O útero é um dos órgãos mais importantes para a reprodução humana, pois é em seu interior que toda a gestação e o desenvolvimento do bebê ocorrem, após a implantação do embrião no endométrio, o que acontece por volta do 7º dia depois da fecundação.
Alterações na anatomia ou fisiologia desse órgão podem afetar o potencial reprodutivo das mulheres: os fatores uterinos estão por trás de diversos casos de infertilidade feminina.
Entre os procedimentos para o diagnóstico de alterações uterinas os exames de imagem têm um destaque especial. Seu desenvolvimento permitiu a visualização de imagens do interior do corpo humano, sem que para isso fosse necessário realizar qualquer corte ou incisão.
A histeroscopia cirúrgica é uma técnica desenvolvida a partir da histeroscopia diagnóstica, uma modalidade da endoscopia especÃfica para avaliação do útero, que vem permitindo o tratamento de diversas doenças uterinas com potencial para afetar a fertilidade.
Conheça a histeroscopia cirúrgica e seus benefÃcios para a saúde reprodutiva da mulher com a leitura do texto a seguir.
O que é histeroscopia?
Inicialmente utilizada como exame de imagem, a histeroscopia é uma modalidade da endoscopia especializada em obter imagens do interior da cavidade uterina com a introdução de um endoscópio por via transvaginal.
O endoscópio é um aparelho em formato de haste, com uma microcâmera e um foco de luz na ponta, responsáveis por fornecer imagens, em tempo real, do interior do sistema reprodutivo feminino para um monitor.
Além do endoscópio, também é possÃvel inserir instrumentos para a manipulação das estruturas uterinas, cuja ação é guiada pelas imagens obtidas pelo histeroscópio.
Durante a realização da histeroscopia diagnóstica, pode ser realizada a micromanipulação de pequenos miomas e pólipos, além da extração de tecido uterino para biópsia. A modalidade cirúrgica amplia essa possibilidade de manipulação, sendo indicada para casos especÃficos.
Quando a histeroscopia cirúrgica é indicada?
A retirada de massas tumorais, normalmente benignas, localizadas principalmente no endométrio, está entre as principais indicações da histeroscopia cirúrgica, ao lado do tratamento para endometriose, especialmente os casos leves e moderados.
Esse procedimento também pode ser utilizado em situações especÃficas, como as descritas a seguir:
- Miomas uterinos;
- Pólipos endometriais;
- Adenomiose;
- Endometriose;
- Retirada de tumores uterinos;
- Retirada do DIU (dispositivo intrauterino);
- Correção de malformações uterinas;
- Biópsias de tecidos uterinos.
É importante lembrar que, como é realizada por via transvaginal a histeroscopia cirúrgica é menos invasiva que a videolaparoscopia, embora suas indicações sejam também mais restritas, já que o procedimento não permite o acesso às estruturas localizadas fora da cavidade uterina, como o peritônio e os ovários.
Como é feita a histeroscopia cirúrgica?
Considerado um procedimento simples e minimamente invasivo, a histeroscopia cirúrgica pode ser realizada em ambiente ambulatorial e com anestesia local, embora os casos mais severos possam demandar anestesia geral em ambiente hospitalar.
A rápida recuperação é outra vantagem da histeroscopia e, na maior parte dos casos, a mulher não precisa ficar internada, devendo apenas fazer repouso por pelo menos 24h. Este tempo pode ser estendido, segundo a orientação médica, quando é necessário usar anestesia geral.
A preparação para a histeroscopia cirúrgica inclui jejum e o esvaziamento prévio da bexiga e intestinos, que pode ser feito também com o auxÃlio de medicamentos diuréticos e laxantes.
Após a administração da anestesia, a mulher deve ficar em posição ginecológica, e o histeroscópio é introduzido pelo canal vaginal, penetrando a cavidade uterina, e fornece imagens em tempo real desse trajeto.
Simultaneamente, os instrumentos necessários para a intervenção cirúrgica são introduzidos também por via transvaginal até a cavidade uterina onde o procedimento acontece.
A duração da cirurgia depende do estágio de desenvolvimento e da profundidade apresentados pelas lesões em tratamento, enquanto o pós-operatório inclui repouso e não manter relações sexuais durante a primeira semana após o procedimento, com objetivo de prevenir o contato com agentes microbianos que provocam infecções, especialmente as ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis).
Histeroscopia diagnóstica
A histeroscopia diagnóstica, ou ambulatorial, é o exame de imagem que fundamentou a estruturação da histeroscopia cirúrgica, e é feito de forma muito semelhante a ela.
Nesse exame, o histeroscópio também é introduzido na cavidade uterina por via transvaginal, e é possÃvel realizar intervenções, porém, o objetivo do procedimento é melhorar o diagnóstico para doenças uterinas, fornecendo dados mais exatos sobre a localização e extensão das lesões.
Diferente da forma cirúrgica, a histeroscopia diagnóstica não demanda anestesia e pode ser feito um preparo com analgésicos para eventuais incômodos durante o processo, mesmo quando há necessidade de intervenção, como biópsias.
Qual o papel da histeroscopia cirúrgica no combate à infertilidade?
As doenças uterinas em geral apresentam uma consequência ou sintoma em comum: a possibilidade de afetar a função reprodutiva das mulheres, por danos à receptividade endometrial ou à capacidade de elasticidade do útero.
Nesse sentido, a histeroscopia cirúrgica representa a possibilidade de tratamento de doenças como tumores uterinos, miomas, pólipos e endometriose, de forma minimamente invasiva, sem que seja necessário realizar qualquer corte ou incisão.
A retirada das massas celulares melhora as chances de gestação, tanto para as mulheres que planejam engravidar por vias naturais, quanto para aquelas que têm indicação para tratamento com reprodução assistida.
Reprodução assistida
Entre as principais técnicas de reprodução assistida disponÃveis atualmente – RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – a FIV é a mais indicada quando as causas da infertilidade feminina derivam de problemas uterinos.
Com a FIV é possÃvel realizar o preparo endometrial de forma controlada, pela ação de medicamentos hormonais que estimulam o espessamento dessa camada uterina com o objetivo de melhorar as taxas de implantação embrionária.
Para isso, muitas vezes é necessário congelar os embriões obtidos, para que o preparo endometrial seja realizado. Esse procedimento chama-se freeze–all.
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