A FIV (fertilização in vitro) com ovodoação, ou seja, que utiliza gametas femininos doados para a fecundação com sêmen do parceiro, é permitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 2017, de forma compartilhada e voluntária.
Nesse sentido, a ovorecepção é o procedimento pelo qual a futura mãe passa ao receber os óvulos da doadora. É indicado especialmente às mulheres com infertilidade severa por fator ovariano e àquelas que, pela idade ou procedimentos cirúrgicos, apresentam diminuição relevante da reserva ovariana.
Diferentemente da ovodoação, que tem um limite de idade para a mulher doadora determinado pelo CFM, de 35 anos, na ovorecepção a mulher pode receber os óvulos até os 50 anos, beneficiando um número maior de mulheres.
Acompanhe a leitura do texto a seguir e saiba quando é o melhor momento para recorrer à ovorecepção e em quais casos esse procedimento é mais recomendado. Aproveite!
Qual a importância da ovorecepção para a FIV?
A FIV é considerada uma técnica de alta complexidade, especialmente por permitir a fecundação fora do corpo da mulher, em laboratório, com gametas obtidos por procedimentos como a aspiração folicular e a recuperação espermática.
Por sua alta complexidade, até mesmo os casos mais severos de infertilidade feminina podem ser tratados com FIV, incluindo os em que o casal depende da doação de gametas e da cessão temporária de útero.
A ovorecepção é uma saÃda para as mulheres que não podem contar com os próprios óvulos para engravidar, incluindo casos mais graves de algumas doenças reprodutivas e mulheres próximas à 5ª década de vida, quando acontece a menopausa.
É importante ressaltar que as mulheres que recebem indicação para ovorecepção só conseguem engravidar com os procedimentos previstos no tratamento com a FIV.
Quando a mulher pode optar pela ovorecepção?
De forma geral, os casos para os quais se recomenda a ovorecepção incluem principalmente a infertilidade grave causada por fatores uterinos, que resultam em quadros de anovulação, danos à reserva ovariana e idade avançada.
Dentre as doenças mais frequentemente relacionadas à anovulação, destacam-se a SOP (sÃndrome dos ovários policÃsticos) e a forma ovariana da endometriose, que são os endometriomas. Embora sejam diversas as alterações hormonais envolvidas em cada caso, ambas resultam numa paralisação do processo de recrutamento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos, e a mulher não disponibiliza gametas para a fecundação.
Os endometriomas podem ainda oferecer risco de danos à reserva ovariana, muitas vezes de forma irreversÃvel. A reserva ovariana é o estoque limitado de células reprodutivas femininas, todas formadas ainda durante o perÃodo pré-natal, que é consumido a cada ciclo reprodutivo e termina com a menopausa.
Quadro semelhante pode ocorrer quando a mulher apresenta menopausa precoce, um transtorno de origem genética, em que os sinais do fim da vida reprodutiva, como uma diminuição sensÃvel na reserva ovariana, acontecem antes do tempo esperado, por volta da 3ª década de vida.
A menopausa precoce pode também se manifestar quando a mulher apresenta distúrbios ovarianos severos que demandam a retirada total ou parcial dos ovários. Além da infertilidade, nesses casos também pode ter deficiências hormonais tÃpicas da menopausa, independentemente da idade.
Epigenética: influência da ovoreceptora nas caracterÃsticas do bebê
Chamamos epigenética todos os resultados da interação da atividade dos genes com o ambiente em que as células estão inseridas, que nos casos de ovorecepção são principalmente o útero materno e o estado geral do corpo da mãe.
Isso acontece porque embora o DNA seja o conjunto de genes com os quais o bebê conta para determinar suas caracterÃsticas fÃsicas, metabolismo e todos os processos fisiológicos dos quais a vida depende, a expressão desses genes ou seu silenciamento recebe influências bastante relevantes do meio.
Nesse sentido, mesmo tendo o DNA da ovodoadora e do pai, a expressão das caracterÃsticas finais do bebê é resultado também da genética materna na gestação.
Importante lembrar que, além disso, aspectos como alimentação da mulher, bem como o nÃvel de estresse que ela tem na gestação e outros aspectos, inclusive emocionais, têm influência epigenética no bebê.
Como acontece a FIV com ovorecepção?
A ovorecepção depende diretamente do tratamento com a FIV, pois após a retirada dos gametas femininos não é mais possÃvel realizar a fecundação no interior das tubas uterinas, e esse processo precisa acontecer em laboratório.
Os óvulos recebidos são fecundados com o espermatozoide do parceiro e os embriões formados, após alguns dias de desenvolvimento, transferidos ao útero da ovoreceptora.
Antes da ovorecepção, o processo para obtenção de óvulos da doadora segue uma série de etapas. Primeiro a mulher passa pela estimulação ovariana, quando recebe uma medicação hormonal diária que estimula o recrutamento e crescimento de mais folÃculos para a coleta.
O monitoramento dessa etapa, realizado com ultrassonografia pélvica, é fundamental para determinar o momento preciso da coleta, feita por aspiração folicular. Os gametas são então encaminhados para criopreservação, que os mantém Ãntegros até que sejam doados.
Quando o tratamento da ovoreceptora tem inÃcio, acompanha-se o ciclo reprodutivo com foco no preparo endometrial, que indica o melhor momento para a transferência embrionária. O monitoramento do preparo endometrial mostra o melhor momento para descongelar os óvulos e realizar a fecundação, com os espermatozoides do parceiro.
Após a fecundação, os embriões passam pelo cultivo embrionário, em que se observa seu desenvolvimento. A transferência embrionária para o útero da ovoreceptora é feita após essa etapa.
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