizado nos primeiros dias do ciclo menstrual, quando têm inÃcio o recrutamento folicular e deve ser monitorado ao longo de todo o perÃodo.
Monitoramento da ovulação
O monitoramento da ovulação é decisivo para o sucesso da RSP, já que é a partir dele que se determina o perÃodo fértil e quando é propÃcio manter relações sexuais com objetivo de engravidar.
A ultrassonografia transvaginal é a principal forma de acompanhar o desenvolvimento e amadurecimento folicular durante a estimulação ovariana.
Essa modalidade de ultrassonografia permite a visualização em detalhe tanto dos ovários quanto das tubas uterinas e útero, possibilitando o acompanhamento de todo o processo: o recrutamento folicular, quando cerca de 1000 folÃculos dão inÃcio ao amadurecimento e formam os folÃculos antrais, e a trajetória dessa célula no interior das tubas, após o rompimento do folÃculo e liberação do oócito contido nele.
Orientação sobre as relações sexuais
Quando a ovulação atinge seu auge, com o rompimento folicular e a liberação do oócito, o casal é aconselhado a manter relações sexuais com uma frequência maior, durante o perÃodo estipulado pelo monitoramento da ovulação.
Aproximadamente 20 dias após o perÃodo fértil e as relações sexuais realizadas após a orientação, a mulher pode fazer um exame de sangue que indica a presença ou não de gravidez.
Quais as chances de sucesso da RSP?
Com a estimulação ovariana, a taxa de sucesso da RSP é de 20%. Ainda que a RSP tenha vantagens relacionadas aos custos e à complexidade da técnica, que pode provocar poucos efeitos colaterais, em muitos casos ela não dá conta de reverter o quadro de infertilidade, mesmo leve.
Para os casos em que não há um fator masculino envolvido na infertilidade conjugal, a IIU (inseminação intrauterina) pode ser indicada, caso a RSP não tenha sucesso, seguida da FIV (fertilização in vitro), caso as tentativas de inseminação também não sejam bem-sucedidas.
No entanto, nem sempre o casal percorre todo esse percurso até atingir a gravidez. Dependendo do caso, há a indicação de FIV diretamente.
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