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O que é a fragmentação do DNA espermático?

por Dr. Augusto Bussab



"A maior parte dos casos de infertilidade masculina é decorrente de alterações seminais, que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar a gestação. O sêmen, ou líquido ejaculado, é uma mistura que contém tanto as células reprodutivas masculinas – espermatozoides –, quanto os líquidos produzidos pelas […]"
O que é a fragmentação do DNA espermático?

A maior parte dos casos de infertilidade masculina é decorrente de alterações seminais, que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar a gestação.

O sêmen, ou líquido ejaculado, é uma mistura que contém tanto as células reprodutivas masculinas – espermatozoides –, quanto os líquidos produzidos pelas glândulas anexas aos sistema reprodutivo masculino, cuja função é nutrir, proteger e conduzir os espermatozoides.

As principais alterações seminais, que acarretam prejuízos à fertilidade dos homens, são identificadas pelo espermograma e podem ser listadas conforme segue:

  • Azoospermia: ausência de espermatozoides no sêmen;
  • Oligozoospermia: baixa concentração de espermatozoides no sêmen;
  • Astenozoospermia: poucos espermatozoides com motilidade normal;
  • Teratozoospermia: muitos espermatozoides com alterações morfológicas;
  • Necrozoospermia: alto percentual de espermatozoides mortos;
  • Leucocitospermia: presença de um número anormal de leucócitos no sêmen.

Outras alterações, menos comuns, mas não por isso menos danosas à fertilidade dos homens, podem estar relacionadas a um aumento na taxa de fragmentação do DNA espermático, condição não identificada pelo espermograma, apenas pelo teste de fragmentação do DNA espermático.

Problemas com a estabilidade genética dos gametas podem ser silenciosos e estar por trás de muitos casos de infertilidade, por isso, este texto tem como objetivo apresentar o que é a fragmentação do DNA espermático, como essa condição pode afetar a fertilidade masculina e quais as principais formas de tratamento, especialmente com a reprodução assistida.

Aproveite a leitura!

Do que são feitos os espermatozoides?

As células reprodutivas masculinas, chamadas espermatozoides, são delimitadas externamente por uma membrana plasmática ou celular e contém, em seu meio intracelular material genético também envolvido por uma membrana, e outras organelas, incluindo ribossomos e mitocôndrias.

Contudo, especialmente por serem células reprodutivas, os espermatozoides têm características peculiares, que diferenciam esse tipo celular das demais células somáticas: a presença de um pronúcleo com metade do DNA humano localizado na cabeça do espermatozoide, que também contém um acrossomo, em uma de suas extremidades, e uma cauda, que dá motilidade a essa célula, na outra extremidade.

O que é DNA espermático?

O principal ponto de diferenciação entre as células reprodutivas – masculinas e femininas – e as demais células somáticas é a quantidade de material genético que cada forma celular carrega.

O DNA humano é composto por 22 pares de cromossomos somáticos e 1 par de cromossomos sexuais, totalizando 23 pares ou 46 cromossomos.

Enquanto as células somáticas – ou seja, todas as células humanas, exceto as reprodutivas – contêm todos os pares de cromossomos, os gametas ou células reprodutivas contêm apenas um cromossomo de cada par, totalizando metade do DNA humano no interior do pronúcleo.

Quando a fecundação acontece, o espermatozoide penetra o óvulo e rompe para liberar o pronúcleo no meio intracelular, em contato com o pronúcleo do gameta feminino.

A fusão entre os pronúcleos faz com que os cromossomos espermáticos busquem seus pares nos cromossomos ovulares. Esse pareamento forma um DNA humano completo, permitindo a formação de uma nova vida.

O que é fragmentação do DNA espermático?

O excesso de radicais livres provocado por um aumento no estresse oxidativo, normalmente resultado de doenças ou de hábitos de vida estressantes e não saudáveis, pode danificar tanto a membrana celular que envolve os espermatozoides quanto o próprio material genético dessas células.

Quando a membrana celular é danificada, pode romper e liberar o material genético contido em seu interior, que se mistura ao sêmen. Esse material genético é, então, fragmentado, também pela ação dos radicais livres e por isso pode ser identificado por exames laboratoriais.

A fragmentação do DNA espermático é uma das causas de infertilidade masculina e pode ser provocada pelos seguintes fatores:

  • Idade;
  • Quimioterapia;
  • Exposição à radiação;
  • Leucocitospermia;
  • Tabagismo;
  • Varicocele;
  • ISTs (infecções sexualmente transmissíveis);
  • Obesidade;
  • Alimentação inadequada;
  • Uso de substâncias pró-inflamatórias.

Os espermatozoides que tiveram seu DNA fragmentado e exposto ao sêmen ficam inutilizáveis para fecundação, por isso, quando existe uma grande concentração de fragmentos de DNA espermático no líquido ejaculado, esse é um sinal de que a fecundação pode estar sendo prejudicada.

Como é feito o diagnóstico para fragmentação do DNA espermático?

No processo de investigação para as causas da infertilidade masculina, o espermograma é um dos exames centrais, utilizado para identificar alterações seminais, especialmente espermáticas, relacionadas à quantidade e concentração de espermatozoides, bem como sua capacidade de motilidade e a integridade de sua morfologia.

As alterações relacionadas à fragmentação do DNA espermático, no entanto, não podem ser identificadas por este exame. Assim, nos casos em que o espermograma não mostra alterações e o homem continua apresentando dificuldades para engravidar, é possível realizar outros exames que busquem respostas mais efetivas para a infertilidade masculina.

O teste de fragmentação do DNA espermático é o exame de excelência para identificar essas anomalias, e pode ser feito pelo método TUNEL ou pelo teste de estrutura da cromatina.

Pelo método TUNEL é possível quantificar o número de espermatozoides com DNA danificado e o teste de estrutura da cromatina observa o volume de fragmentos de DNA espermático dispersos no sêmen.

É possível tratar a fragmentação do DNA espermático?

As indicações de tratamentos para essa condição dependem principalmente dos diagnósticos que levaram ao quadro.

Antibióticos podem ser prescritos para os casos em que a fragmentação é resultado de ISTs ou outras infecções, como orquite e epididimite. Os tratamentos devem ser feitos de forma individualizada.

Ao uso de substâncias como álcool e tabaco, ou exposição à radiação e outras substâncias tóxicas, recomenda-se a interrupção e mudanças no estilo de vida.

Quando as causas dessa condição não são identificadas ou os tratamentos anteriores não resultaram na reversão do quadro de infertilidade masculina, a reprodução assistida pode ser indicada.

Como a reprodução assistida pode auxiliar?

A FIV (fertilização in vitro) é a técnica mais indicada para o tratamento da infertilidade masculina por fragmentação do DNA espermático.

Nessa técnica, é possível obter espermatozoides íntegros diretamente dos epidídimos (PESA e MESA) e dos túbulos seminíferos (TESE e Micro–TESE), e realizar a fecundação por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).

A aplicação do PGT (teste genético pré–implantacional), que só é possível com a FIV, também diminui as chances de que sejam transferidos embriões com problemas genéticos, derivados da instabilidade genética dos espermatozoides.

Toque o link e tenha acesso a mais conteúdo sobre fertilização in vitro.


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