Endometrioma é o nome dado aos cistos que se formam nos ovários, quando este órgão é afetado pela endometriose, uma doença estrogênio-dependente que acomete muitas mulheres pelo mundo, podendo levar à infertilidade.
Na endometriose, o tecido endometrial, que normalmente reveste a cavidade uterina internamente, passa a crescer e se desenvolver em outros órgãos e estruturas, especialmente do sistema reprodutivo, sob a ação do estrogênio.
Os focos endometrióticos e os endometriomas são compostos por tecido responsivo aos hormônios que atuam durante o ciclo menstrual, por isso a dinâmica dos hormônios sexuais durante o ciclo reprodutivo dispara um processo inflamatório local sobre esses tecidos endometriais ectópicos, podendo causar dor e desconforto, além da infertilidade.
Quando a endometriose acomete os ovários, a formação dos endometriomas acarreta uma das principais manifestações clÃnicas dessa doença: a infertilidade.
A pressão exercida pelos cistos no interior dos ovários altera os processos de maturação dos gametas, que não se desenvolvem o suficiente para chegar à ovulação.
Estes cistos podem ou não estar aderidos ao peritônio e normalmente são visÃveis em alguns exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a videolaparoscopia, como corpos avermelhados aderidos ao córtex ovariano.
Este texto aborda as diversas possibilidade de tratamento disponÃveis atualmente para os endometriomas, inclusive a relação com a fertilidade feminina e como a reprodução assistida pode ajudar a mulher que deseja engravidar.
Qual a diferença entre endometriose e endometriomas?
Endometriose é uma doença estrogênio-dependente que se manifesta pelo crescimento de tecido endometrial ectópico, ou seja, fora da cavidade uterina.
Normalmente, o endométrio é um tecido composto por células estomáticas e glandulares, que reveste a cavidade uterina internamente e responde às oscilações de estrogênio e progesterona durante o ciclo reprodutivo.
Quando esse tecido se desenvolve fora de seu lugar de origem, ele permanece muitas vezes responsivo à dinâmica dos hormônios sexuais, que geram uma resposta inflamatória nos órgãos e tecidos aos quais estão aderidos.
Dizemos que a endometriose – e sua manifestação ovariana, os endometriomas – é uma doença estrogênio-dependente porque o crescimento dos focos endometrióticos é estimulado pela secreção de estrogênio.
Ou seja, nos momentos do ciclo reprodutivo em que há um pico na concentração desse hormônio, os endometriomas inflamam e aumentam de volume, aumentando a pressão interna nos ovários.
Esse aumento na pressão, acompanhado das alterações na concentração de estrogênio, prejudicam o processo de amadurecimento dos folÃculos e, consequentemente, afetam a ovulação.
Ao mesmo tempo, e especialmente quando os endometriomas estão também aderidos ao peritônio, a resposta inflamatória desencadeada nesse processo pode causar dor e sangramentos fora do perÃodo menstrual.
Por ser uma doença estrogênio-dependente, os endometriomas são mais recorrentes entre mulheres em idade fértil e normalmente tendem a desaparecer após a menopausa.
Mulheres que nunca tiveram filhos e aquelas cuja menarca (primeira menstruação) foi precoce têm mais chance de desenvolver endometriose como um todo e os endometriomas, por estarem mais tempo expostas à ação estrogênica.
Sintomas dos endometriomas
Os principais sintomas da endometriose são a infertilidade por anovulação, dor pélvica crônica e dismenorreia.
Porém, a intensidade e a prevalência de cada um desses sintomas variam muito de acordo com a severidade e o local das implantações de endométrio ectópico.
Nos endometriomas, a infertilidade acontece por anovulação e é um dos sintomas mais recorrentes e mais graves desencadeados pela presença dos endometriomas.
Outros sintomas como dismenorreia e dor pélvica crônica podem estar presentes, inclusive porque outros focos endometrióticos podem surgir simultaneamente, porém a infertilidade é um sintoma mais prevalente quando há endometriomas.
O tratamento depende do desejo de ter filhos ou não
Os endometriomas podem ser abordados por terapêuticas diferentes, de acordo com a severidade de cada caso e com o planejamento familiar da mulher.
O tratamento medicamentoso é recomendado aos casos mais brandos e normalmente é feito com contraceptivos orais combinados de estrogênio e progestagênios.
O uso prolongado dos contraceptivos tende a estabilizar a dinâmica hormonal e diminuir a disponibilidade de estrogênio, levando à involução dos endometriomas.
Essa abordagem terapêutica, no entanto, pode ter resultados lentos na remissão dos sintomas, já que o efeito dos contraceptivos é mais visÃvel a médio e longo prazo.
Além disso, é contraindicada nos casos mais severos, que não respondem positivamente ao tratamento hormonal, ou quando os cistos são muito numerosos e profundos. Além disso, nesse caso a mulher não consegue engravidar.
A escolha do tratamento depende diretamente também do planejamento familiar da mulher que busca acompanhamento médico para os endometriomas.
Nesses casos, a abordagem medicamentosa é desaconselhada por ser feita com contraceptivos e o mais indicado é a remoção cirúrgica dos endometriomas, por videolaparoscopia.
A videolaparoscopia é um procedimento minimamente invasivo, em que uma microcâmera é introduzida no canal abdominal por pequenas incisões próximas à virilha. A câmera fornece imagens em tempo real do interior da cavidade abdominal, que direcionam o processo de retirada dos endometriomas.
Este é um procedimento bastante delicado e que pode afetar a reserva ovariana, caso os cistos sejam grandes e numerosos. Por isso, podemos indicar o congelamento dos óvulos antes do procedimento.
Em alguns casos, porém, mesmo com o fim dos demais sintomas, a mulher continua encontrando dificuldades para engravidar.
Reprodução assistida
Os casos mais severos de infertilidade por endometriomas ou quando outros focos endometrióticos afetam o bom funcionamento tubário ou ainda quando há outros fatores de infertilidade associados, geralmente é indicada a FIV (fertilização in vitro).
A FIV é uma técnica de alta complexidade, em que óvulos e espermatozoides são coletados e a fecundação acontece em ambiente laboratorial, fora do corpo da mãe, com posterior transferência dos embriões para o útero materno.
A primeira etapa da FIV é a estimulação ovariana, com o objetivo de conseguir entre 10 e 15 óvulos num único ciclo menstrual, já que a fecundação é in vitro e essa estimulação não oferece risco de gestação múltipla.
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