Embora a infertilidade conjugal seja atualmente definida como uma condição do casal, em que participam do quadro geral tanto fatores femininos como masculinos, durante algum tempo acreditou-se que os homens não pudessem ter doenças e condições que levassem à infertilidade masculina.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera, ainda que a proporção de diagnósticos para infertilidade feminina e masculina seja semelhante, o número de homens com problemas reprodutivos ligeiramente maior que o de mulheres com as mesmas dificuldades.
A infertilidade masculina normalmente pode ser investigada com a análise dos parâmetros seminais, realizada pelo espermograma, que pode indicar ausência ou baixa contagem de espermatozoides, além de outros problemas, com origens diversas.
De forma geral, a azoospermia – ausência de espermatozoides no sêmen – é uma das formas mais severas de infertilidade masculina. Dependendo das causas, essa ausência pode ser decorrente de obstruções no trajeto do sêmen durante a ejaculação – azoospermia obstrutiva –, ou de problemas relacionados ao processo de formação dos espermatozoides – azoospermia não obstrutiva.
Ainda que as doenças envolvendo qualquer tipo de azoospermia possam ser tratadas com o objetivo de reverter o quadro de infertilidade, os homens com esse diagnóstico comumente recebem indicações para reprodução assistida, mais especificamente para FIV (fertilização in vitro), que permite a coleta de gametas masculinos por recuperação espermática.
Quer entender melhor o que é e como as diversas técnicas de recuperação espermática podem ajudar os homens com azoospermia a ter filhos? Então acompanhe a leitura do texto a seguir!
O que é recuperação espermática?
A recuperação espermática é uma técnica indicada para os casos em que a coleta de espermatozoides não pode ser feita por amostras de sêmen (obtida por masturbação), devido a um quadro de azoospermia, obstrutiva ou não.
Nesses casos, para viabilizar a fecundação in vitro, é necessário que os gametas masculinos sejam recuperados diretamente dos epidÃdimos, nos casos de azoospermia obstrutiva , quando a produção de espermatozoides acontece, porém, as obstruções não permitem que essas células componham o sêmen, ou dos túbulos seminÃferos, nos casos de azoospermia não obstrutiva, já que nessa estrutura pode ser possÃvel encontrar espermatozoides ainda em processo de formação.
Os procedimentos que permitem o resgate dessas células são chamados técnicas de recuperação espermática.
Quais são as principais técnicas de recuperação espermática?
Atualmente, a recuperação espermática pode ser feita de quatro formas diferentes – PESA, MESA, TESE e Micro-TESE –, cada uma indicada para as diferentes especificidades que a infertilidade masculina por azoospermia possa manifestar, como veremos a seguir.
PESA
Na PESA, percutaneous epididymal sperm aspiration, os espermatozoides são recuperados nos epidÃdimos por punção e por isso essa técnica é indicada para os casos de azoospermia obstrutiva.
O procedimento é feito com a introdução de uma agulha especial, desde a superfÃcie da bolsa escrotal até o interior dos epidÃdimos. Com auxÃlio de um aparelho de ultrassom, que fornece imagens do trajeto percorrido pelos espermatozoides, a equipe médica é capaz de coletar os espermatozoides com chances pequenas de danificar os tecidos próximos.
A PESA é um procedimento pouco invasivo, que utiliza apenas anestesia local e sedação, por isso dispensa internação, sendo possÃvel realizá-lo em ambiente ambulatorial.
MESA
Embora essa técnica seja aconselhada para casos semelhantes aos que recebem indicação para PESA (azoospermia obstrutiva), a MESA, microsurgical epididymal sperm aspiration, é mais complexa e demanda um ambiente especÃfico para ser realizada.
A MESA é um procedimento cirúrgico, em que os testÃculos são retirados da bolsa escrotal e, com auxÃlio de um microscópio cirúrgico, é possÃvel identificar quais trechos dos epidÃdimos têm maiores chances de conter os espermatozoides para punção.
Esse procedimento deve ser realizado em ambiente hospitalar, com opção de anestesia geral além da local, e por isso é necessária internação para recuperação do pós-operatório imediato.
TESE
Na TESE, testicular sperm extraction, indicada para os casos de azoospermia não obstrutiva, a recuperação espermática é feita por extração do esperma testicular, ou seja, parte do tecido testicular onde encontram-se os túbulos seminÃferos é retirada, por biópsia, e é nesse material que se busca recuperar os espermatozoides.
Trata-se de um procedimento cirúrgico, portanto, há demanda de internação e anestesia geral, já que para coletar o material da biópsia é necessário que os testÃculos sejam expostos.
Micro-TESE
A Micro-TESE , microdissection testicular sperm extraction, é semelhante à TESE em metodologia e pode ser indicada para casos de azoospermia obstrutiva. A principal diferença entre as técnicas é o uso de um microscópio cirúrgico, que otimiza a visualização dos túbulos seminÃferos e torna o procedimento mais seguro e eficaz.
Além de ser um procedimento mais preciso, a Micro-TESE também possibilita a coleta de mais espermatozoides, aumentando assim as chances de sucesso da FIV.
Qual a importância da recuperação espermática para a reprodução assistida?
O desenvolvimento das técnicas de recuperação espermática possibilitou a ampliação dos casos para os quais a reprodução assistida poderia ser indicada, além de aumentar as chances de sucesso da FIV, principalmente para os casais cujo diagnóstico de infertilidade conjugal se deve às diversas formas de azoospermia.
Lembrando que essas técnicas somente podem ser aplicadas na FIV, e normalmente os casos em que é necessário recorrer à recuperação espermática, a fecundação acontece por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides).
Na ICSI, um espermatozoide é selecionado entre os mais aptos, e introduzido diretamente no interior do óvulo, com o auxÃlio de uma agulha especial, aumentando as chances de sucesso.
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