A fertilidade masculina, assim como a feminina depende do funcionamento adequado dos órgãos reprodutores. Entre eles, os testÃculos se destacam por sua importante função: são responsáveis pela produção de espermatozoides, as células sexuais ou gametas com os genes do homem e, do principal hormônio masculino, a testosterona, cuja ação é fundamental nesse processo, denominado espermatogênese.
São duas glândulas de forma oval, com cerca de 3 cm de diâmetro e 4 cm de comprimento situadas na bolsa testicular, que os protege e mantém na temperatura ideal para a espermatogênese, abaixo da corporal.
A produção acontece nos túbulos seminÃferos, estruturas alojadas como novelo em cada lóbulo testicular, constituÃdas por uma parede conhecida como epitélio germinativo e dois tipos celulares; as células de Leydig, localizadas no espaço entre os túbulos responsáveis por estimular a produção da testosterona e as de Sertoli, que revestem o interior dos túbulos em que ficam localizadas as células percussoras dos espermatozoides, as espermatogônias.
Embora os homens produzam espermatozoides durante toda a vida, desde a puberdade, a orquite é uma das condições que podem afetar os testÃculos comprometendo esse processo e a qualidade dos gametas, resultando muitas vezes em infertilidade masculina. Assim, o quanto antes for diagnosticada e tratada, menores são os possÃveis danos à saúde reprodutiva.
Saiba, neste texto, como reconhecer a orquite e os possÃveis tratamentos, inclusive quando o quadro é de infertilidade. Confira!
O que é orquite?
Orquite é a inflamação dos testÃculos, pode ser aguda ou crônica, atingir apenas um ou ambos, ser viral ou bacteriana. A orquite viral é causada pelo vÃrus da caxumba e não representa riscos à fertilidade quando afeta meninos na pré-puberdade, que ainda não produzem seus gametas. Porém, a partir dessa etapa, pode comprometê-la em qualquer idade.
A bacteriana, por sua vez, tipo que oferece mais riscos, é provocada principalmente por bactérias sexualmente transmissÃveis, como a Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, causadoras da clamÃdia e da gonorreia, transmitidas pelo sexo desprotegido com pessoas contaminadas. Ou seja, qualquer homem sexualmente ativo que não utiliza preservativos de barreira, camisinhas, em suas relações sexuais pode ter orquite.
A orquite afeta o epitélio germinativo dos túbulos seminÃferos, comprometendo os nÃveis de testosterona e o processo de divisão celular das espermatogônias, que se multiplicam formando os espermatozoides. Duas condições podem surgir como consequência, dificultando ou impedindo a fecundação do óvulo, oligozoospermia, baixa concentração de espermatozoides no sêmen, ou azoospermia, ausência.
Além disso, quando as bactérias se espalham e atingem os epidÃdimos, passa ase denomina orquiepididimite e pode resultar ainda em obstruções que impedem o transporte dos gametas, aumentando, dessa forma, o risco de azoospermia, considerada a principal causa de infertilidade masculina.
Como saber se tenho orquite?
Uma das formas de suspeitar da orquite e observar os possÃveis sintomas que podem surgir. O principal é a dor nos testÃculos, que pode ser moderada ou grave e ocorrer subitamente. Outros incluem:
- sensibilidade testicular, que pode durar por algumas semanas;
- inchaço do testÃculo afetado;
- assimetria testicular;
- dor e presença de nódulos na virilha;
- secreção peniana;
- febre baixa;
- náusea associada à vômito.
A infertilidade é igualmente considerada um sintoma e pode ser percebida após um ano de tentativas malsucedidas de engravidar a parceira sem o uso de preservativos de barreira.
Durante a consulta ao especialista, além do acolhimento dos sintomas é realizado o exame fÃsico, em que é possÃvel perceber alterações como assimetria ou inchaço dos testÃculos, presença de nódulos na virilha e secreção peniana.
Para confirmar o diagnóstico são realizados exames laboratoriais, como os de urina e sangue que identificam a presença de bactérias e o tipo, bem como a análise de secreções, se estiverem presentes.
Exames de imagem podem ainda ser realizados para confirmar a inflamação, descartar a incidência de outras condições que causam sintomas semelhantes e verificar a possibilidade de danos no testÃculo afetado.
Se o quadro for de infertilidade, o espermograma, exame que avalia a qualidade dos sêmen e dos espermatozoides, também é solicitado.
Os resultados diagnósticos orientam o tratamento mais adequado para cada paciente, de acordo com cada quadro.
Tratamento da orquite e reprodução assistida
O tratamento da orquite viral é feito com analgésicos, anti-inflamatórios e outras medidas que ajudam a aliviar sintomas, como o uso de suspensório atlético e compressas quentes. A bacteriana, por sua vez, é tratada por antibióticos prescritos de acordo com o tipo de bactéria. Nesse caso, a parceria sexual deve ser igualmente medicada e tratada para evitar a reinfecção.
Essas medidas promovem a cura da inflamação e/ou alÃvio dos sintomas, porém não reparam os danos provocados pela orquite. Assim, duas abordagens podem ser ainda indicadas, a cirurgia e a reprodução assistida.
A cirurgia é realizada para drenar abscessos ou remover aderências consequentes do processo inflamatório. Em casos mais graves, pode ser necessária a remoção do testÃculo afetado.
Já a reprodução assistida passa a ser indicação quando fertilidade não é restaurada após os tratamentos primários ou os danos são mais graves.
A técnica indicada para infertilidade masculina por fatores graves é a fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (FIV com ICSI), que prevê a fecundação em laboratório, precedida da coleta e seleção dos melhores espermatozoides, feita pelo preparo seminal, técnica que os capacita por diferentes métodos.
Durante a fecundação, cada espermatozoide é novamente avaliado individualmente e após ter a saúde confirmada injetado diretamente no citoplasma do óvulo, solucionando problemas como a baixa concentração.
Em homens com azoospermia, eles podem ser coletados diretamente dos testÃculos ou epidÃdimos, submetidos ao preparo seminal e usados na fecundação. Os embriões formados, são posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.
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