Um dos aspectos mais decisivos para o sucesso de uma gestação, seja ela conseguida por reprodução assistida – RSP (relação sexual programada) IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – ou por vias naturais, é a integridade do endométrio, tecido de revestimento da cavidade uterina.
O endométrio é uma das três camadas teciduais que compõem a parede uterina, além do miométrio e perimétrio. Sua função na gestação é receber o embrião, aproximadamente do 5º ao 7º dia após a fecundação, e manter contato direto com a placenta durante todo o processo.
O preparo endometrial acontece de forma natural durante o ciclo reprodutivo e também pode ser realizado de forma controlada, especialmente quando associado aos tratamentos com FIV.
Este texto mostra o que é e como é feito o preparo endometrial na FIV, além de suas principais indicações.
Como o endométrio se prepara para a gestação?
O endométrio é composto por dois tipos principais de células: as glandulares e as estromáticas, que são estimuladas pela dinâmica hormonal do ciclo reprodutivo, especialmente pelos hormônios estrogênio e progesterona.
Durante o ciclo reprodutivo, esses hormônios são produzidos pelos ovários.
Os estrogênios são resultado da interação entre os hormônios hipofisários e as células foliculares, e é produzido principalmente durante a fase proliferativa.
Já a progesterona é produzida após a ovulação, pelo corpo lúteo, um corpúsculo ovariano formado pelas células residuais do folÃculo após o rompimento para a liberação do óvulo na ovulação.
As atuações desses hormônios no preparo endometrial são antagônicas, ainda que complementares: enquanto os estrogênios estimulam a multiplicação celular no endométrio durante a fase proliferativa, a progesterona interrompe esse processo na fase secretora e estratifica o tecido endometrial, concluindo o preparo para receber o eventual embrião.
Como o preparo endometrial é feito na FIV?
Durante os tratamentos com FIV que demandam a realização do preparo endometrial, esse procedimento deve ser feito antes da etapa de transferência dos embriões, sejam eles frescos ou congelados, com a prescrição de medicamentos hormonais.
Esses medicamentos podem ser a base de estrogênios ou progesterona e, em alguns casos, uma combinação de ambos.
A medicação causa dois efeitos principais: a inibição da ovulação e a indução do preparo endometrial. A progesterona é importante também para a manutenção dos primeiros meses de gestação, podendo ser administrada de forma mais contÃnua após a fixação do embrião no endométrio.
O processo de preparo endometrial é monitorado por ultrassonografia transvaginal, que mostra a evolução do espessamento desse tecido e, consequentemente, o melhor momento para realizar a transferência dos embriões.
Como na maior parte dos casos em que é preciso realizar o preparo endometrial de forma controlada, essa necessidade somente se mostra durante o cultivo embrionário, quando a mulher não apresenta um preparo adequado para a transferência.
Assim, é comum o uso do freeze-all – congelamento de todos os embriões – para aguardar o próximo ciclo reprodutivo, quando após o endométrio ter sido preparado é realizada a transferência dos embriões.
Quando é necessário realizar o preparo endometrial?
Um dos principais motivos pelos quais as mulheres precisam fazer o preparo endometrial na FIV é a influência da etapa de estimulação ovariana, que também é feita com medicamentos hormonais.
Na estimulação ovariana os medicamentos atuam principalmente induzindo o desenvolvimento e amadurecimento de mais folÃculos. Contudo, como eles são coletadas por punção folicular, a ovulação não acontece.
Na ausência da ovulação, é possÃvel que os nÃveis de estrogênio e progesterona não sejam suficientes para realizar o preparo endometrial de forma adequada, ainda que isso não seja uma regra obrigatória, já que em diversos casos a mulher não apresenta problemas.
O preparo endometrial pode ser necessário também para mulheres em tratamento com a FIV por infertilidade consequente de doenças que podem oferecer riscos de falhas na implantação, como, endometrite, miomas uterinos e endometriose, e aquelas que apresentam aborto de repetição.
É possÃvel engravidar se o endométrio não estiver pronto?
Além dos processos de espessamento do endométrio descritos anteriormente, a receptividade endometrial depende, ainda, da composição celular do endométrio e da duração da janela de implantação.
Na janela de implantação, um perÃodo que dura aproximadamente 5 dias, o endométrio apresenta um equilÃbrio celular, inclusive de elementos imunológicos, necessário para compreender os sinais embrionários e acolher a implantação do embrião.
Em alguns casos, a mulher apresenta uma janela embrionária menor que a média, ou outros problemas especialmente ligados a um aumento na concentração de células NK (natural killers) e prostaglandinas no endométrio, que podem rejeitar o embrião ou dificultar essa comunicação.
Assim, não é possÃvel engravidar se o endométrio estiver inadequadamente preparado, mesmo utilizando técnicas de reprodução assistida avançadas como a FIV, já que a implantação embrionária é um dos aspectos mais fundamentais para conseguir uma gestação em qualquer situação.
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