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Ovulação e fertilidade: existe relação?

por Dr. Augusto Bussab



"A fertilidade pode ser definida como a capacidade natural de gerar uma nova vida, o que garante a perpetuação da espécie humana. A gravidez, entretanto, é um processo complexo e embora dependa do funcionamento adequado dos órgãos reprodutores femininos e masculinos, é no corpo da […]"
Ovulação e fertilidade: existe relação?

A fertilidade pode ser definida como a capacidade natural de gerar uma nova vida, o que garante a perpetuação da espécie humana. A gravidez, entretanto, é um processo complexo e embora dependa do funcionamento adequado dos órgãos reprodutores femininos e masculinos, é no corpo da mulher que ocorrem as etapas necessárias ao sucesso gestacional:

  • Transporte do óvulo: a ovulação deve ocorrer, o óvulo ser capturado pelas tubas uterinas e ser transportado até a ampola, porção em que a fecundação acontece;
  • Transporte dos espermatozoides: os espermatozoides devem alcançar o útero após a ejaculação e viajar até a ampola;
  • Fecundação e desenvolvimento inicial do embrião: fecundação é a união dos gametas, ou seja, quando o espermatozoide, gameta masculino, penetra o óvulo, gameta feminino, gerando o zigoto, primeira célula do embrião, que inicia o desenvolvimento ainda nas tubas uterinas enquanto é transportado ao útero;
  • Implantação do embrião: quando o embrião se fixa ao endométrio, camada interna uterina para dar início à gestação.

Este texto aborda em detalhes toda a trajetória até a mulher engravidar, destacando a ovulação e sua relação com a fertilidade. Continue a leitura até o final e confira!

O que é ovulação e como acontece?

As mulheres já nascem com uma reserva ovariana, estoque de folículos, que contêm o óvulo imaturo, para serem utilizados durante a idade reprodutiva, que inicia na puberdade, quando a primeira menstruação marca o começo dos ciclos menstruais, e se encerra na menopausa.

A cada ciclo menstrual um dos ovários deve liberar um óvulo para ser captado pelas tubas uterinas, dois tubos musculares de aproximadamente 10 cm, que fazem a ligação entre esses órgãos e o útero.

Ovulação é o nome dado a esse evento de liberação do óvulo. Entenda, abaixo, como acontece:

O ciclo menstrual é coordenado por diferentes hormônios e dividido em três etapas. Na primeira, chamada folicular, a hipófise libera de forma pulsátil as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante). O FSH age recrutando vários folículos e estimulando seu crescimento, porém apenas um deles, motivado pelo LH se desenvolve e amadurece o suficiente.

Aproximadamente na metade do ciclo menstrual, um pico de LH induz o folículo que se destacou, conhecido como folículo dominante, ao amadurecimento final e rompimento, quando libera o óvulo na ovulação, que ao ser captado pela tubas uterinas, aguarda por 24h o encontro com o espermatozoide. Esse, portanto, é o período mais fértil do ciclo menstrual, quando há mais chances de engravidar.

Quando ocorre a ejaculação, milhares de espermatozoides são liberados e viajam pela extremidade das tubas uterinas para encontrá-lo. No entanto, apenas os mais capacitados sobrevivem e somente um deles alcança o óvulo.

Para penetrá-lo, deve romper a zona pelúcida, camada que o protege. Assim, ocorre a fusão dos pronúcleos com as informações genéticas dos pais, formado a primeira célula do embrião, o zigoto.

A ovulação, portanto, é fundamental para a fertilidade feminina. Se o óvulo não for liberado a fecundação não acontece, não há formação do embrião e a gravidez não se inicia.

Distúrbios de ovulação são considerados a principal causa de infertilidade feminina. Têm como características dificuldades no crescimento, desenvolvimento, amadurecimento ou ruptura dos folículos ovarianos, e podem resultar de diferentes condições comuns durante a fase fértil das mulheres.

A mais frequentemente registrada é a síndrome dos ovários policísticos (SOP), embora outras, como a endometriose, miomas uterinos, pólipos endometriais, doenças da tireoide e falência ovariana prematura (FOP), também possam provocar o problema.

A importância da ovulação não está limitada apenas à gestação espontânea. O evento é igualmente necessário nas técnicas de reprodução assistida. Porém, nesses tratamentos pode ser induzida, o que os torna a principal indicação quando há distúrbios ovulatórios.

Ovulação na reprodução assistida

As três principais técnicas de reprodução assistida são a relação sexual programada (RSP), a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV). Em todas elas a primeira etapa é a estimulação ovariana, procedimento em que são utilizados medicamentos hormonais semelhantes aos naturais para estimular a função ovariana.

A administração dos medicamentos inicia com o ciclo menstrual. Para acompanhar o desenvolvimento dos folículos, são realizados periodicamente, a cada dois ou três dias, exames de ultrassonografia transvaginal. Quando eles atingem ao auge, novos medicamentos os induzem ao amadurecimento e ovulação.

Por serem técnicas de complexidade diferente, as dosagens hormonais utilizadas também diferem. Na RSP e IA, por exemplo, de baixa complexidade, a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas, por isso devem ser mais baixas, para obter entre 1 e 3 óvulos maduros.

Já na FIV, de alta complexidade, a fecundação é realizada em laboratório. Assim, são utilizadas dosagens mais altas para obter até 10 óvulos e aumentar as chances de mais embriões serem formados.

Depois de formados, os embriões se desenvolvem por alguns dias em laboratório e são transferidos diretamente ao útero materno para se implantarem.

Toque aqui e conheça todas as condições que podem resultar em infertilidade feminina.


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