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O que é DIP? Conheça a doença

por Dr. Augusto Bussab



"A DIP (doença inflamatória pélvica) é uma condição inflamatória crônica causada por agentes infecciosos, que figura, atualmente, entre as principais causas de infertilidade feminina. Para compreender melhor a DIP é necessário entender a relação entre a infecção bacteriana e as reações inflamatórias desencadeadas por ela […]"
O que é DIP? Conheça a doença

A DIP (doença inflamatória pélvica) é uma condição inflamatória crônica causada por agentes infecciosos, que figura, atualmente, entre as principais causas de infertilidade feminina.

Para compreender melhor a DIP é necessário entender a relação entre a infecção bacteriana e as reações inflamatórias desencadeadas por ela no interior da cavidade pélvica.

De forma geral, os processos inflamatórios têm origem em lesões mecânicas ou são causados pela ação parasitária de microrganismos, como fungos, protozoários, vírus e bactérias. No caso da DIP consideramos apenas as inflamações causadas por bactérias.

Em qualquer processo inflamatório, pélvico ou não, as lesões teciduais mecânicas ou infecciosas acionam o sistema imunológico, que envia ao local afetado substâncias e células específicas, com o objetivo de identificar e destruir os agentes causadores das lesões.

Cada uma dessas células e substâncias age de forma específica dentro do processo inflamatório: as histaminas e prostaglandinas provocam vasodilatação local, levando à formação de edemas avermelhados e quentes, enquanto os leucócitos identificam e destroem os agentes patogênicos e os macrófagos fagocitam os restos do tecido lesionado e dos agentes infecciosos já destruídos.

Isso significa que o processo inflamatório não é a doença em si, mas uma resposta natural do corpo para o ataque de agentes mecânicos e principalmente infecciosos. Em muitos casos, a infecção pode ser combatida exclusivamente pela ação natural do corpo, porém outros, incluindo as infecções do espectro da DIP, somente a ação de antibióticos pode combater de fato as infecções.

Nos acompanhe na leitura do texto a seguir, entenda melhor o que é a DIP, seus principais agentes causadores e as formas de tratamento mais efetivas, inclusive para as mulheres que desenvolvem infertilidade decorrente dessa condição.

 

O que é a doença inflamatória pélvica?

Por definição, a doença inflamatória pélvica, ou DIP, é uma infecção polimicrobiana, que tem origem no canal vaginal e no colo do útero e evolui de forma ascendente, acometendo os órgãos do trato superior do sistema reprodutivo das mulheres, principalmente útero, ovários e tubas uterinas.

 

O que pode causar a DIP?

Geralmente os dois principais agentes causadores da DIP são as bactérias Neisseria gonorrhoeae, que causa gonorreia, e a Chlamydia trachomatis, que causa clamídia, ambas consideradas ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), já que a principal forma de contágio acontece por via sexual.

Outras bactérias menos comuns também podem provocar DIP, como por exemplo a Gardnerella vaginalis, que naturalmente habita o trato vaginal, Escherichia coli, uma bactéria típica do ambiente intestinal, e agentes externos como as bactérias dos gêneros Ureaplasma e Mycoplasma.

A principal forma de contaminação pelas bactérias que levam a DIP acontece por via sexual, por isso a única maneira efetiva de prevenção dessas infecções é a prática de sexo seguro, com o uso de preservativos de barreira.

 

Como identificar a DIP?

Os principais sinais para identificação da doença inflamatória pélvica são:

  • Dor ou incômodo na região pélvica;
  • Disúria (dor ao urinar);
  • Corrimento vaginal com odor desagradável;
  • Dispareunia e sangramento durante relações sexuais;
  • Febre, em geral baixa e intermitente;
  • Náuseas;
  • Menstruação irregular;

A infertilidade decorrente da DIP pode ser considerada um sintoma e também uma consequência dessas infecções. Isso porque, enquanto a infecção está ativa, todo o trato reprodutivo superior encontra-se alterado, e a fertilidade é certamente prejudicada pela infecção.

Quando a DIP afeta o útero, pode causar endometrite, que prejudica a receptividade endometrial e se reflete em problemas para implantação embrionária; quando os ovários são acometidos, a ooforite pode paralisar o processo ovulatório, causando anovulação temporária; e quando a DIP se instala nas tubas uterinas, a salpingite obstrui essas estruturas impedindo o encontro entre ovócito e espermatozoide e, consequentemente, a fecundação.

Contudo, a infertilidade pode ser também uma consequência das infecções que causam a DIP. Mesmo após o tratamento e a erradicação da infecção ativa, as áreas lesionadas pelas bactérias podem apresentar cicatrizes superficiais, em forma de aderências.

Especialmente quando os órgãos mais afetados são as tubas uterinas, essas aderências podem permanecer no interior, fazendo com que o prejuízo que a obstrução tubária traz à fertilidade das mulheres possa ser permanente.

 

Como é feito o diagnóstico?

Nos casos sintomáticos, o diagnóstico pode ser iniciado já no exame clínico, pela presença de dor abdominal à palpação e secreções purulentas, observadas no canal vaginal, com auxílio de um espéculo.

Se a mulher não apresenta sintomas, exames de rotina como o Papanicolau podem identificar a presença das bactérias que causam a DIP de forma inespecífica, e o diagnóstico pode ser confirmada por testagens mais específicas.

A DIP tem tratamento?

É importante lembrar que a DIP é causada por agentes infecciosos e o não tratamento das infecções é o principal fator de agravamento da doença. Ou seja, é imprescindível buscar atendimento médico a partir da identificação dos primeiros sintomas.

Somente com a identificação dos agentes infecciosos, que levaram ao quadro de DIP, é possível definir o tratamento mais adequado, realizado com antibióticos específicos para cada tipo de bactéria.

Os principais antibióticos utilizados são administrados por via oral ou intramuscular, em doses únicas ou em terapêuticas continuadas.

Nos casos mais graves, em que a mulher não busca tratamento mesmo quando há sintomas intensos, principalmente a febre, a DIP pode levar à internação pelo risco de sepse – uma infecção generalizada, que pode levar à morte.

Como a reprodução assistida pode ajudar?

Como mencionamos, a infertilidade feminina é um sintoma e uma consequência relativamente comum nos casos de DIP, principalmente quando o tratamento não é feito precocemente.

A função reprodutiva é prejudicada quando as tubas uterinas são severamente afetadas pela infecção, e se as cicatrizes pós-tratamento obstruírem a passagem dos gametas, impedindo a fecundação.

Entre todas as técnicas de reprodução assistida disponíveis hoje, a FIV (fertilização in vitro) é a principal indicação para infertilidade feminina causada por fatores tubários, como é o caso da DIP.

Isso porque, na FIV, após a etapa de estimulação ovariana, que potencializa o amadurecimento folicular e aumenta o número de óvulos disponíveis para fecundação, os folículos podem ser coletadas diretamente nos ovários por punção folicular.

Diferente do que acontece com as outras técnicas, como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), que também potencializam a ovulação, porém dependem da integridade tubária, já que a fecundação acontece dentro do corpo da mulher.

De qualquer forma, a infecção deve ser tratada com antibióticos, mesmo quando a mulher está buscando o tratamento por reprodução assistida: qualquer técnica da medicina reprodutiva só pode ser aplicada na ausência de agentes infecciosos.

Leia mais sobre infertilidade feminina acessando nosso conteúdo!

 


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21 de julho de 2022 13:48

[…] Especialmente quando não tratadas, essas infecções podem se alastrar e levar a um quadro de DIP (doença inflamatória pélvica). a salpingite não tratada também aumenta as chances de que a doença , deixe cicatrizes, em forma […]

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