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Clamídia na reprodução assistida: saiba mais sobre o assunto

por Dr. Augusto Bussab



"As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), transmitidas pelo sexo desprotegido com pessoas contaminadas, estão listadas entre as principais causas de infertilidade feminina. Inicialmente, eram denominadas doenças venéreas em referência à Vênus, deusa do amor. Na década de 1980 receberam a nomenclatura DST (doença sexualmente transmissível) e, […]"
Clamídia na reprodução assistida: saiba mais sobre o assunto

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), transmitidas pelo sexo desprotegido com pessoas contaminadas, estão listadas entre as principais causas de infertilidade feminina.

Inicialmente, eram denominadas doenças venéreas em referência à Vênus, deusa do amor. Na década de 1980 receberam a nomenclatura DST (doença sexualmente transmissível) e, recentemente, o D foi substituído pelo I de infecções, pois algumas podem ter períodos assintomáticos ou manter essa características por mais tempo, ao contrário de diversas doenças, que geralmente apresentam sintomas.

Praticamente erradicadas, voltaram novamente a se disseminar nas sociedade contemporâneas, o que foi motivado principalmente pela prática sexual precoce, tornando os jovens, particularmente as mulheres, o principal grupo de risco.

Entre as ISTs a que apresenta maiores índices de contaminação é a clamídia, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode ser transmitida por qualquer tipo e contato com as secreções contaminadas, mesmo que não exista penetração. Ou seja, sexo vaginal, anal, oral e digital ou durante o compartilhamento de objetos sexuais.

Também pode ser transmitida das mães para os filhos durante o parto e amamentação, o que é chamado de transmissão vertical.

Mesmo que alguns grupos sejam considerados de maior risco, qualquer pessoa com a vida sexual ativa que pratica sexo sem nenhum tipo de proteção pode ser infectada pela clamídia, porém quando afeta mulheres durante a idade reprodutiva, período localizado entre a puberdade e a menopausa, se não for adequadamente tratada pode comprometer a capacidade de engravidar de diferentes formas.

Mostramos, neste texto, a clamídia na reprodução assistida. Continue a leitura até o final e saiba mais. Confira!

Clamídia, uma doença silenciosa

A clamídia é conhecida na literatura médica como doença oculta por ser assintomática em boa parte dos casos, principalmente nos estágios iniciais, o que dificulta diagnóstico e tratamento precoces, levando à sua descoberta em estágios mais avançados quando já causou maiores danos à saúde reprodutiva.

Apesar dessa característica, entretanto, a clamídia pode causar sintomas em alguns casos, geralmente eles ocorrem nas duas primeiras semanas após a infecção e contribuem para suspeitar da presença dessa IST. Os mais comuns são:

  • corrimento amarelado e com odor forte;
  • sangramento entre os períodos menstruais;
  • micção urgente e frequente;
  • queimação e dor ao urinar;
  • dor abdominal;
  • dor após as relações sexuais;
  • inchaço na vagina e ao redor do ânus;
  • febre baixa.

Além do acolhimento dos sintomas, a suspeita de clamídia é confirmada por exames de sangue, urina e análise das secreções, que permitem identificar a presença da bactéria Chlamydia trachomatis.

No entanto, em estágios mais avançados, é sinalizada pela infertilidade, considerada após um ano de tentativas malsucedidas de engravidar sem o uso de nenhum método contraceptivo.

Às mulheres com esse quadro, são solicitados exames como a avaliação da reserva ovariana para determinar a quantidade de folículos presentes no momento, que contêm o óvulo imaturo e são utilizados durante o período fértil e, de imagem, para analisar os órgãos reprodutores verificando os possíveis danos causados pela infecção.

A principal consequência da clamídia é a DIP, doença inflamatória pélvica, condição que pode causar processos inflamatórios em todos os órgãos reprodutores. As bactérias ascendem da vagina ao útero e podem se espalhar.

Ao atingirem o útero provocam cervicite, inflamação do colo uterino e endometrite, do endométrio, camada interna na qual o embrião se implanta para dar início da gestação, preparada durante os ciclos menstruais para recebê-lo.

Ambas podem prejudicar esse preparo, resultando em falhas na implantação e abortamento, que pode ocorrer ainda como resultado de aderência consequentes da inflação que causam distorções anatômicas impedindo o desenvolvimento da gravidez quando o embrião se implanta.

Nas tubas uterinas, órgãos que abrigam a fecundação, quando o espermatozoide penetra o óvulo para gerar a primeira célula do embrião, é chamada salpingite e pode levar ao acúmulo de líquidos ou à formação de aderências que provocam obstruções impedindo o transporte dos gametas para que esse evento aconteça, bem como do embrião formado ao útero para se implantar.

Já nos ovários, ooforite, interfere no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento dos folículos ovarianos para liberação do óvulo, resultando em distúrbios de ovulação, como anovulação, ausência de ovulação, bem como na qualidade dos óvulos.

A clamídia é inicialmente tratada por antibióticos. Para evitar a reinfecção e a disseminação da bactéria a parceria sexual também deve ser investigada e tratada.

No entanto, apesar de promover a cura da infecção os antibióticos não reparam os possíveis danos à fertilidade provocados pela permanência da bactéria. Assim, se houver o desejo de engravidar podem ser indicas a cirurgia e/ou reprodução assistida, de acordo com o quadro de cada paciente.

Clamídia na reprodução assistida

A técnica indicada para o tratamento de infertilidade mais grave consequente da clamídia é a fertilização in vitro (FIV), em que etapas como a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões são realizadas em laboratório, de forma controlada.

O tratamento inicia com a estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para estimular os ovários com o objetivo de obter uma quantidade maior de óvulos para a fecundação, previamente selecionados. Assim, problemas como distúrbios ovulatórios e má qualidade dos gametas são solucionados.

Por prever a fecundação em laboratório, as tubas uterinas não participam do tratamento, permitindo a gravidez se a consequência forem obstruções tubárias. Além disso, mulheres com histórico de abortamento repetido podem ter o endométrio devidamente preparado por medicamentos hormonais, pois depois de alguns dias de desenvolvimento os embriões são transferidos diretamente ao útero materno.

No entanto, é fundamental que a infecção por clamídia seja totalmente curada antes do tratamento, uma vez que, como na gestação natural o processo inflamatório pode interferir na implantação do embrião e levar a falhas, ainda que exista a possibilidade de preparo do endométrio.

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