O período gestacional normalmente demanda cuidados extras durante todos os 9 meses de gestação e, nesse sentido, a execução de uma dieta materna equilibrada é fundamental para que o bebê se desenvolva de forma saudável, da nidação ao parto.
Contudo, as fases iniciais da gravidez são as mais delicadas, especialmente porque o embrião ainda está desenvolvendo as primeiras células e tecidos que originam todos os órgãos e estruturas do futuro bebê.
O desenvolvimento desses tecidos depende de uma grande quantidade de fatores, que incluem a participação de substâncias externas ao corpo, obtidas pelos alimentos que a mãe ingere – como as vitaminas e, entre elas, o ácido fólico.
A carência de ácido fólico na dieta materna pode levar a problemas congênitos no bebê, incluindo malformações do sistema nervoso, como a anencefalia, além de prejuízos para a saúde materna.
O texto a seguir mostra como e por que o ácido fólico é tão importante inclusive antes da gestação, quando o casal dá início às tentativas para engravidar.
Boa leitura!
Os cuidados começam antes das tentativas para engravidar
Mesmo para casais sem qualquer diagnóstico de infertilidade conjugal, é importante que as tentativas para engravidar sejam precedidas de alguns cuidados com a saúde de ambos, especialmente os aspectos nutricionais e os hábitos de vida, como sono e atividade física.
O abandono de algumas práticas, como o tabagismo e o consumo exagerado de álcool e cafeína, melhoram as chances de engravidar, já que essas substâncias podem prejudicar principalmente a formação e a estabilidade genética das células reprodutivas femininas e masculinas.
O estresse, assim como a ausência e o excesso de atividade física, são também inimigos da fertilidade, especialmente das mulheres, pela interação hormonal do cortisol – “hormônio do estresse” – com os hormônios sexuais, o que pode provocar alterações nos processos da ovulação e receptividade endometrial.
Desses aspectos, contudo, a alimentação está entre os principais fatores que colaboram para uma vivência plena da fertilidade, já que além de contribuir para a saúde do corpo como um todo, também é fundamental para o desenvolvimento inicial do embrião.
Especialmente no primeiro trimestre da gravidez, o embrião demanda o aporte de substâncias vindas da dieta materna, como o ácido fólico, para a correta formação das suas primeiras células e tecidos.
O que é o ácido fólico?
Também conhecido como folato ou vitamina B9, o ácido fólico é uma vitamina hidrossolúvel, pertencente ao grupo das vitaminas do complexo B. A diferença entre esses termos é que o folato refere-se a todas as vitaminas do complexo B e seus derivados no corpo, enquanto o ácido fólico é a forma sintética do folato.
Assim como todas as vitaminas, o folato não é produzido pelo corpo e precisa ser absorvido com a alimentação. Essa vitamina é encontrada nos vegetais verdes, leguminosas e frutas cítricas, além dos miúdos animais, porém estima-se que um terço das mulheres no mundo apresentam deficiência de folato em algum nível.
Por isso, no Brasil hoje muitos alimentos industrializados, como a farinha de trigo, são obrigatoriamente enriquecidos com ácido fólico, como uma forma de prevenir a deficiência dessa vitamina principalmente nas mulheres.
Importância do ácido fólico para a gravidez
O ácido fólico é fundamental para o bom desenvolvimento do embrião e sua deficiência está envolvida com malformações no sistema nervoso do bebê, que podem inclusive resultar em aborto e morte neonatal.
Isso porque o ácido fólico atua no alargamento do útero e no crescimento placentário, além de participar diretamente do desenvolvimento de algumas funções celulares e metabólicas do bebê – uma de suas funções mais importantes.
Praticamente todas as funções do corpo são mediadas e executadas pela atividade de diversos tipos de proteínas. Durante o desenvolvimento embrionário e fetal, muitas proteínas são sintetizadas com auxílio do ácido fólico, que funciona como uma coenzima no metabolismo dos aminoácidos.
O que a deficiência de ácido fólico pode causar?
Quando a gravidez acontece para uma mulher com deficiência de ácido fólico, tanto o bebê como a própria mulher podem desenvolver problemas bastante sérios, que incluem o comprometimento da gestação e risco de morte para a mulher.
A deficiência de ácido fólico é atualmente uma das maiores causas de morte materna, principalmente por seu envolvimento com quadros de pré-eclâmpsia, eclâmpsia e a síndrome hipertensiva gestacional, em que a gestante, antes normotensa, passa a apresentar hipertensão em diversos estágios da gravidez.
Em relação ao bebê, uma gestação carente em ácido fólico pode provocar doenças crônicas cardiovasculares e cérebro vasculares, além de problemas no parto, parto prematuro e até mesmo aborto espontâneo e aborto de repetição.
O ácido fólico é fundamental para o desenvolvimento do tubo neural no embrião, que não se fecha ou se fecha de forma inadequada na ausência dessa vitamina, resultando em bebês com anencefalia, encefalocele e espinha bífida.
Quais são os níveis adequados para o ácido fólico na gravidez?
Recomenda-se ao casal, que dá início às tentativas para engravidar, que o acompanhamento médico para esta etapa seja feito também do ponto de vista nutricional, incluindo a dosagem de ácido fólico por exames laboratoriais.
A mulher com níveis normais de ácido fólico apresenta exames cujo resultado manifesta um valor que varia de 160 a 640 ng/ml de sangue. e a deficiência dessa vitamina pode ser considerada caso esse valor caia para 140 ng/ml.
A importância do ácido fólico para prevenção de malformações congênitas no bebê e problemas de saúde para a mãe criou demandas para a suplementação do ácido fólico não somente em alguns produtos industrializados, como mencionamos, mas como uma prática pré-natal, também preventiva.
A suplementação do ácido fólico, com medicamentos prescritos pelo médico, é recomendada de três meses antes das tentativas para engravidar, até a 12ª semana da gestação já confirmada.
A suplementação antes da gravidez é tão importante quanto a manutenção do tratamento durante o início da gestação, especialmente porque a concentração do ácido fólico diminui durante a gravidez, já que a mulher deve absorver a vitamina para seu próprio corpo e para nutrição do bebê.
Ácido fólico nas gestações com a reprodução assistida
A suplementação com ácido fólico também é recomendada para os casais que recebem indicação para a reprodução assistida, independente da técnica escolhida para cada caso.
Essa abordagem tem como objetivo diminuir as chances de falha nos ciclos de tratamento, já que a deficiência de ácido fólico pode comprometer o desenvolvimento embrionário em um momento desse processo em que o embrião já se encontra no útero e não há possibilidade de intervenção por meio das técnicas.
Às mulheres com histórico de aborto de repetição o ácido fólico é ainda mais imprescindível, já que sua deficiência pode estar por trás do quadro de perdas gestacionais sequenciais.
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