Diagnóstico Precoce da Endometriose
A hereditariedade da endometriose já é conhecida há algum tempo. Calcula-se que, nestes casos, a incidência pode estar em até 6% nos parentes de primeiro grau. Dessa forma a doença já deve ser suspeitada quando mulheres com histórico de endometriose na família começarem a manifestar os primeiros sintomas, ainda que que eles se apresentem de forma suave, como cólica mais fortes e irregularidade menstrual.
Os exames necessários devem ser feitos para elucidação diagnóstica, assim quanto mais cedo se iniciar o tratamento, menor as chances de possíveis complicações.
A pouca divulgação sobre os sintomas e causas da endometriose fazem com que muitas mulheres acreditem ser normal ter cólica menstrual intensa, e convivam com o desconforto em vez de procurar por tratamento.
A endometriose tem cura?
Esta é uma pergunta feita com frequência pelas pacientes. O maior motivo para essa dúvida, talvez seja o grande número de mulheres que precisam realizar tratamentos longos e, em determinados casos, repetidos procedimentos cirúrgicos para solucionar este problema.
Como se trata de uma doença com várias causas, o tratamento para endometriose também não é único. O procedimento a ser seguido deve ser avaliado em cada caso, visando múltiplos parâmetros, tais como:
- Idade da Mulher: adolescente, idade fértil, perimenopausa;
- Quadro de dor;
- Em idade adequada, se possui com desejo reprodutivo futuro ou com prole constituída;
- Quadro de Infertilidade, com ou sem dor;
- Insucesso em tratamento clínico, ou recidiva pós-operatória;
- Classificação em grau e tipo da endometriose;
- Extensão a órgãos adjacentes e condições de risco;
O estudo desta doença leva à conclusão de vários protocolos, consensos e guidelines de tratamento seguidos por sociedades de especialista que objetivam focar o tratamento para os melhores resultados possíveis.
Estes indicam que o controle da dor, a remoção cirúrgica dos focos de tecido endometrial, a correção das sequelas cicatriciais e a normalização do funcionamento dos órgãos acometidos pela doença devem ser o foco do tratamento e procedimento escolhido.
Sabe-se que a Endometriose é uma doença estrogênio dependente, isso quer dizer, ela depende que o hormônio estrogênio esteja em circulação no organismo, logo ao promover o bloqueio hormonal com objetivo de suprimir a produção deste hormônio, tem-se uma remissão da doença. Este pode ser promovido de forma artificial provisória ou natural promovendo-se a gestação ou a menopausa.
Tratamento clínico com medicamentos
O tratamento clínico com anti-inflamatórios e pílulas anticoncepcionais antes de procedimentos cirúrgicos ajudam amenizar a dor, mas não curam a doença.
O tratamento hormonal tem como objetivo suspender a menstruação provocando uma menopausa temporária após a cirurgia tem demonstrado vantagens apenas em casos isolados e, por isto, não deve ser receitado como rotina, pois o tratamento medicamentoso isolado, sem cirurgia, não tem valor curativo definitivo.
Tratamento Cirúrgico
O tratamento da endometriose profunda sempre será cirúrgico. Feito por videolaparoscopia, é um procedimento extremamente complexo e exige médicos qualificados e experientes na prática deste tipo de intervenção.
A videolaparoscopia deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar que tenha pelo menos um ginecologista e um cirurgião geral que seja especializado em cirurgia pélvica. Toda a equipe envolvida deve ter conhecimento da abrangência e envolvimento da doença com outros órgãos.
O planejamento da cirurgia deve ser feito com antecedência para que a paciente possa tomar conhecimento das possíveis implicações, como por exemplo, a possibilidade de ressecção de uma parte do intestino, caso haja um comprometimento de várias camadas deste órgão, além de eventuais complicações. Tanto a paciente, como a equipe devem estar preparados para estas possibilidades.
Infertilidade e Endometriose
Todos os tipos e graus de endometriose podem e, na maioria dos casos, influenciam a fertilidade. Entretanto, frequentemente o diagnóstico não é evidente e acaba ficando como a última causa a ser avaliada no diagnóstica de infertilidade. Somente após passar certo período, onde foram realizados tratamentos sem sucesso, que a videolaparoscopia é indicada para concluir o diagnóstico.
A endometriose causa infertilidade pelos seguintes efeitos:
- Influencia o hormônio no processo de ovulação, e na implantação do embrião.
- Altera também os hormônios prolactina e as prostaglandinas que agem negativamente na fertilidade.
- Prejudica a liberação do óvulo dos ovários em direção às trompas.
- Interfere no transporte do óvulo pela trompa, tanto pela alteração inflamatória causada pela doença, como por aderências das trompas em outros órgãos, impossibilitando-as conseguirem se movimentar.
- Alterações imunológicas como alterações celulares responsáveis pela imunologia do organismo.
- O endométrio, tecido situado no interior da cavidade uterina, local onde o embrião se implanta, sofre a ação de substâncias produzidas pela endometriose que atrapalham a implantação do embrião.
- Alterações no desenvolvimento da gestação. Pode interferir no desenvolvimento embrionário e aumentar a taxa de abortamento.
O tratamento de Fertilização In Vitro pode evitar a ação da maioria destes mecanismos que atrapalham a fertilização, sendo uma ótima resolução para o problema.
Em caso de endometrioma, nestes casos é cirúrgico ? ou teria tratamento ?
Olá Francieli, tudo bem?!
São vários os fatores que nos indicam se a endometriose deve ou não ser operada.
Alguns deles é o tipo de endometriose, qualidade de vida da paciente em relação a dor, acometimento da doença, se existe infertilidade, e quais os objetivos da pacientes.
Devido a todos estes fatores a endometriose, assim como outras doenças, deve haver uma investigação mais aprofundada e de forma individualiza junto com o médico especialista deve ser dirigido o melhor tratamento para cada caso.
Forte abraço!