As infecções sexualmente transmissÃveis (ISTs), transmitidas pelo sexo desprotegido com pessoas contaminadas, estão listadas entre as principais causas de infertilidade feminina.
Inicialmente, eram denominadas doenças venéreas em referência à Vênus, deusa do amor. Na década de 1980 receberam a nomenclatura DST (doença sexualmente transmissÃvel) e, recentemente, o D foi substituÃdo pelo I de infecções, pois algumas podem ter perÃodos assintomáticos ou manter essa caracterÃsticas por mais tempo, ao contrário de diversas doenças, que geralmente apresentam sintomas.
Praticamente erradicadas, voltaram novamente a se disseminar nas sociedade contemporâneas, o que foi motivado principalmente pela prática sexual precoce, tornando os jovens, particularmente as mulheres, o principal grupo de risco.
Entre as ISTs a que apresenta maiores Ãndices de contaminação é a clamÃdia, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode ser transmitida por qualquer tipo e contato com as secreções contaminadas, mesmo que não exista penetração. Ou seja, sexo vaginal, anal, oral e digital ou durante o compartilhamento de objetos sexuais.
Também pode ser transmitida das mães para os filhos durante o parto e amamentação, o que é chamado de transmissão vertical.
Mesmo que alguns grupos sejam considerados de maior risco, qualquer pessoa com a vida sexual ativa que pratica sexo sem nenhum tipo de proteção pode ser infectada pela clamÃdia, porém quando afeta mulheres durante a idade reprodutiva, perÃodo localizado entre a puberdade e a menopausa, se não for adequadamente tratada pode comprometer a capacidade de engravidar de diferentes formas.
Mostramos, neste texto, a clamÃdia na reprodução assistida. Continue a leitura até o final e saiba mais. Confira!
ClamÃdia, uma doença silenciosa
A clamÃdia é conhecida na literatura médica como doença oculta por ser assintomática em boa parte dos casos, principalmente nos estágios iniciais, o que dificulta diagnóstico e tratamento precoces, levando à sua descoberta em estágios mais avançados quando já causou maiores danos à saúde reprodutiva.
Apesar dessa caracterÃstica, entretanto, a clamÃdia pode causar sintomas em alguns casos, geralmente eles ocorrem nas duas primeiras semanas após a infecção e contribuem para suspeitar da presença dessa IST. Os mais comuns são:
- corrimento amarelado e com odor forte;
- sangramento entre os perÃodos menstruais;
- micção urgente e frequente;
- queimação e dor ao urinar;
- dor abdominal;
- dor após as relações sexuais;
- inchaço na vagina e ao redor do ânus;
- febre baixa.
Além do acolhimento dos sintomas, a suspeita de clamÃdia é confirmada por exames de sangue, urina e análise das secreções, que permitem identificar a presença da bactéria Chlamydia trachomatis.
No entanto, em estágios mais avançados, é sinalizada pela infertilidade, considerada após um ano de tentativas malsucedidas de engravidar sem o uso de nenhum método contraceptivo.
Às mulheres com esse quadro, são solicitados exames como a avaliação da reserva ovariana para determinar a quantidade de folÃculos presentes no momento, que contêm o óvulo imaturo e são utilizados durante o perÃodo fértil e, de imagem, para analisar os órgãos reprodutores verificando os possÃveis danos causados pela infecção.
A principal consequência da clamÃdia é a DIP, doença inflamatória pélvica, condição que pode causar processos inflamatórios em todos os órgãos reprodutores. As bactérias ascendem da vagina ao útero e podem se espalhar.
Ao atingirem o útero provocam cervicite, inflamação do colo uterino e endometrite, do endométrio, camada interna na qual o embrião se implanta para dar inÃcio da gestação, preparada durante os ciclos menstruais para recebê-lo.
Ambas podem prejudicar esse preparo, resultando em falhas na implantação e abortamento, que pode ocorrer ainda como resultado de aderência consequentes da inflação que causam distorções anatômicas impedindo o desenvolvimento da gravidez quando o embrião se implanta.
Nas tubas uterinas, órgãos que abrigam a fecundação, quando o espermatozoide penetra o óvulo para gerar a primeira célula do embrião, é chamada salpingite e pode levar ao acúmulo de lÃquidos ou à formação de aderências que provocam obstruções impedindo o transporte dos gametas para que esse evento aconteça, bem como do embrião formado ao útero para se implantar.
Já nos ovários, ooforite, interfere no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento dos folÃculos ovarianos para liberação do óvulo, resultando em distúrbios de ovulação, como anovulação, ausência de ovulação, bem como na qualidade dos óvulos.
A clamÃdia é inicialmente tratada por antibióticos. Para evitar a reinfecção e a disseminação da bactéria a parceria sexual também deve ser investigada e tratada.
No entanto, apesar de promover a cura da infecção os antibióticos não reparam os possÃveis danos à fertilidade provocados pela permanência da bactéria. Assim, se houver o desejo de engravidar podem ser indicas a cirurgia e/ou reprodução assistida, de acordo com o quadro de cada paciente.
ClamÃdia na reprodução assistida
A técnica indicada para o tratamento de infertilidade mais grave consequente da clamÃdia é a fertilização in vitro (FIV), em que etapas como a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões são realizadas em laboratório, de forma controlada.
O tratamento inicia com a estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para estimular os ovários com o objetivo de obter uma quantidade maior de óvulos para a fecundação, previamente selecionados. Assim, problemas como distúrbios ovulatórios e má qualidade dos gametas são solucionados.
Por prever a fecundação em laboratório, as tubas uterinas não participam do tratamento, permitindo a gravidez se a consequência forem obstruções tubárias. Além disso, mulheres com histórico de abortamento repetido podem ter o endométrio devidamente preparado por medicamentos hormonais, pois depois de alguns dias de desenvolvimento os embriões são transferidos diretamente ao útero materno.
No entanto, é fundamental que a infecção por clamÃdia seja totalmente curada antes do tratamento, uma vez que, como na gestação natural o processo inflamatório pode interferir na implantação do embrião e levar a falhas, ainda que exista a possibilidade de preparo do endométrio.
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