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Progesterona e infertilidade: existe relação?

por Dr. Augusto Bussab



"A progesterona é um hormônio central para a fertilidade das mulheres, principalmente por participar do ciclo reprodutivo, atuando de forma decisiva na composição do endométrio. O endométrio é uma das três camadas de tecido que compõem a parede uterina, assim como o miométrio (camada intermediária) […]"
Progesterona e infertilidade: existe relação?

A progesterona é um hormônio central para a fertilidade das mulheres, principalmente por participar do ciclo reprodutivo, atuando de forma decisiva na composição do endométrio.

O endométrio é uma das três camadas de tecido que compõem a parede uterina, assim como o miométrio (camada intermediária) e perimétrio (camada em contato com o peritônio).

Durante o ciclo reprodutivo, o endométrio é preparado pela ação hormonal para receber um possível embrião e, na gestação, é o tecido que mantém contato direto com a placenta, por revestir toda a cavidade uterina.

Quando a mulher apresenta problemas relacionados à saúde do endométrio, como infecções, inflamações e alterações resultantes de desequilíbrios hormonais, as possibilidades de gestação podem ficar comprometidas.

Entenda melhor qual a relação entre a infertilidade e alterações na ação da progesterona, inclusive no contexto das técnicas de reprodução assistida.

O que é a progesterona?

A progesterona é um hormônio esteroide, que tem no colesterol seu principal precursor e é produzido principalmente sob estímulo do LH (hormônio luteinizante), pelo corpo-lúteo, durante o ciclo reprodutivo, e pela placenta, após o 3º mês de gestação.

As glândulas adrenais ou suprarrenais também produzem progesterona, que, nessas glândulas, inclusive atua como um precursor dos demais hormônios sexuais, como a testosterona e os estrogênios, também produzidos pelas adrenais.

Progesterona e o ciclo menstrual

O ciclo reprodutivo é chamado também de ciclo menstrual, pois convencionou-se delimitar o primeiro dia do sangramento como início. Vamos compreender como é orquestrado por uma dinâmica hormonal específica, que envolve não só a progesterona, mas também outros hormônios, produzidos nos ovários e no sistema nervoso central.

Quando o sangramento menstrual aparece, as concentrações dos hormônios estrogênio e progesterona estão em seus níveis mais baixos, o que sinaliza para o hipotálamo a retomada da secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), de forma gradual.

A principal função do GnRH é estimular a hipófise a produzir as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que têm nos ovários seu principal órgão alvo, atuando nas células que compõem o folículo ovariano.

Os folículos ovarianos são uma espécie de envoltório que contém os óvulos, as células reprodutivas femininas propriamente ditas, e são compostos basicamente por dois tipos celulares: as células da teca e as células da granulosa.

Na primeira fase do ciclo reprodutivo, o LH atua nas células da teca, estimulando a produção de testosterona, enquanto o FSH converte este androgênio em estrogênio e estimula também as células da granulosa.

A associação da ação desses hormônios faz com que os níveis de estrogênio aumentem, estimulando a multiplicação celular e consequentemente o espessamento do endométrio.

Assim, a ação estrogênica é uma das etapas do preparo endometrial, complementado pela ação da progesterona, que só passa a ser produzida após a ovulação, aproximadamente no 14º dia do ciclo reprodutivo, quando estrogênios e gonadotrofinas atingem um pico máximo de concentração, induzindo o rompimento do folículo e a liberação do óvulo.

Após a ovulação, a ação do LH sobre as células foliculares resquiciais, aderidas aos ovários, induz à formação do corpo-lúteo, dando início à produção de progesterona e às novas mudanças na estruturação do endométrio.

O papel da progesterona no preparo endometrial é principalmente interromper a multiplicação celular, induzida inicialmente pelos estrogênios, e estratificar o tecido, que já está mais espesso e vascularizado, tornando-o estável e concluindo o processo de preparo endometrial.

Nos casos em que a fecundação não acontece, os níveis de progesterona e estrogênio caem gradualmente, fazendo com que o endométrio entre em descamação e seja expelido em forma de sangue menstrual, dando início a um novo ciclo reprodutivo.

Progesterona e a gestação

Se a fecundação acontecer, o corpo-lúteo mantém a produção de progesterona durante o primeiro trimestre da gravidez, quando essa função passa a ser desempenhada pela placenta, até o final da gestação. Algumas das principais funções da progesterona para a gestação incluem:

  • Garantir a estabilidade uterina;
  • Inibir novas ovulações;
  • Inibir a lactação antes do parto.

Quando o parto se aproxima, as concentrações de progesterona diminuem para auxiliar o útero durante a saída do bebê, e esse rebaixamento também sinaliza para o início da produção de leite materno.

Qual a relação entre a progesterona e a infertilidade feminina?

Algumas doenças, como miomas uterinos e pólipos endometriais, assim como problemas genéticos que provocam desequilíbrio na dinâmica dos hormônios sexuais, podem indicar deficiências na produção ou na atuação da progesterona, com potencial para prejudicar as possibilidades de ter filhos por vias naturais.

Se a deficiência na produção de progesterona é idiopática ou genética, a mulher apresenta principalmente dificuldades com a implantação embrionária, já que muitas vezes o preparo endometrial não é adequado. Alguns casos de câncer de endométrio também podem resultar nos mesmos efeitos.

No caso das doenças estrogênio-dependentes, as mesmas alterações que levam a um aumento na produção de estrogênio, prejudicam também o papel da progesterona, que poderia controlar o crescimento das massas celulares, por ter uma ação antagônica à do estrogênio.

No caso dos miomas, a nuliparidade é um fator de risco para o desenvolvimento dos tumores justamente porque a mulher foi mais exposta ao estrogênio do que à progesterona, produzida mais intensamente durante a gestação.

Os pólipos endometriais, embora mais frequentes em mulheres que já passaram pela menopausa, também pode se manifestar durante a idade reprodutiva.

O crescimento dos pólipos se deve ao fato dessas massas celulares, embora compostas por endométrio, terem menos receptores para progesterona do que o endométrio adjacente, fazendo com que a ação deste hormônio seja diminuída.

Em todos esses casos, a mulher pode apresentar infertilidade principalmente por aborto de repetição e perdas gestacionais em momentos mais avançados da gravidez, representando um risco mesmo nos tratamentos com reprodução assistida.

O papel da progesterona na reprodução assistida

A medicina reprodutiva oferece hoje técnicas que permitem a reprodução medicamente assistida, ou seja, conjuntos de procedimentos que auxiliam casais com demandas reprodutivas das mais diversas, a terem filhos – o que inclui as mulheres com problemas relacionados à receptividade endometrial.

Contudo, nem todas são recomendadas, nesses casos. As técnicas de baixa complexidade – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial) –, em que a fecundação acontece nas tubas uterinas, não permitem a possibilidade de auxiliar o preparo endometrial de forma controlada, sendo, por isso, desaconselhadas.

Já na FIV (fertilização in vitro), que realiza a fecundação em ambiente laboratorial, é possível criopreservar os embriões após a fertilização, num procedimento chamado freeze-all.

A FIV com freeze-all é indicada para os casos que mencionamos, pois permite que os embriões sejam transferidos em ciclos posteriores, somente quando o monitoramento do preparo endometrial – que pode ser inclusive feito com auxílio de medicamentos hormonais – indicar que esse tecido está realmente pronto para a implantação embrionária.

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