A fertilidade é uma questão complexa influenciada por vários fatores, incluindo o funcionamento adequado dos órgãos reprodutores de mulheres e homens, o equilÃbrio dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo e a saúde dos gametas, óvulos e espermatozoides.
No caso masculino, alguns elementos especÃficos devem ser ainda observados, como por exemplo a qualidade seminal. Sêmen é o fluido liberado do pênis durante a ejaculação, que contém os espermatozoides e vários outros componentes que os sustentam e nutrem.
Os principais componentes do sêmen são:
- espermatozoides: células sexuais masculinas também denominadas gametas;
- fluido seminal: o produzido pela vesÃculas seminais, compõe a maior parte do volume do sêmen. De aparência viscosa, cinza-esbranquiçado, protege os espermatozoides e facilita o transporte durante a jornada no organismo feminino e contém nutrientes importantes, como frutose, um tipo de açúcar que fornece energia aminoácidos, vitaminas e minerais;
- lÃquido prostático: produzido pela próstata, é um lÃquido leitoso que contém enzimas, ácido cÃtrico e zinco, componentes importantes para a motilidade (movimento) dos espermatozoides; tem um pH levemente alcalino, o que ajuda a neutralizar o ambiente ácido da vagina criando um ambiente mais favorável para a sobrevivência e motilidade;
- secreções das glândulas bulbouretrais: As glândulas bulbouretrais, também conhecidas como glândulas de Cowper, secretam um fluido claro e escorregadio que lubrifica a uretra e neutraliza qualquer acidez residual da urina. Essas secreções são liberadas antes da ejaculação e ajudam a preparar a uretra para a passagem dos espermatozoides.
As ações combinadas desses componentes auxiliam no transporte, proteção e nutrição dos espermatozoides, aumentando as chances de a fecundação ser bem-sucedida. Por outro lado, a saúde dos gametas masculinos é essencial nesse processo e a morfologia espermática é um dos principais parâmetros necessários.
Mostramos, neste texto, o que é morfologia espermática, como ela é avaliada, quais os parâmetros necessários à saúde dos gametas e as consequências de alterações. Continue a leitura até o final e confira!
O que são espermatozoides?
Os espermatozoides são as células sexuais ou gametas masculinos, ou seja, carregam as informações genéticas dos homens que vão ser transmitidas para as futuras gerações. São produzidos nos testÃculos, as gônadas sexuais, em estruturas enoveladas denominadas túbulos seminÃferos, localizadas em cada lóbulo testicular.
Depois de produzidos, são transportados aos epidÃdimos, ductos em que amadurecem e permanecem abrigados até que ocorra o estÃmulo sexual, quando são transportados aos ductos deferentes recebendo os lÃquidos que formam o sêmen, ejaculatórios e lançados na uretra para serem expelidos pelo pênis.
Um espermatozoide completo teve ter cabeça, em que que fica armazenado o núcleo com as informações genéticas, peça intermediária e cauda ou flagelo, que permite o movimento pelo organismo feminino.
O que é morfologia espermática?
Morfologia espermática é o termo usado em referência ao tamanho, forma e estrutura dos espermatozoides. É um parâmetro avaliado pelo espermograma, exame padrão para analisar a fertilidade masculina, que examina ainda fatores como a contagem e concentração dos gametas no sêmen, motilidade ou movimento e qualidade seminal, incluindo volume e pH.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu valores de referência para a morfologia normal do espermatozoide. O sistema mais comum usado é o critério estrito de Kruger, que os classifica em formas normais e anormais percentualmente com base em caracterÃsticas especÃficas, como por exemplo, o formato da cabeça que deve ser oval regular.
De acordo com os critérios da OMS, uma amostra de sêmen é considerada com morfologia espermática normal se pelo menos 4% dos espermatozoides, 4 em cada 100, apresentarem forma e estrutura normais. A análise é feita por um microscópio de alta magnificação e quando os percentuais apontados são inferiores à 4% a condição é conhecida como teratozoospermia.
A teratozoospermia, bem como outras alterações nos gametas masculinos, sugerem condições de saúde subjacentes, que podem afetar da quantidade de espermatozoides produzidos à sua capacidade de alcançar e fertilizar um óvulo.
Entre as mais comuns, que interferem na saúde dos espermatozoides, pode-se citar a varicocele, em que há a formação de varizes testiculares e processos inflamatórios no sistema reprodutor masculino, incluindo orquite, dos testÃculos, epididimite, dos epidÃdimos e prostatite, da próstata, geralmente causados por infecções sexualmente transmissÃveis (ISTs), como clamÃdia e gonorreia.
Espermatozoides com má qualidade resultam em anormalidades cromossômicas, levando à formação de embriões com a saúde comprometida, que não conseguem se implantar no endométrio, camada interna uterina em que se fixam para dar inÃcio à gestação. Dessa forma, ocorrem falhas e abortamento.
No entanto, apesar de alterações na morfologia espermática dificultarem ou impedirem a gravidez natural, sendo uma possÃvel causa de infertilidade masculina, ainda é possÃvel ter filhos biológicos com auxÃlio da reprodução assistida.
Infertilidade por morfologia espermática e reprodução assistida
Duas técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas para o tratamento da infertilidade masculina por morfologia espermática, a inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
A IA, geralmente é mais adequada quando há apenas pequenas alterações na morfologia. Os melhores espermatozoides são selecionados por técnicas de preparo seminal e inseridos em um cateter e depositados diretamente no útero da parceira durante seu perÃodo fértil.
Já nos casos em que as alterações são mais graves, o tratamento é feito por FIV com ICSI, técnica em que a fecundação acontece em ambiente laboratorial.
Na FIV com ICSI, além de os melhores espermatozoides serem selecionados pelo preparo seminal, cada um é novamente avaliado por um microscópio de alta magnificação e depois de ter a saúde confirmada é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, aumentando as chances de a fecundação ser bem-sucedida.
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