A maior parte dos casos de infertilidade masculina é decorrente de alterações seminais, que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar a gestação.
O sêmen, ou lÃquido ejaculado, é uma mistura que contém tanto as células reprodutivas masculinas – espermatozoides –, quanto os lÃquidos produzidos pelas glândulas anexas aos sistema reprodutivo masculino, cuja função é nutrir, proteger e conduzir os espermatozoides.
As principais alterações seminais, que acarretam prejuÃzos à fertilidade dos homens, são identificadas pelo espermograma e podem ser listadas conforme segue:
- Azoospermia: ausência de espermatozoides no sêmen;
- Oligozoospermia: baixa concentração de espermatozoides no sêmen;
- Astenozoospermia: poucos espermatozoides com motilidade normal;
- Teratozoospermia: muitos espermatozoides com alterações morfológicas;
- Necrozoospermia: alto percentual de espermatozoides mortos;
- Leucocitospermia: presença de um número anormal de leucócitos no sêmen.
Outras alterações, menos comuns, mas não por isso menos danosas à fertilidade dos homens, podem estar relacionadas a um aumento na taxa de fragmentação do DNA espermático, condição não identificada pelo espermograma, apenas pelo teste de fragmentação do DNA espermático.
Problemas com a estabilidade genética dos gametas podem ser silenciosos e estar por trás de muitos casos de infertilidade, por isso, este texto tem como objetivo apresentar o que é a fragmentação do DNA espermático, como essa condição pode afetar a fertilidade masculina e quais as principais formas de tratamento, especialmente com a reprodução assistida.
Aproveite a leitura!
Do que são feitos os espermatozoides?
As células reprodutivas masculinas, chamadas espermatozoides, são delimitadas externamente por uma membrana plasmática ou celular e contém, em seu meio intracelular material genético também envolvido por uma membrana, e outras organelas, incluindo ribossomos e mitocôndrias.
Contudo, especialmente por serem células reprodutivas, os espermatozoides têm caracterÃsticas peculiares, que diferenciam esse tipo celular das demais células somáticas: a presença de um pronúcleo com metade do DNA humano localizado na cabeça do espermatozoide, que também contém um acrossomo, em uma de suas extremidades, e uma cauda, que dá motilidade a essa célula, na outra extremidade.
O que é DNA espermático?
O principal ponto de diferenciação entre as células reprodutivas – masculinas e femininas – e as demais células somáticas é a quantidade de material genético que cada forma celular carrega.
O DNA humano é composto por 22 pares de cromossomos somáticos e 1 par de cromossomos sexuais, totalizando 23 pares ou 46 cromossomos.
Enquanto as células somáticas – ou seja, todas as células humanas, exceto as reprodutivas – contêm todos os pares de cromossomos, os gametas ou células reprodutivas contêm apenas um cromossomo de cada par, totalizando metade do DNA humano no interior do pronúcleo.
Quando a fecundação acontece, o espermatozoide penetra o óvulo e rompe para liberar o pronúcleo no meio intracelular, em contato com o pronúcleo do gameta feminino.
A fusão entre os pronúcleos faz com que os cromossomos espermáticos busquem seus pares nos cromossomos ovulares. Esse pareamento forma um DNA humano completo, permitindo a formação de uma nova vida.
O que é fragmentação do DNA espermático?
O excesso de radicais livres provocado por um aumento no estresse oxidativo, normalmente resultado de doenças ou de hábitos de vida estressantes e não saudáveis, pode danificar tanto a membrana celular que envolve os espermatozoides quanto o próprio material genético dessas células.
Quando a membrana celular é danificada, pode romper e liberar o material genético contido em seu interior, que se mistura ao sêmen. Esse material genético é, então, fragmentado, também pela ação dos radicais livres e por isso pode ser identificado por exames laboratoriais.
A fragmentação do DNA espermático é uma das causas de infertilidade masculina e pode ser provocada pelos seguintes fatores:
- Idade;
- Quimioterapia;
- Exposição à radiação;
- Leucocitospermia;
- Tabagismo;
- Varicocele;
- ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis);
- Obesidade;
- Alimentação inadequada;
- Uso de substâncias pró-inflamatórias.
Os espermatozoides que tiveram seu DNA fragmentado e exposto ao sêmen ficam inutilizáveis para fecundação, por isso, quando existe uma grande concentração de fragmentos de DNA espermático no lÃquido ejaculado, esse é um sinal de que a fecundação pode estar sendo prejudicada.
Como é feito o diagnóstico para fragmentação do DNA espermático?
No processo de investigação para as causas da infertilidade masculina, o espermograma é um dos exames centrais, utilizado para identificar alterações seminais, especialmente espermáticas, relacionadas à quantidade e concentração de espermatozoides, bem como sua capacidade de motilidade e a integridade de sua morfologia.
As alterações relacionadas à fragmentação do DNA espermático, no entanto, não podem ser identificadas por este exame. Assim, nos casos em que o espermograma não mostra alterações e o homem continua apresentando dificuldades para engravidar, é possÃvel realizar outros exames que busquem respostas mais efetivas para a infertilidade masculina.
O teste de fragmentação do DNA espermático é o exame de excelência para identificar essas anomalias, e pode ser feito pelo método TUNEL ou pelo teste de estrutura da cromatina.
Pelo método TUNEL é possÃvel quantificar o número de espermatozoides com DNA danificado e o teste de estrutura da cromatina observa o volume de fragmentos de DNA espermático dispersos no sêmen.
É possÃvel tratar a fragmentação do DNA espermático?
As indicações de tratamentos para essa condição dependem principalmente dos diagnósticos que levaram ao quadro.
Antibióticos podem ser prescritos para os casos em que a fragmentação é resultado de ISTs ou outras infecções, como orquite e epididimite. Os tratamentos devem ser feitos de forma individualizada.
Ao uso de substâncias como álcool e tabaco, ou exposição à radiação e outras substâncias tóxicas, recomenda-se a interrupção e mudanças no estilo de vida.
Quando as causas dessa condição não são identificadas ou os tratamentos anteriores não resultaram na reversão do quadro de infertilidade masculina, a reprodução assistida pode ser indicada.
Como a reprodução assistida pode auxiliar?
A FIV (fertilização in vitro) é a técnica mais indicada para o tratamento da infertilidade masculina por fragmentação do DNA espermático.
Nessa técnica, é possÃvel obter espermatozoides Ãntegros diretamente dos epidÃdimos (PESA e MESA) e dos túbulos seminÃferos (TESE e Micro–TESE), e realizar a fecundação por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
A aplicação do PGT (teste genético pré–implantacional), que só é possÃvel com a FIV, também diminui as chances de que sejam transferidos embriões com problemas genéticos, derivados da instabilidade genética dos espermatozoides.
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