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Como saber se o meu ciclo menstrual é normal

por Dr. Augusto Bussab



"É muito comum que os casais, ao dar início às tentativas para engravidar, busquem calcular o período fértil – a antiga tabelinha –, com o objetivo de encontrar momentos mais propícios para manter relações sexuais com chances maiores de resultar em gravidez. Contudo, o cálculo […]"
Como saber se o meu ciclo menstrual é normal

É muito comum que os casais, ao dar início às tentativas para engravidar, busquem calcular o período fértil – a antiga tabelinha –, com o objetivo de encontrar momentos mais propícios para manter relações sexuais com chances maiores de resultar em gravidez.

Contudo, o cálculo do período fértil, quando realizado sem o auxílio de exames como a ultrassonografia pélvica transvaginal, pode ser bastante incerto, especialmente se a mulher apresenta um ciclo menstrual irregular ou anormal.

Nem todas as mulheres com ciclos reprodutivos fora do padrão obrigatoriamente possuem doenças que oferecem risco de infertilidade feminina, embora muitas vezes essa relação seja verdadeira.

Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor como identificar alterações no ciclo menstrual e como lidar com a dificuldade para engravidar, especialmente nesses casos.

Boa leitura!

Como acontece um ciclo menstrual normal?

Embora os processos do ciclo menstrual sejam contínuos, ou seja, não há uma interrupção que marque o início ou o final dos ciclos, estipulou-se o primeiro dia da menstruação como o começo do ciclo reprodutivo, apenas com o objetivo de organizar os processos que envolvem a fertilidade das mulheres.

No primeiro dia do ciclo menstrual, a concentração de estrogênio e progesterona encontra-se em seu máximo rebaixamento, o que sinaliza ao hipotálamo que retome a secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas).

A ação desse hormônio hipotalâmico estimula a produção gradual das próprias gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que atuam diretamente nos ovários, dando início ao recrutamento e amadurecimento dos folículos ovarianos.

O aumento gradativo de LH faz com que as células foliculares iniciem a produção de testosterona, enquanto o FSH atua também nas células foliculares, convertendo a testosterona em estrogênio. Esse processo faz com que tanto as concentrações das gonadotrofinas, como a de estrogênio aumentem de forma gradual durante toda a primeira metade do ciclo menstrual.

Do ponto de vista uterino, o aumento na concentração de estrogênio estimula as células endometriais a entrar em multiplicação celular, levando ao espessamento e aumento na vascularização deste tecido, o que constitui parte do preparo endometrial, a chamada fase proliferativa.

Aproximadamente 14 dias após o início do ciclo menstrual, as gonadotrofinas e o estrogênio atingem um pico máximo de concentração, provocando o rompimento do folículo dominante e a liberação do óvulo em direção às tubas uterinas (ovulação), onde pode ser fecundado.

O óvulo permanece por aproximadamente 36h no interior das tubas uterinas, e esse é o período em que a mulher está realmente fértil.

As células foliculares, que restam aderidas ao ovário após a ovulação, formam o corpo lúteo, que passa a produzir progesterona. Esse hormônio complementa a ação estrogênica no endométrio, interrompendo a multiplicação celular e tornando o tecido estratificado e mais complexo, pronto para receber um possível embrião.

Ao longo da segunda metade do ciclo menstrual, chamada fase lútea, a concentração das gonadotrofinas está rebaixada, enquanto os níveis de estrogênio e progesterona se mostram mais altos.

Se a fecundação acontece, o corpo lúteo mantém a produção de progesterona até o 3o mês, quando essa função é assumida pela placenta, evento fundamental para a manutenção das primeiras fases da gestação.

Se a fecundação não acontece, próximo ao final do ciclo a concentração de estrogênio e progesterona vai diminuindo gradualmente, até atingir seu máximo rebaixamento, disparando a descamação do endométrio e o sangramento menstrual, dando início a um novo ciclo menstrual.

O que caracteriza um ciclo menstrual irregular?

No ciclo menstrual irregular, os eventos mencionados anteriormente não acontecem no período previsto no ciclo menstrual normal, seja porque há uma variação normal no tempo de duração desses eventos, ou existe alguma doença ou condição interferindo na normalidade desse processo.

De forma geral, os aspectos que se mostram alterados nas mulheres com ciclos menstruais irregulares são:

  • Intervalo menor que 25 dias entre as menstruações;
  • Intervalo maior que 36 dias entre as menstruações;
  • Intervalos imprevisíveis entre as menstruações;
  • Ausência de menstruação;
  • Sangramentos fora do período menstrual.

As mulheres que apresentam qualquer uma destas irregularidades não conseguem calcular o período fértil com base no ciclo normal de 28 dias. Isso acontece não somente porque seus ciclos são maiores ou menores que a média, mas também porque os motivos dessas alterações podem interferir na duração das diversas fases do ciclo menstrual, tornando o cálculo muito inexato.

A anovulação altera o ciclo menstrual?

A definição de anovulação é a ausência de ovulação nos ciclos reprodutivos, e esse fenômeno é comum a diversas doenças, incluindo a SOP (síndrome dos ovários policísticos) e a endometriose, especialmente ovariana, em que são formados endometriomas.

Na SOP, problemas relacionados à secreção das gonadotrofinas provocam um aumento na concentração de testosterona sem uma conversão proporcional desse hormônio em estrogênio. Nesses casos, o pico hormonal que dispara a ovulação não acontece e o óvulo fica retido no interior do folículo, em forma de cistos visíveis por exames de imagem.

Quando se detecta a presença de endometriomas, a ovulação não acontece porque o próprio cisto – composto por endométrio ectópico e sangue – prejudica o amadurecimento dos folículos, além de provocar danos à reserva ovariana, acentuando os prejuízos sobre a fertilidade.

A ausência de menstruação nessas doenças, no entanto, não é um sintoma obrigatório, o que leva muitas mulheres a organizar suas tentativas para engravidar com base no acompanhamento do ciclo menstrual sem sucesso, ainda que ele possa parecer regular.

Quais os benefícios da reprodução assistida para as mulheres com ciclo menstrual irregular?

A reprodução assistida oferece tratamentos diversos para infertilidade feminina, inclusive para os casos em que a mulher apresenta um ciclo menstrual irregular, esteja ele justificado por diagnósticos precisos ou quando se trata de ISCA (infertilidade sem causa aparente), e, tanto as dificuldades para engravidar como a irregularidade do ciclo menstrual não são explicáveis.

As três técnicas de reprodução assistida com as quais podemos contar atualmente são a RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro), com indicações específicas, dependendo das peculiaridades de cada caso.

A RSP e a IA são consideradas de baixa complexidade, pois a fecundação acontece nas tubas uterinas. Se o quadro de infertilidade conjugal não mostra problemas severos relacionados à infertilidade feminina, a RSP pode ser indicada. Já a IA, além dos casos tratados pela RSP, também é indicada para quadros de infertilidade masculina leve.

Entre todas as técnicas, no entanto, a FIV é a mais complexa e abrangente, oferecendo as melhores taxas de gestação para a maior parte dos casos de infertilidade, incluindo mulheres com ciclo menstrual irregular, com ou sem motivos bem estabelecidos. Nesta técnica, a fecundação acontece em ambiente laboratorial controlado, com a posterior transferência dos embriões para o útero.

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17 de agosto de 2022 13:44

[…] com a fertilidade. Há vários aspectos envolvidos nisso, como as mudanças hormonais ao longo do ciclo menstrual e as possíveis doenças que podem afetar o tecido […]

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