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Criptorquidia: diagnóstico e tratamento

por Dr. Augusto Bussab



"Para gerar uma nova vida, alguns fatores são essenciais, como o funcionamento adequado dos órgãos reprodutores de homens e mulheres, a saúde dos gametas (óvulos e espermatozoides) e o equilíbrio dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo. As mulheres, já nascem com um estoque de óvulos […]"
Criptorquidia: diagnóstico e tratamento

Para gerar uma nova vida, alguns fatores são essenciais, como o funcionamento adequado dos órgãos reprodutores de homens e mulheres, a saúde dos gametas (óvulos e espermatozoides) e o equilíbrio dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo.

As mulheres, já nascem com um estoque de óvulos para serem utilizados durante a fase fértil. Os óvulos primários, ou seja, imaturos, são armazenados nos folículos e ficam disponíveis nos ovários, as gônadas sexuais femininas, para serem utilizados durante os ciclos menstruais.

Os homens, por outro lado, produzem seus gametas, os espermatozoides, durante toda a vida desde a puberdade. Essa produção acontece nas gônadas masculinas, os testículos, que são protegidos pela bolsa testicular, responsável por mantê-los na temperatura ideal para o processo ser bem-sucedido.

Alterações podem, por exemplo, comprometer da quantidade dos gametas disponíveis à saúde deles, o que pode ser provocado por doenças adquiridas ou congênitas.

Os testículos são formados durante o desenvolvimento fetal. Inicialmente ficam abrigados na cavidade abdominal e nos últimos meses de gestação iniciam um movimento de descida para a bolsa testicular. No entanto, algumas vezes um ou ambos não descem, condição conhecida como criptorquidia, presente, portanto, desde o nascimento do menino.

Acompanhe a leitura do texto até o final para saber como são feitos diagnóstico e tratamento da criptorquidia e como a condição pode interferir na fertilidade masculina. Confira!

Diagnóstico da criptorquidia

A criptorquidia, também chamada de testículos não descidos, é comum em bebês prematuros, enquanto a ocorrência nos nascidos a termo é mais rara. Durante o desenvolvimento intrauterino, a descida dos testículos acontece de forma gradual nos dois últimos meses da gravidez.

Eles se deslocam da cavidade abdominal para a bolsa testicular pelo canal inguinal, localizado na virilha. Em bebês com criptorquidia esse processo pode ter sido interrompido ou ocorrer com atraso, apenas um ou ambos os testículos podem não descer.

A criptorquidia geralmente é diagnosticada na primeira consulta ao pediatra após o nascimento. O principal sintoma é a ausência do testículo na bolsa testicular, que pode ser percebida durante o exame clínico, com a palpação do local. Em casos raros, o bebê também pode sentir dor durante esse procedimento, provocada por processos infecciosos que afetam a região, mais suscetível.

A ciência ainda não conhece a causa exata da criptorquidia, porém, sabe-se que alguns fatores aumentam o risco, incluindo a genética, quando há casos registrados na família, e a saúde ou hábitos de vida maternos, como consumo excessivo de álcool e tabagismo durante a gravidez.

Tratamento da criptorquidia

Como o testículo não descido tende a mover-se naturalmente para a posição correta, geralmente a conduta é apenas expectante, ou seja, de observação do quadro. Porém, se em quatro meses não ocorrer o movimento natural, o problema deve ser corrigido cirurgicamente para evitar possíveis complicações no futuro, entre elas a infertilidade, câncer ou torsão testicular.

Em homens com criptorquidia bilateral esse risco é ainda maior, uma vez que a produção dos gametas acontece normalmente no testículo descido quando o problema é apenas unilateral, embora a concentração de espermatozoides no sêmen e a qualidade, nesse caso, sejam mais baixas e muitas vezes eles podem não estar presentes nas amostras coletadas, condição denominada azoospermia.

As chances de torsão testicular também são mais altas em homens que tiveram criptorquidia, o que também aumenta consequentemente as de infertilidade, uma vez que essa condição interrompe a irrigação sanguínea da região, o que pode levar, em casos mais graves, à morte do tecido testicular e à infertilidade permanente.

A infertilidade por criptorquidia, entretanto, tem tratamento na maioria dos casos, permitindo que homens tenham filhos biológicos.

Infertilidade e reprodução assistida

A reprodução assistida é o tratamento padrão para infertilidade como consequência da criptorquidia. Duas técnicas podem ser utilizadas, indicadas de acordo com o quadro de cada paciente.

Nos menos graves, por exemplo, o tratamento é feito por inseminação artificial (IA), técnica de baixa complexidade, em que a fecundação acontece naturalmente nas tubas uterinas. É indicada quando a criptorquidia causou pequenos danos na qualidade dos espermatozoides, uma vez que os melhores são selecionados por técnicas de preparo seminal.

Quando a mulher está no período fértil, as amostras de sêmen com os espermatozoides mais capacitados são inseridas em um cateter e depositadas no útero da parceira durante o período fértil.

Nos casos mais graves, por outro lado, é indicada a fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que a fecundação é realizada em ambiente laboratorial após a seleção dos melhores espermatozoides pelo preparo seminal e os embriões são transferidos ao útero depois de alguns dias de desenvolvimento, também em laboratório.

Durante o processo a saúde de cada espermatozoide é novamente avaliada e posteriormente ele é inserido diretamente no óvulo. Possibilitando, por exemplo, fecundar a quantidade de óvulos necessária mesmo quando há baixa concentração nas amostras.

Além disso, em homens com azoospermia, casos em que eles não estão presentes no sêmen, podem ser recuperados diretamente dos testículos ou epidídimos por diferentes métodos, capacitados pelo preparo seminal e utilizados na fecundação.

Há ainda a opção de contar com a doação de sêmen quando a gravidez com gametas próprios não for possível. Nesse caso, após a seleção do doador, as amostras também são submetidas ao preparo seminal e a fecundação é realizada com os óvulos da parceira.

Siga o link e leia o texto que aborda em detalhes a infertilidade masculina, doenças que podem resultar no problema e tratamentos mais indicados em cada caso!


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