Período fértil é antes ou depois da menstruação?

Período fértil é o termo utilizado para designar o intervalo do ciclo menstrual em que há mais chances de engravidar. Assim, quando há o desejo de ter filhos, saber identificá-lo contribui para o sucesso da concepção, bem como, em situações contrárias, ajuda a evitar uma gravidez indesejada.

O ciclo menstrual ou reprodutivo das mulheres começa na puberdade e se encerra na menopausa. Essa é a fase de maior fertilidade, em que a reserva ovariana é utilizada, estoque de folículos, que contêm os óvulos imaturos, presentes desde o nascimento.

Como o nome indica, é um processo cíclico, ou seja, ocorre continuamente, iniciando no primeiro dia menstruação e finalizando no anterior à próxima, coordenado por diferentes hormônios. Por isso, é bastante natural a dúvida de o período fértil estar localizado antes ou depois da menstruação.

Se observamos as alterações fisiológicas que ocorrem em um único ciclo menstrual, por exemplo, seria correto afirmar que ocorre depois, porém, como o processo é cíclico, também há período fértil antes da menstruação.

Acompanhe a leitura do texto para entender se, afinal, o período fértil é antes ou depois da menstruação. Confira!

Entenda como o ciclo menstrual funciona

A duração normal do ciclo menstrual varia entre 21 e 35 dias, porém é mais comum que dure 28 dias, o que é chamado ciclo regular.

Na primeira fase, a folicular, que começa junto com a menstruação, o FSH (hormônio folículo-estimulante), promove o recrutamento e crescimento de vários folículos ovarianos. No entanto, apenas um se destaca entre eles, o folículo dominante, cujo desenvolvimento e amadurecimento é motivado pelo LH (hormônio luteinizante). Nos ciclos regulares essa fase tem a duração de aproximadamente 13 dias.

Durante o desenvolvimento, o folículo dominante secreta estrogênio, cuja função é iniciar o preparo do endométrio, camada interna uterina na qual o embrião se implanta, é abrigado e nutrido até a formação da placenta.

No 14º tem início a fase ovulatória, em que o LH induz o folículo dominante ao amadurecimento final e atinge o pico de sua concentração, funcionando como um gatilho para que ele se rompa e libere o óvulo, também maduro, para ser fecundado pelo espermatozoide. Essa fase é chamada ovulatória e tem a duração de 24 horas, tempo de sobrevida do óvulo.

Na última fase, a lútea, que começa no 15º dia e dura até o 28º, o folículo rompido se transforma em uma glândula temporária, o corpo lúteo, responsável pela liberação de progesterona, hormônio responsável pelo preparo final do endométrio.

Quando o espermatozoide não fecunda o óvulo, o corpo lúteo degenera, há uma diminuição dos níveis hormonais, provocando a descamação do endométrio e a menstruação, que marca o início de um novo ciclo menstrual.

Após conhecer o funcionamento do ciclo menstrual, fica mais entender se o período fértil é antes ou depois da menstruação. Para isso, é importante anotar o primeiro dia da menstruação, aquele em que ocorre a descida do sangue menstrual.

A fase de maior fertilidade das mulheres é a ovulatória, quando o óvulo liberado fica disponível por 24 horas para ser fecundado pelo espermatozoide. Porém, o período fértil se inicia nos dias que antecedem a ovulação, algumas alterações corporais, inclusive, se tornam mais evidentes quando há aumento do LH.

Isso porque, o tempo de sobrevida dos espermatozoides também é considerado. Os gametas masculinos mais capacitados podem sobreviver por até 3 dias, ou 72h, no organismo feminino. O que significa que já estão disponíveis quando o óvulo é liberado, iniciando imediatamente a corrida para fecundá-lo.

Assim, com o primeiro dia menstruação destacado no calendário, fica bem fácil fazer o cálculo. Como em um ciclo regular, de 28 dias a ovulação ocorre no 14º, é só adicionar à data os três dia anteriores, tempo de sobrevida dos espermatozoides e, o posterior, tempo de sobrevida do óvulo, para definir o intervalo em que o período fértil está localizado.

O 14º dia, como é fácil perceber, representa exatamente a metade do ciclo menstrual regular. Portanto, o período fértil é antes ou depois da menstruação, antes da próxima, ou depois da que ocorreu.

Nos ciclos irregulares, por outro lado, aquele que ocorrem por mais de seis meses fora dos intervalos considerados normais, embora seja mais difícil calcular o período fértil com precisão, é possível reconhecê-lo a partir das alterações corporais que ocorrem quando a ovulação se próxima.

A mais conhecida delas, é a mudança no muco cervical, substância produzida pelo colo uterino para proteger o órgão da ascensão de bactérias naturalmente presentes na vagina, facilitar o transporte dos espermatozoide e evitar a entrada de novos quando ocorre a concepção, que adquire uma aparência semelhante à clara de ovo.

Sensibilidade e inchaço das mamas e alterações de humor também podem ser percebidos. É possível, ainda, recorrer aos testes de ovulação, que assim como os de gravidez são facilmente encontrados em farmácias.

O ciclo menstrual irregular é um importante alerta para problemas de infertilidade feminina, pode ser provocado por doenças comuns durante a fase fértil, como a endometriose, miomas uterinos, pólipos endometriais e síndrome dos ovários policísticos (SOP), resultando em ovulação irregular (oligovulação), ou ausência de ovulação (anovulação), o que dificulta ou impede a fecundação.

Infertilidade e reprodução assistida

Quando há dificuldades para engravidar como consequência dos ciclos irregulares, duas técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas para obter a gravidez de acordo com a gravidade do problema.

A RSP, relação sexual programada, de baixa complexidade por prever a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas e a mais simples entre as disponíveis, pode solucionar problemas de ovulação irregular (oligovulação), desde que a mulher tenha até 37 anos e bons níveis de reserva ovariana, além das tubas permeáveis, sem nenhum tipo de obstrução.

Já a FIV, fertilização in vitro, de alta complexidade, permite o tratamento mesmo quando há baixos níveis da reserva ovariana e outros problemas de fertilidade associados, como obstruções tubárias, pois a fecundação é realizada em laboratório e os embriões posteriormente transferidos ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento. Geralmente é indicada para mulheres com anovulação, ausência de ovulação.

Em ambas, a primeira etapa é a estimulação ovariana, procedimento em que são utilizados medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais, para obter mais óvulos disponíveis para a fecundação. Na RSP, entretanto, são utilizadas dosagens mais baixas, pois o objetivo é promover o desenvolvimento e amadurecimento de 1 a 3 folículos ovarianos.

Enquanto na FIV, dosagens mais altas permitem a coleta de um número maior de óvulos para serem utilizados na fecundação, garantindo, dessa forma, que mais embriões sejam formados, uma vez que são transferidos ao útero materno apenas os mais saudáveis.

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