Clamídia e infertilidade: você conhece a relação?

A infertilidade é um problema global que afeta tanto homens como mulheres. Além da idade, um dos fatores que mais causam infertilidade são as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), principalmente a gonorreia e a clamídia.

Muitas doenças que causam infertilidade são transmitidas por contato sexual, e é exatamente por isso que a prevenção, além dos exames periódicos, especialmente para quem está em uma idade sexualmente ativa, são tão importantes.

Além das chances de infertilidade, as ISTs também podem provocar diversos sintomas e até problemas mais graves, prejudicando a qualidade de vida de homens e mulheres.

O tratamento para a clamídia – e para qualquer das ISTs, especialmente envolvidas com casos de infertilidade – precisam ser tratadas de forma precoce para evitar sequelas mais graves e permanentes. Isso não somente para os casais que estão tentando engravidar de forma natural, mas também àqueles que receberam indicação para a reprodução assistida.

Neste texto iremos abordar com mais detalhes a relação entre a infertilidade e a clamídia e como esta doença sexualmente transmissível, apesar de pouco conhecida, pode levar tanto homens quanto mulheres a quadros de infertilidade.

O que é clamídia?

A clamídia é uma doença infecciosa causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Esta infecção é responsável por muitos casos de infertilidade, tanto masculina como feminina, e pode causar diferentes doenças ao afetar órgãos variados.

Nos homens, a clamídia afeta inicialmente a uretra, causando uma uretrite. Quando não identificada e tratada a tempo, ela pode se espalhar e atingir outras regiões do aparelho reprodutivo masculino causando infertilidade. Normalmente isso acontece quando a infecção chega aos testículos, provocando orquite e quando afeta os epidídimos, o que leva a uma quadro maior de epididimite.

Já nas mulheres, a clamídia produz alterações inicialmente no canal vaginal e colo do útero, mas pode chegar ao útero e às tubas uterinas, prejudicando a fertilidade.

Nestes casos, a mulher pode encontrar dificuldades para engravidar porque a doença formou obstruções no trajeto das tubas, além de problemas para manter a gestação no primeiro trimestre, caso o endométrio esteja também infectado.

Os casos mais graves e quanto a mulher não busca atendimento médico e tratamento a tempo, a infecção e o processo inflamatório decorrente dela podem propiciar um quadro mais grave de DIP (doença inflamatória pélvica).

Quais são os sintomas da clamídia?

A clamídia pode ser assintomática nas primeiras fases da doença, o que faz com que o homem e a mulher contaminados só percebam o problema ao iniciar as tentativas para ter filhos e não conseguir uma gravidez.

Mesmo assim, em alguns casos ela pode apresentar sintomas como:

• Dor ao urinar;
• Vontade constante de urinar;
• Secreção esbranquiçada na região genital;
• Sangramento anormal, fora do período menstrual;
• Infertilidade.

Qual a relação entre a clamídia e a infertilidade?

Como foi mencionado, dependendo da extensão da infecção causada pela clamídia, bem como das estruturas afetadas, tanto homens como mulheres podem apresentar infertilidade em decorrência da doença.

A clamídia está entre as ISTs que mais causa infertilidade e isso acontece porque muitas vezes as etapas iniciais da doença são assintomáticas e a pessoa só busca atendimento médico quando tenta ter filhos e não consegue.

Nas mulheres, a infertilidade causada pela clamídia pode acontecer quando a infecção chega às tubas uterinas, causando obstrução no canal de passagem e impedindo tanto o trânsito dos espermatozoides para a fecundação, como também a saída do embrião para o útero, local mais adequado para que a nidação – e o início da gestação propriamente dita – aconteça,

Nos homens a clamídia costuma causar infertilidade quando consegue chegar até os epidídimos. Os epidídimos são estruturas responsáveis por armazenar e servir de passagem para os espermatozoides, que produzidos nos testículos, devem integrar o sêmen antes da ejaculação.

Nos casos em que a clamídia provoca epididimite, a infecção e o processo inflamatório levam a formação de obstruções nesses ductos, impedindo que os espermatozoides integrem o sêmen e provocando um quadro de azoospermia obstrutiva.

Os casos mais graves podem prejudicar também os próprios testículos, interrompendo a produção de espermatozoides e provocando infertilidade masculina permanente, já que nem sempre é possível reverter a infertilidade nos casos de orquite.

Como é feito o diagnóstico da clamídia?

O diagnóstico para a infecção causada pela clamídia tem início com a abordagem dos sintomas apresentados, quando presentes, o que ocorre normalmente na primeira consulta médica.

Exames clínicos como a palpação interna e externa da pélvis e a observação do colo do útero também podem ser realizados nessa ocasião. Quando há suspeita de clamídia, são então solicitados exames laboratoriais que confirmem o quadro.

Entre eles, destacamos as testagens que identificam a clamídia e outras bactérias eventualmente presentes no trato reprodutivo, que costumam ser feitas com a análise das secreções presentes na região genital, além de testes sanguíneos e de urina com o mesmo objetivo.

Para os homens, é importante também realizar o espermograma, que identifica as alterações espermáticas que podem ser decorrentes da clamídia. No caso das mulheres, exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal também podem auxiliar no diagnóstico, identificando principalmente alterações endometriais e tubárias.

Quais são as possibilidades de tratamento para a clamídia?

O tratamento para a clamídia envolve normalmente a utilização de antibióticos. Como a clamídia pode ser uma doença silenciosa, o tratamento pode ser feito apenas depois de algum tempo da infecção. Nesses casos, pode acontecer de, mesmo após a eliminação da infecção, as sequelas da doença deixarem a pessoa infértil.

Nesses casos, se a pessoa ainda deseja ter filhos e está em idade fértil, ela pode recorrer às técnicas de reprodução assistida para conseguir engravidar.

Especificamente a FIV (fertilização in vitro), é uma técnica de reprodução assistida capaz de coletar os gametas, tanto masculinos como femininos, diretamente dos órgãos produtores e efetuar a fecundação em ambiente laboratorial, contornando assim os problemas espermáticos causados pela doença.

Além disso, a FIV também dispensa a saúde tubária para conseguir uma gestação, já que a fecundação é feita fora do corpo da mulher e os embriões são transferidos diretamente para o útero.

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