Doenças venéreas, em referência à Vênus, deusa do amor, foi a denominação que as doenças transmitidas pelo sexo receberam inicialmente. Na década de 1980, entretanto, todas as afecções transmitidas sexualmente, independentemente do agente transmissor, passaram a ser classificadas pela nomenclatura DST (doença sexualmente transmissÃvel).
O D foi substituÃdo pelo I de infecções recentemente e a nomenclatura passou a ser IST (infecção sexualmente transmissÃvel. A alteração foi proposta inicialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por entender que doenças implicam em sinais e sintomas, enquanto as infecções podem ter perÃodos assintomáticos ou manter essa caracterÃstica por muito tempo.
No Brasil, passou a ser utilizada apenas a partir de 2016, por isso, ainda é pouco conhecida pela maioria das pessoas.
A caracterÃstica assintomática das ISTs é um dos fatores que contribuem para a disseminação, bem como sugere maiores riscos para a saúde geral e reprodutiva, uma vez que diagnóstico e tratamento tendem a ser feitos tardiamente.
Mostramos, neste texto, quais as principais ISTs relacionadas à infertilidade feminina e masculina, e o porquê dessa relação. Continue a leitura até o final e saiba tudo sobre o assunto. Confira!
ISTs que podem causar infertilidade
Embora as ISTs tenham sido praticamente erradicadas, os hábitos das sociedades atuais as tornaram novamente disseminadas e hoje são consideradas um problema de saúde pública mundial. O aumento da atividade sexual entre adolescentes é apontado como um dos principais fatores para essa disseminação.
As ISTs são transmitidas pela relação sexual desprotegida com pessoas contaminadas. A transmissão pode ocorrer pelo seja o sexo vaginal, anal, oral, pelo contato com os genitais e secreções contaminadas, mesmo que não exista penetração e durante o compartilhamento de objetos sexuais. As mães podem igualmente transmiti-las aos seus filhos durante o parto e amamentação.
Embora qualquer pessoa com a vida sexual ativa, que pratica sexo sem nenhum tipo de proteção, possa ser infectada, alguns grupos são considerados de maior risco, incluindo os jovens entre 15 e 24 anos, independentemente da opção sexual. Os outros são:
- pessoas com parceiros novos;
- pessoas que tenham mais de um parceiro sexual;
- pessoas com histórico de outras ISTs.
Entre as ISTs mais prevalentes, duas apresentam os maiores Ãndices de contaminação e são exatamente as relacionadas à infertilidade, a clamÃdia e a gonorreia, causadas respectivamente pelas bactérias Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, que muitas vezes ocorrem em associação.
Ainda que geralmente sejam assintomáticas, ambas podem apresentar sintomas, que surgem cerca de duas semanas após a contaminação. Veja abaixo;
PossÃveis sintomas da clamÃdia nas mulheres
- micção urgente e frequente;
- queimação e dor ao urinar;
- corrimento amarelado e com odor forte;
- sangramento entre os perÃodos menstruais;
- dor abdominal;
- dor após as relações sexuais;
- inchaço na vagina e ao redor do ânus;
- febre baixa.
PossÃveis sintomas da clamÃdia nos homens
- micção urgente e frequente;
- queimação e dor ao urinar;
- secreção aquosa e leitosa;
- inchaço e sensibilidade testicular;
- dor testicular;
- irritação no ânus;
- sangramento retal.
PossÃveis sintomas da gonorreia nas mulheres
- dor ao urinar;
- corrimento vaginal aumentado;
- sangramento entre os perÃodos menstruais;
- sangramento após a relação sexual;
- dor durante a relação sexual;
- dor abdominal.
PossÃveis sintomas da gonorreia nos homens
- dor ao urinar;
- secreção semelhante ao pus;
- dor ou inchaço em um testÃculo.
Observar a presença de um ou mais sintomas é um importante recurso para garantir o diagnóstico precoce. O tratamento dessas ISTs é bastante simples, os danos à fertilidade ocorrem com a permanência das bactérias.
Relação das ISTS com a infertilidade
A principal consequência da clamÃdia e gonorreia é a DIP (doença inflamatória pélvica), que, como o nome indica, pode causar inflamações nos órgãos reprodutores localizados nessa região. Entenda melhor as consequências dessa condição para a fertilidade de mulheres e homens:
Mulheres
Quando as bactérias atingem o útero, podem causar a inflamação do colo uterino, cervicite, ou do endométrio, endometrite. Em ambos os casos o processo inflamatório interfere no preparo endometrial, levando a falhas na implantação do embrião e abortamento. Além disso, pode levar à formação de aderências, que tendem a distorcer a anatomia do órgão dificultando ou impedindo a sustentação da gravidez, resultando da mesma forma em perda.
Na tubas uterinas, salpingite, provoca o acúmulo de lÃquido em uma ou ambas (hidrossalpinge) e, assim, obstruções que impedem o transporte dos gametas e consequentemente a fecundação. O problema pode ainda ocorrer se houver a formação de aderências.
Já nos ovários, ooforite, interfere na qualidade do óvulo e no processo de desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos, que contêm o óvulo imaturo, bem como aderências podem impedir a liberação do óvulo na ovulação. O resultado são quadros de oligovulação, ovulação irregular ou anovulação, ovulação ausente, que dificultam ou impedem a fecundação.
Homens
Nos homens as principais consequências da DIP são a orquite, inflamação dos testÃculos, interferindo na produção de espermatozoides, que acontece nos túbulos seminÃferos localizados nos lóbulos testiculares e na qualidade; epididimite, inflamação dos epidÃdimos, ductos em que amadurecem após serem produzidos e os transporta para serem ejaculados; as aderências podem obstruir o transporte.
As duas situações causam a ausência de espermatozoides no sêmen, condição denominada azoospermia, considerada uma das causas mais comuns de infertilidade masculina.
Ainda que essas ISTs possam causar diferentes impactos à saúde reprodutiva, a gravidez pode ser obtida com auxÃlio da reprodução assistida.
Tratamento e reprodução assistida
O tratamento da clamÃdia e gonorreia é bastante simples, realizado por antibióticos prescritos de acordo com o tipo de bactéria, identificado por exames de sangue, urina, ou análise das secreções. No entanto, os danos causados por elas não são reparados.
Quando há quadros de infertilidade consequente de ISTs, a técnica indicada para auxiliar a gravidez é a fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Na FIV com ICSI, a fecundação acontece em ambiente laboratorial, dispensando a função das tubas uterinas, contornando possÃveis obstruções tubárias. Óvulos e espermatozoides são previamente coletados e selecionados para o processo, solucionando problemas de má qualidade.
Durante a fecundação, cada espermatozoide, depois ter a saúde novamente confirmada é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, aumentando as chances de sucesso quando o quadro é de oligozoospermia.
Em homens com azoospermia, por outro lado, os espermatozoides podem ser coletados diretamente dos testÃculos ou epidÃdimos, selecionados e usados na fecundação.
Os embriões formados na fecundação são transferidos ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento. Antes da transferência, o endométrio pode ser devidamente preparado por medicamentos hormonais, minimizando as falhas nas implantação e abortamento.
A FIV permite contornar, portanto, os danos provocados pelas ISTs, com percentuais de sucesso gestacional bastante expressivos. Antes, porém, a infecção deve estar totalmente curada.
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