As técnicas de reprodução assistida, como a FIV (fertilização in vitro), trouxeram mais esperança para casais tentantes que enfrentam a infertilidade. A SOP, sÃndrome dos ovários policÃsticos, por exemplo, está entre as doenças femininas que podem ser tratadas pela técnica, com chances bastante altas de realizar o sonho de ter filhos.
Diferentemente das técnicas mais simples, como a inseminação artificial (IA) e a relação sexual programada (RSP), a FIV prevê a fecundação fora do corpo, em laboratório especializado. Uma vez que os embriões se formam, são transferidos para o útero.
Quando se trata de infertilidade, a FIV pode ser uma opção se houver diagnóstico envolvendo endometriose, baixa contagem de espermatozoides, problemas com o útero ou tubas uterinas, doença genética da mãe ou do pai, entre diversas outras doenças, inclusive a SOP.
Para saber mais sobre o tratamento com FIV para as mulheres com SOP que querem ter filhos, continue a leitura deste texto até o final!
O que é SOP?
A SOP é um problema de saúde que afeta mulheres em idade reprodutiva, causada por um desequilÃbrio de hormônios especÃficos. Esse desequilÃbrio pode levar a uma variedade de sintomas e afetar, inclusive, a fertilidade da mulher.
Durante a idade fértil da mulher, vários folÃculos ovarianos são recrutados a cada ciclo menstrual. No entanto, apenas um chega a amadurecer o suficiente para liberar o óvulo, e esse folÃculo é chamado de dominante.
Diferentes hormônios participam desse processo, incluindo as gonadotrofinas FSH (hormônio folÃculo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), além do estrogênio.
O FSH atua no recrutamento dos folÃculos, enquanto o LH estimula as células foliculares a produzirem testosterona, convertida pelo FSH em estrogênio, hormônio responsável pelo espessamento do endométrio, preparando-o para receber um possÃvel embrião e, assim como o LH, pelo amadurecimento do folÃculo dominante.
É principalmente o pico do LH, perto da metade do ciclo menstrual, que leva ao rompimento do folÃculo para a liberação do óvulo, evento conhecido como ovulação. Após a ovulação, o folÃculo rompido se transforma em corpo-lúteo, uma glândula endócrina temporária responsável pela produção de progesterona, hormônio cuja ação é fundamental para o preparo final do endométrio, que se torna receptivo à fixação do embrião.
Em mulheres com SOP, o desequilÃbrio pode impedir o desenvolvimento folicular e a liberação de óvulos maduros. E, como consequência, a ovulação e a gravidez não acontecem.
Como a SOP causa infertilidade?
Os problemas de ovulação são a principal causa de infertilidade em mulheres com SOP. A ovulação pode ser irregular, ou seja, ocorrer apenas em alguns ciclos, ou não ocorrer em nenhum, condições respectivamente denominadas de oligovulação e anovulação.
Mesmo que ocorra a ovulação, o desequilÃbrio hormonal pode impedir que o revestimento do útero se desenvolva adequadamente para permitir a implantação do embrião, evento que marca o inÃcio da gestação.
Isso acontece porque, na SOP, enquanto o FSH está presente em menores concentrações, os nÃveis do LH são mais elevadas do que o normal, resultando também em uma produção alta de testosterona. Os baixos nÃveis de FSH impedem a conversão adequada da testosterona em estrogênio, o que interfere no amadurecimento do folÃculo dominante e no preparo do endométrio.
As alterações nos nÃveis impedem que o pico hormonal aconteça e, assim, mesmo que o folÃculo se desenvolva e amadureça não consegue se romper para a liberação do óvulo. Com a ausência de ovulação, não há formação do corpo-lúteo e, consequentemente, o endométrio não é adequadamente preparado.
Os folÃculos que não se romperam nos ciclos menstruais de mulheres com SOP permanecem aderidos aos ovários, formando os cistos caracterÃsticos da doença. Além disso, o aumento anormal da testosterona (hiperandrogenismo) também leva ao desenvolvimento de outros sintomas, como o crescimento de pelos em locais anormais, queda de cabelo temporária, acne, seborreia e ganho de peso.
Tratamento da SOP e FIV
Diferentes técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas para as pacientes com sÃndrome dos ovários policÃsticos que desejam engravidar, uma vez que em todas elas a primeira etapa é a estimulação ovariana, procedimento em que medicamentos hormonais estimulam o desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos, portanto mais de um folÃculo libera o óvulo.
A mais indicada para cada caso, entretanto, é definida após uma investigação da saúde reprodutiva do casal. A FIV geralmente é o tratamento de escolha quando o quadro é de anovulação crônica, ou se não houver sucesso no tratamento com técnicas de menor complexidade, como a relação sexual programada (RSP).
Na FIV, o óvulo é fertilizado pelo espermatozoide em laboratório e, para isso, os gametas são previamente coletados e selecionados. Na estimulação ovariana são utilizadas dosagens hormonais mais altas porque o objetivo é coletar um número maior de óvulos.
Quando os folÃculos atingem o tamanho ideal, são induzidos ao amadurecimento final e aspirados individualmente por punção folicular, para posterior extração dos óvulos e seleção em laboratório.
Enquanto a punção folicular é realizada, o sêmen do parceiro é coletado por masturbação e as amostras submetidas ao preparo seminal, técnica que utiliza diferentes métodos para selecionar os melhores espermatozoides.
A fecundação, atualmente, é realizada por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no citoplasma do óvulo. Os embriões formados são, então, cultivados por alguns dias e depois transferidos ao útero.
Embora a FIV geralmente seja a recomendação para os casos de anovulação, ou a RSP, mais simples das técnicas de reprodução assistida, pode aumentar as chances de engravidar quando a SOP causa apenas oligovulação, ou seja, em alguns ciclos o óvulo é liberado normalmente.
A relação sexual programada (RSP) também é chamada de coito programado. É uma técnica que utiliza dosagens hormonais mais baixas para obter no máximo três óvulos maduros, pois o objetivo é indicar o perÃodo fértil para programar a relação sexual do casal, o que pode elevar as possibilidades de fecundação, que acontece naturalmente, nas tubas uterinas.
Para que a técnica seja bem-sucedida, é importante que não haja outros problemas que prejudiquem a fertilidade do casal, como alterações nos padrões de normalidade dos espermatozoides ou problemas nas tubas uterinas.
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