Assim como outras afecções do trato reprodutivo masculino, a epididimite pode provocar infertilidade no homem – inclusive de forma permanente, especialmente quando há demora em buscar atendimento médico e tratamento.
A capacidade reprodutiva dos homens depende de dois aspectos principais: da produção de espermatozoides, nos testÃculos, e da formação adequada do sêmen. A composição do lÃquido ejaculado começa também nos testÃculos, mas se conclui somente nos ductos deferentes, onde os espermatozoides encontram as secreções das glândulas anexas, antes da ejaculação.
A testosterona e os hormônios cerebrais que interagem com ela constituem a dinâmica que rege tanto a espermatogênese – processo de formação dos espermatozoides –, como a secreção das glândulas anexas – próstata, vesÃculas seminais e glândulas bulbouretrais.
Assim, de forma geral podemos dizer que a função reprodutiva dos homens está diretamente associada ao equilÃbrio hormonal da testosterona e à integridade da rede de ductos através da qual os diversos componentes do sêmen se formam e se encontram.
De todos os ductos do cordão espermático, os epidÃdimos têm alguns papéis importantes, não somente pela condução dos espermatozoides para a formação do sêmen, mas também diretamente relacionados ao desenvolvimento final dessas células reprodutivas.
Nesse sentido, a epididimite pode estar envolvida com quadros mais ou menos graves de infertilidade masculina. Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e saiba mais sobre essa relação. Aproveite!
O que são os epidÃdimos?
Localizados entre os testÃculos e o inÃcio do cordão espermático, os epidÃdimos são duas estruturas tubulares, paralelas e localizadas bilateralmente.
Uma das funções dos epidÃdimos é justamente conectar os túbulos seminÃferos, que compõem a maior parte dos testÃculos e onde a espermatogênese acontece, aos ductos deferentes, que recebem as secreções das glândulas anexas.
Além disso, no entanto, uma parte essencial do desenvolvimento dos espermatozoides também acontece nos epidÃdimos: o desenvolvimento da cauda e a aquisição de motilidade.
Inicialmente os espermatozoides se formam como resultado dos processos de divisão celular dos espermatócitos, que se encontram aderidos à s paredes dos túbulos seminÃferos e ladeados pelas células de Leydig e de Sertoli, que mediam a ação da testosterona e nutrem os espermatócitos e espermatozoides jovens.
Após esse processo, os espermatozoides são conduzidos aos epidÃdimos, que também interagem com andrógenos e assim induzem à formação da cauda nessas células – que são então conduzidas para compor o sêmen, nos ductos deferentes.
A cauda, no entanto, só passa a ser funcional após a ejaculação, quando o sêmen se liquefaz e os espermatozoides usam a cauda para nadar com mais velocidade em direção ao óvulo e competir pela fecundação, no interior do corpo da mulher.
No perÃodo entre ejaculações, os epidÃdimos também armazenam os espermatozoides, que são produzidos constantemente pelos testÃculos.
Entenda melhor o que é a epididimite
De forma geral, podemos dizer que a epididimite é um quadro inflamatório dos epidÃdimos, provocado por infecções, procedimentos cirúrgicos e choques nos testÃculos e no pênis. Embora as origens da epididimite sejam diversas, a maior parte dos casos é infecciosa.
Como a contaminação dos epidÃdimos acontece majoritariamente por vias sexuais, podemos dizer que as ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis) estão entre as principais causas de epididimite. E entre elas, a contaminação por clamÃdia e gonorreia são as mais recorrentes.
A epididimite pode se desenvolver também como consequência de cirurgias, incluindo a vasectomia e os procedimentos para sua reversão, embora esses sejam casos mais raros.
Sintomas de epididimite
Os sintomas da epididimite normalmente estão relacionados em parte ao processo inflamatório desencadeado pela doença, e em parte pela atividade microbiana, nos casos de epididimite infecciosa – e englobam:
- Secreção peniana com cor e odor alterados;
- Dor durante a micção;
- Dor durante as relações sexuais;
- Dificuldades para engravidar a parceira;
- Infertilidade.
Os casos infecciosos mais graves e quando o homem não busca atendimento médico e tratamento, sintomas como febre, calafrios, náusea e vômito também podem se manifestar.
Como é o diagnóstico da epididimite
Na presença de sintomas, o relato desses sinais é o primeiro passo para o diagnóstico da epididimite, porém a doença só pode ser confirmada de fato com os resultados de alguns exames laboratoriais e de imagem mais especÃficos.
A identificação dos microrganismos envolvidos na epididimite pode ser feita por testagens para ISTs, exames de sangue e de urina, além da avaliação das secreções coletadas do orifÃcio externo da uretra, no exame clÃnico.
As possÃveis alterações que esses quadros inflamatórios e infecciosos provocam na estrutura dos epidÃdimos, como cicatrizes e aderências, devem ser avaliadas por exames de imagem, como a ultrassonografia testicular.
O espermograma pode ser solicitado para confirmar a azoospermia.
Qual a relação entre epididimite e infertilidade masculina?
Como comentamos, as consequências da epididimite, principalmente para a fertilidade masculina, são resultado das alterações provocadas nos epidÃdimos tanto pela infecção, como pelo processo inflamatório desencadeado por ela.
Nesse sentido, o edema (inchaço), tÃpico da inflamação, leva ao fechamento temporário dos epidÃdimos, impedindo a passagem dos espermatozoides para os ductos deferentes, onde o sêmen é formado – configurando um quadro de azoospermia obstrutiva.
Em muitas situações, o tratamento antibiótico e anti-inflamatório da epididimite costuma controlar a inflamação, erradicar as bactérias e restaurar o fluxo nos epidÃdimos, revertendo o quadro de azoospermia obstrutiva e, consequentemente, a infertilidade.
Contudo, principalmente quando há demora em buscar atendimento médico e tratamento, a atividade microbiana pode deixar cicatrizes nos epidÃdimos. Estas aderências também funcionam como obstáculos à condução dos espermatozoides para compor o sêmen, tornando o quadro de azoospermia obstrutiva e, portanto a infertilidade, uma sequela permanente da epididimite.
Tratamento para epididimite e o papel da reprodução assistida
O tratamento para epididimite é feito, como comentamos, majoritariamente com antibióticos e anti-inflamatórios, com objetivo de erradicar os microrganismos envolvidos na infecção e ao mesmo tempo controlar os sintomas inflamatórios.
Embora as chances de sucesso do tratamento sejam altas, é possÃvel que o homem apresente sequelas principalmente do processo infeccioso, que mantém os epidÃdimos obstruÃdos. Nesses casos, a indicação para reprodução assistida costuma ser uma das saÃdas mais promissoras para ter filhos.
O casal pode receber indicação para a IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro), mas a escolha da técnica mais adequada depende também de outras especificidades de cada caso, como a presença de infertilidade feminina simultaneamente.
A indicação dessas técnicas deve-se ao fato de que ambas podem viabilizar a fecundação utilizando espermatozoides obtidos por recuperação espermática.
A recuperação espermática permite a coleta de espermatozoides diretamente dos epidÃdimos (PESA e MESA) e túbulos seminÃferos (TESE e Micro-TESE), contornando a infertilidade masculina por azoospermia obstrutiva, como acontece na epididimite.
Leia mais sobre infertilidade masculina tocando neste link.
A gravidez é um processo complexo, que envolve diferentes elementos, por isso é comum várias dúvidas surgirem durante a tentativa de engravidar. Termos como gônadas, gametas, embrião, mórula, blastocisto, fecundação, nidação e eclosão, por exemplo, são frequentemente utilizados em referência ao processo, por profissionais de […]
Ler mais...