A reprodução assistida reúne um conjunto de técnicas e procedimentos que possibilitam a solução de diferentes problemas de fertilidade, bem como atendem a outras demandas reprodutivas, como a gravidez de casais homoafetivos.Â
As principais técnicas disponÃveis atualmente são a relação sexual programada (RSP), a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV), classificadas de acordo com a complexidade do tratamento, critério que influencia diretamente na indicação de cada uma.Â
A RSP e IA são consideradas de baixa complexidade, pois preveem a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas. Por isso, normalmente são indicadas quando há fatores de infertilidade de menor gravidade. A RSP atende os femininos, enquanto a IA permite o tratamento também dos masculinos.Â
A FIV, por outro lado, é uma técnica mais complexa, que reproduz grande parte dos processos que ocorrem na gestação espontânea. A fecundação, por exemplo, é realizada em laboratório, ambiente em que os embriões formados também se desenvolvem por alguns dias para posteriormente serem transferidos ao útero materno.Â
Além do tratamento principal, é possÃvel contar ainda com técnicas e procedimentos complementares para alcançar a tão sonhada gravidez. A ovorecepção está entre eles e, por ser um processo igualmente complexo, pode apenas ser realizada na FIV.
Continue a leitura até o final para entender o que é ovorecepção e como é utilizada na reprodução assistida. Confira!
O que é ovorecepção e quando é indicada?Â
Ovorecepção é o procedimento que permite a gravidez com a utilização de óvulos doados, importante nas situações em que não é possÃvel utilizar gametas próprios no tratamento com a FIV.Â
A doação de gametas (óvulos e espermatozoides) é uma das técnicas complementares à FIV, e pode ser feita por parentes de até quarto grau dos pacientes em tratamento, desde que não exista risco de consanguinidade, ou por pessoas sem nenhum vÃnculo, que os doam de forma voluntária.Â
A doação de óvulos, particularmente, deve seguir algumas orientações determinadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão que regulamenta a reprodução assistida no Brasil:Â
- Pode ser feita por mulheres com no máximo 35 anos, pois, a partir dessa idade os nÃveis da reserva ovariana diminuem, quantidade de folÃculos presentes nos ovário, estruturas que contêm o óvulo. Da mesma forma, a qualidade dos óvulos se torna progressivamente mais baixa;
- Antes de doar os óvulos a mulher deve ser submetida a diferentes exames para confirmar a saúde em geral e, consequentemente, a dos seus gametas. É importante excluir a presença de ISTs, infecções sexualmente transmissÃveis, como a clamÃdia e gonorreia, que podem comprometer a qualidade dos gametas; ou a possibilidade de doenças genéticas que podem ser transmitidas.
Após a realização dos testes, a doadora passa pela estimulação ovariana, procedimento em que são utilizados medicamentos hormonais para induzir o desenvolvimento e amadurecimento de mais folÃculos ovarianos, que, quando maduros, são coletados para extração, seleção e criopreservação dos óvulos.Â
A ovorecepção geralmente é indicada para as mulheres com os seguintes quadros de infertilidade:
- Infertilidade por distúrbios de ovulação mais graves;Â
- Mulheres que possuem baixa reserva ovariana e qualidade dos gametas como consequência do envelhecimento;
- Mulheres em os nÃveis da reserva ovariana ou a qualidade dos óvulos são afetados por condições como os endometriomas, um tipo de cisto ovariano caracterÃstico da endometriose, sÃndrome dos ovários policÃsticos (SOP), distúrbio endócrino bastante comum e a falência ovariana prematura (FOP), em que a falência dos ovários ocorre antes dos 40 anos;Â
- Para possibilitar a gravidez de casais homoafetivos masculinos;
- Quando casais homoafetivos femininos desejam uma gravidez compartilhada, ou seja, uma das parceiras doa os óvulos e a outra os recebe.Â
Entenda como a ovorecepção é feita na FIV
Na ovorecepção os embriões são formados com os óvulos doados e os espermatozoides do parceiro e, posteriormente transferidos ao útero. A mulher que vai recebê-los também deve realizar diferentes exames para confirmar a capacidade de sustentar a gestação.
Enquanto os óvulos são descongelados, o sêmen do parceiro é coletado a as amostras submetidas ao preparo seminal, técnica que capacita os espermatozoides por diferentes métodos proporcionando a seleção apenas dos mais saudáveis.Â
Após a seleção, a fecundação é realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide),em que cada gameta masculino é injetado diretamente no citoplasma do óvulo com auxÃlio de um microscópio de alta magnificação e de um micromanipulador de gametas.Â
Os embriões formados se desenvolvem em laboratório por até seis dias e podem ser transferidos ao útero em dois estágios de desenvolvimento: D3 ou clivagem, entre o segundo e terceiro dia, quando ainda possui poucas células, ou no blastocisto, entre o quinto e sexto dia, quando as células já estão formadas e divididas por função.Â
O processo de transferência é bastante simples, realizado na própria clÃnica de reprodução assistida com a mulher apenas sob sedação. A gravidez pode ser confirmada por exames de sangue ou urina em cerca de 15 dias depois da transferência. Os percentuais de sucesso proporcionados pela FIV são os mais altos da reprodução assistida.Â
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A gravidez é um processo complexo, que envolve diferentes elementos, por isso é comum várias dúvidas surgirem durante a tentativa de engravidar. Termos como gônadas, gametas, embrião, mórula, blastocisto, fecundação, nidação e eclosão, por exemplo, são frequentemente utilizados em referência ao processo, por profissionais de […]
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