Embora a menstruação seja um fenômeno natural, comum durante a idade reprodutiva das mulheres, o sangramento que ocorre de forma irregular ou fora do perÃodo menstrual, é classificado como sangramento uterino anormal.
A primeira menstruação marca o inÃcio da fase fértil, quando se iniciam os ciclos menstruais, diferentes alterações fisiológicas que preparam o corpo feminino para uma possÃvel gravidez, bem como a última anuncia o final dessa etapa reprodutiva, quando a mulher chega à menopausa.
É consequência da descamação do endométrio, um tecido epitelial altamente vascularizado que reveste o útero internamente, preparado nos ciclos menstruais para receber um possÃvel embrião formado na fecundação.
No endométrio o embrião se implanta para dar inÃcio a gravidez. Sua caracterÃstica vascularizada permite a troca de nutrientes com a mãe até a placenta ser formada. Nos ciclos em que a fecundação não acontece, descama originando a menstruação.
O sangramento uterino anormal, por sua vez, pode ser consequência de diversas condições que afetam as mulheres, inclusive durante a fase reprodutiva, perÃodo em que pode sugerir risco de infertilidade. A diversidade também está presente nos tipos de sangramento uterino classificados como anormais, por isso, nem sempre é simples identificar a causa provável.
Mostramos, neste texto, o que é considerado sangramento uterino anormal, destacando os tipos, causas, diagnóstico e tratamento. Confira!
Sangramento uterino anormal e possÃveis causas
As irregularidades menstruais estão entre os tipos de sangramento uterino anormal. O ciclo menstrual normal geralmente tem a duração de 28 dias, ou seja, como a menstruação marca o inÃcio de cada ciclo, a mulher costuma menstruar sempre nesse intervalo. Os ciclos em que a periodicidade é menor do que 21 dias ou maior do que 35 são considerados irregulares.
Ainda que seja comum mulheres na puberdade e pré-menopausa experimentarem essas irregularidades, quando ocorrem em outras etapas devem ser investigadas. Os outros tipos são associados ao fluxo menstrual, como a ausência de menstruação (amenorreia) ou aumento excessivo do fluxo, que normalmente é prolongado (menorragia), além do sangramento que ocorre entre os perÃodos menstruais e após as relações sexuais.
O sangramento uterino anormal, conhecido pela sigla SUA, pode ter como causa as seguintes condições:
- inflamação dos órgãos reprodutores: processos inflamatórios no endométrio (endometrite) e no colo do útero (cervicite) são uma causa comum de sangramento uterino anormal e na maioria das vezes consequência de infecções sexualmente transmissÃveis (ISTs), como clamÃdia e gonorreia, que também podem ter o sangramento como um dos sintomas;
- doenças uterinas: doenças uterinas como pólipos endometriais, miomas e adenomiose, estão entre as possÃveis causas de sangramento uterino anormal;
- sÃndrome dos ovários policÃsticos (SOP): um distúrbio hormonal, a SOP é fortemente associada à amenorreia, ausência de menstruação;
- cânceres de colo uterino e endométrio: o sangramento uterino anormal é um dos principais alertas para essas neoplasias;
- gravidez ectópica: o termo é utilizado para definir a gravidez em que o embrião se implanta fora do útero, geralmente em uma das tubas uterinas, órgãos em que a fecundação acontece. O sangramento uterino anormal é igualmente um alerta;
- implantação do embrião: algumas mulheres podem ter um leve sangramento quando o embrião se implanta no endométrio. É chamado sangramento de nidação, termo também utilizado em referência ao processo.
Ao observar qualquer tipo de sangramento uterino anormal é importante procurar um especialista para investigar as causas. As condições que provocam o problema podem ser prejudiciais à saúde geral e reprodutiva.
Quais as consequências do sangramento uterino anormal?
A maioria das condições que causam sangramento uterino anormal são associadas à fatores de infertilidade feminina. Por exemplo, as inflamações nos órgãos reprodutores podem interferir no preparo adequado do endométrio durante os ciclos menstruais, levando a falhas na implantação do embrião e abortamento.
Pólipos e alguns tipos de miomas também podem levar à perda da gravidez. Ambos interferem na implantação do embrião ou causam distorções anatômicas no útero em tamanho ou quantidades maiores, dificultando ou impedindo nesse caso a sustentação da gravidez.
Já a SOP é associada a distúrbios ovulatórios, como a ovulação irregular (oligovulação), que acontece apenas em alguns ciclos, ou ausente (anovulação). Ovulação é o evento em que os ovários liberam um óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide e gerar a primeira célula do embrião. Nos ciclos em que acontece, a qualidade do óvulo pode ser igualmente impactada, resultando em embriões com a saúde comprometida que não conseguem se implantar.
A gravidez ectópica, por outro lado, em situações menos graves geralmente leva à remoção da tuba afetada, dificultando a gravidez no futuro, bem como oferece risco de morte se a tuba romper, igualmente associado ao tratamento tardio das neoplasias uterinas.
Para investigar as causas do sangramento uterino anormal e determinar o tratamento mais adequado para cada paciente, são realizados diferentes exames, laboratoriais e de imagem.
Os laboratoriais têm como objetivo identificar a presença de bactérias e avalias os nÃveis hormonais, enquanto os de imagem analisam os órgãos reprodutores identificando pólipos, miomas, adenomiose, múltiplos cistos ovarianos caracterÃsticos da SOP, quando estão presentes, inflamações e neoplasias.
Após os tratamentos primários, a fertilidade é restaurada em boa parte dos casos, possibilitando a gravidez de forma natural. Porém, quando as condições que provocaram o sangramento uterino anormal resultaram em maiores danos à fertilidade, é possÃvel obter a gravidez com auxÃlio da reprodução assistida.
Infertilidade e reprodução assistida
A técnica indicada para o tratamento de infertilidade por fatores mais graves é a fertilização in vitro (FIV), mais avançada da reprodução assistida. O tratamento é realizado em diferentes etapas, duas delas em ambiente laboratorial, de forma controlada, a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões.
Os óvulos são coletados para a fecundação e os melhores selecionados, contornando os problemas de má qualidade. Após serem formados, os embriões são acomodados em incubadoras em que podem se desenvolver por até seis dias e depois transferidos diretamente ao útero materno.
Antes da transferência é possÃvel garantir o preparo adequado do endométrio e, assim, minimizar falhas na implantação e abortamento.
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