Esperma, espermatozoide e sêmen são termos cujos significados muitas vezes se confundem, mas que se referem a aspectos particulares do lÃquido ejaculado e, consequentemente, a funções especÃficas relacionadas à fertilidade.
A boa qualidade do lÃquido ejaculado está diretamente relacionada à saúde e à integridade de todas as estruturas componentes do sistema reprodutivo masculino: testÃculos, bolsa escrotal, cordão espermático, glândulas anexas e também da uretra, uma estrutura que esse sistema compartilha com o sistema urinário e cujas afecções também podem prejudicar a fertilidade dos homens.
A infertilidade masculina corresponde atualmente a aproximadamente 40% dos casos de infertilidade conjugal e pode ser decorrente de problemas genéticos na produção de espermatozoides, de problemas relacionados à obstrução do caminho percorrido pelos espermatozoides, desde o testÃculo até a porção final da uretra, e também de problemas associados à saúde das glândulas anexas ao sistema reprodutivo: glândulas bulbouretrais, vesÃcula seminal e próstata.
Na maior parte das vezes, as alterações que prejudicam a fertilidade masculina podem ser identificadas em exames como o espermograma, análise da fragmentação do DNA espermático e exames de imagem, especialmente a ressonância magnética e a ultrassonografia testicular.
Desses exames, o espermograma é o mais comumente solicitado e o mais adequado para avaliar as variáveis de qualidade do sêmen ou esperma e também dos espermatozoides.
O objetivo deste texto é esclarecer as diferenças entre os termos esperma, sêmen e espermatozoide, mostrando com detalhes o que é que define cada um deles. Aproveite a leitura!
O que é o sêmen ou esperma?
O sêmen, que também pode ser chamado de esperma, consiste em todo o conjunto de elementos que compõem o lÃquido ejaculado: espermatozoides e lÃquidos glandulares. Vamos entender um pouco melhor a composição e a função dos lÃquidos produzidos pelas glândulas anexas:
LÃquido prostático
A próstata está localizada logo após o cordão espermático, próxima à bexiga e integrada à uretra. Além de produzir o lÃquido prostático, a próstata também é responsável por interromper o fluxo de urina pela uretra, comprimindo a posição inicial dessa estrutura, durante as relações sexuais.
O lÃquido produzido por essa glândula tem uma aparência viscosa e esbranquiçada, com pH básico, cuja função é manter os espermatozoides embebidos em um ambiente alcalino que neutralize a acidez tÃpica do canal vaginal. Essa ação protetora também é desempenhada pelos nutrientes e enzimas proteolÃticas que compõem o lÃquido prostático.
Além disso, o lÃquido prostático também tem a propriedade de liquefazer-se algum tempo após a ejaculação, e essa alteração na sua viscosidade é um dos fatores principais de ativação da motilidade dos espermatozoides.
LÃquido bulbouretral
As glândulas bulbouretrais produzem uma das substâncias que compõem o sêmen, mas também atuam antes da ejaculação, produzindo, durante a relação sexual, um lÃquido cujo objetivo é limpar a uretra, impedindo que resquÃcios de urina possam afetar a saúde dos espermatozoides, e também fornecer lubrificação para o próprio ato sexual.
Na composição do sêmen, o lÃquido bulbouretral, formado principalmente por muco e galactose, desempenha uma parte da função nutritiva dos espermatozoides.
LÃquido seminal
Apesar de as glândulas bulbouretrais também desempenharem uma função nutritiva, o lÃquido seminal é o principal componente do sêmen que desempenha essa tarefa. Produzido pelas vesÃculas seminais e composto basicamente por frutose e outros carboidratos simples, o lÃquido seminal é a principal garantia do fornecimento de energia para que os espermatozoides possam se locomover dentro do aparelho reprodutivo feminino.
O que são os espermatozoides?
Chamamos espermatozoides os gametas ou células reprodutivas masculinas, morfologicamente compostas por uma cabeça, que contém metade do código genético do ser humano, citoplasma e um tipo de organela chamada mitocôndria, que atua na conversão dos nutrientes fornecidos pelos lÃquidos glandulares em energia.
Além da cabeça, o espermatozoide também conta com uma cauda, cuja capacidade de motilidade é ativada com a liquefação do lÃquido prostático, após a ejaculação.
Os espermatozoides são formados a partir do desenvolvimento das células reprodutivas primordiais (espermatócitos), localizadas nas paredes dos túbulos seminÃferos, dentro dos testÃculos, com auxÃlio de dois tipos celulares especÃficos: as células de Leydig e as células de Sertoli.
Cada uma dessas células responde à ação das gonadotrofinas FSH (hormônio folÃculo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), além da testosterona, e têm como função fornecer energia e estrutura para o amadurecimento do espermatócito em espermatozoide.
Depois de formados nos túbulos seminÃferos, os espermatozoides desenvolvem a cauda nos epidÃdimos, onde adquirem motilidade (capacidade de se mover no aparelho reprodutivo feminino), sendo direcionados para o cordão espermático, composto pelo canal ou ducto deferente, que recebe os lÃquidos glandulares produzidos pelas glândulas anexas, além das veias, artérias e vasos linfáticos e nervos.
A porção final do ducto deferente se abre na uretra, e durante a relação sexual é neste canal que todos os elementos componentes do sêmen se encontram e são expelidos na ejaculação.
Qual a relação entre sêmen, espermatozoide e a fertilidade masculina?
Os diferentes componentes do lÃquido ejaculado ou sêmen estão diretamente relacionados à conservação dos espermatozoides para que a fecundação, e consequentemente a fertilidade masculina, possa ocorres.
Ou seja, sem ação dos lÃquidos glandulares, com suas composições quÃmicas em perfeita regulação, as células reprodutivas masculinas correm altos riscos de sofrer danos que afetam tanto a sua morfologia quanto sua estabilidade genética, antes mesmo do momento da ejaculação.
Da mesma forma, considerando o ambiente quÃmico tÃpico do canal vaginal e do útero, que é relativamente ácido, é imprescindÃvel que todos os componentes do sêmen estejam Ãntegros, já que também aqui os espermatozoides podem ser danificados.
Além da composição quÃmica do sêmen, também o processo de formação dos espermatozoides deve ocorrer sem nenhuma intercorrência que prejudique o processo pelo qual os espermatozoides se desenvolvem e amadurecem no interior dos túbulos seminÃferos.
O que pode causar infertilidade masculina?
Qualquer alteração nos padrões seminais, da composição dos lÃquidos glandulares ao processo de formação dos espermatozoides, pode prejudicar a função reprodutiva dos homens.
Além disso, alterações e anomalias que levem a obstruções no cordão espermático, assim como infecções que acometam a uretra e partes próximas do sistema urinário, também podem levar a quadros de infertilidade, ainda que temporária.
O que é espermograma?
O espermograma é considerado o principal exame de avaliação da fertilidade masculina, já que analisa parâmetros seminais especÃficos, como o volume e o pH do lÃquido ejaculado, além de aspectos da qualidade espermática, como a concentração e a quantidade de espermatozoides, sua morfologia e motilidade.
Esse exame é, por isso, considerado o mais acessÃvel e abrangente, já que identifica com certa precisão muitas das alterações possÃveis nas variáveis mencionadas e pode ser coletado de forma simples, por masturbação na própria clÃnica.
Reprodução assistida
Alguns casos de infertilidade masculina, especialmente aqueles causados por azoospermia não obstrutiva, oligozoospermia ou azoospermia obstrutiva permanente – como aquela que resulta da cirurgia de vasectomia – podem ser tratados com ajuda da medicina reprodutiva e das técnicas de reprodução assistida.
Para os casos de oligozoospermia leve ou quando existem outras alterações espermáticas, especialmente relacionadas com a motilidade e a morfologia dessas células, uma das técnicas que pode ser indicada é a IA (inseminação artificial), já que é possÃvel incluir o preparo seminal à s etapas desse procedimento.
Para os casos de azoospermia severa e também de infertilidade masculina por fator obstrutivo, a técnica de reprodução assistida mais indicada é a FIV (fertilização in vitro), que permite a coleta de espermatozoides diretamente dos túbulos seminÃferos (TESE e Micro-TESE) ou dos epidÃdimos (MESA e PESA).
Além disso, nesta técnica, a fecundação é feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que um único espermatozoide selecionado é inseminado no interior do óvulo, também coletado por punção folicular, com auxÃlio de uma agulha especial, em ambiente laboratorial.
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