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O que é espermatozoide e qual sua função na fertilidade masculina

por Dr. Augusto Bussab



"Quando nos referimos a um organismo humano saudável, falamos dele como um todo, considerando os diversos fatores que regulam a saúde de forma geral. Entre esses fatores, a infertilidade é um aspecto importante na vida das pessoas, afetando-as em diferentes níveis e, por isso, demanda […]"
O que é espermatozoide e qual sua função na fertilidade masculina

Quando nos referimos a um organismo humano saudável, falamos dele como um todo, considerando os diversos fatores que regulam a saúde de forma geral. Entre esses fatores, a infertilidade é um aspecto importante na vida das pessoas, afetando-as em diferentes níveis e, por isso, demanda atenção.

Muitas vezes, mesmo a suspeita da infertilidade pode trazer angústia, ansiedade e apreensão em relação ao futuro, com potencial para desestabilizar a harmonia do casal pela incerteza quanto aos planejamentos familiares, entre tantas outras situações.

Esse quadro de incerteza pode ser ainda maior, já que a infertilidade muitas vezes é assintomática. Na maioria dos casos, principalmente na ausência de sintomas, o casal só percebe sua condição quando inicia as tentativas para ter filhos.

Hoje, sabemos que a infertilidade afeta homens e mulheres em igual proporção. Cerca de 30% dos casos de infertilidade correspondem à infertilidade masculina.

Esse texto tem por objetivo esclarecer o que é o espermatozoide e sua função na fertilidade masculina, aproveite a leitura!

O que é o espermatozoide?

O espermatozoide é a célula reprodutiva masculina, também chamada de gameta. Em seu aspecto morfológico, é dividido basicamente em três partes: cabeça, parte intermediária e cauda.

A cabeça, de forma oval e achatada, possui um pronúcleo, que contém metade do material genético do pai, além de uma pequena porção de citoplasma, citoesqueleto e uma estrutura que a recobre, chamada acrossomo. O acrossomo contém enzimas que possibilitam ao espermatozoide penetrar a zona pelúcida, camada que envolve o óvulo, realizando a fecundação.

A cauda é uma estrutura essencial à fertilidade masculina. É formada nos epidídimos e possibilita a locomoção do espermatozoide no interior do corpo da mulher, até o encontro com o óvulo.

No caso dos homens, diferente do que acontece com as mulheres, a formação das células reprodutivas é contínua. Esse processo é chamado espermatogênese e se dá no interior das glândulas sexuais, os testículos, mais precisamente nos túbulos seminíferos. A espermatogênese ocorre desde a puberdade até o fim da vida do homem.

A puberdade se inicia a partir de mudanças na secreção do hormônio hipotalâmico GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e dos hormônios hipofisários, também chamados gonadotrofinas, LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante).

O FSH estimula as células germinativas, presentes nas paredes dos túbulos seminíferos, a dar início ao processo de divisão meiótica para a formação dos espermatozoides, além de estimular a atividade das células de Sertoli, que fornecem nutrientes para a espermatogênese.

Simultaneamente, o LH estimula as células de Leydig a produzir testosterona, responsável por coordenar a espermatogênese. Os homens produzem espermatozoides a cada ejaculação, por meio de processos mediados pela ação desses hormônios, durante toda a sua vida.

Na ejaculação, os espermatozoides produzidos nos túbulos seminíferos percorrem o canal deferente, que faz conexão com as glândulas anexas do sistema reprodutor masculino – próstata, vesículas seminais e glândulas bulbouretrais – e se misturam com as substâncias produzidas por elas, formando o sêmen que é expelido.

Qual a função dos espermatozoides na fertilidade masculina?

Cada gameta humano, o óvulo feminino e o espermatozoide masculino, tem apenas metade da carga genética completa de uma pessoa. Por isso, quando se unem na fecundação formam o embrião, com o pareamento dos cromossomos de ambos.

Entende-se por fecundação o momento em que o espermatozoide consegue penetrar no óvulo maduro formando o zigoto.

É importante lembrar que a parte líquida do sêmen nutre e protege o espermatozoide, especialmente contra a acidez típica da vagina, além de facilitar sua locomoção até o encontro com o óvulo, que ocorre nas tubas uterinas.

O que pode prejudicar os espermatozoides e sua produção?

A infertilidade masculina pode ser causada por diversos fatores, incluindo problemas na produção e qualidade dos espermatozoides como consequência de doenças, entre elas a varicocele, ou por obstruções no trajeto dos espermatozoides, que podem ser resultado da contaminação por ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).

Uma das causas de infertilidade é a azoospermia obstrutiva, que ocorre quando os ductos que transportam espermatozoides para o exterior são obstruídos, impedindo que os espermatozoides componham o sêmen expelido na ejaculação.

Na azoospermia não obstrutiva, a produção de espermatozoides pode ser insuficiente para que o homem possa ter filhos. O problema pode ser causado por diversos motivos, entre eles, o principal é a varicocele.

Nessa doença, as válvulas da rede venosa, que irrigam os testículos, apresentam problemas, impedindo o fluxo do sangue. Isso provoca uma dilatação das veias testiculares, o que leva ao acúmulo de sangue local. Essas alterações aumentam a pressão e a temperatura nos testículos, afetando a produção e a qualidade dos espermatozoides.

Além da azoospermia, interferências na espermatogênese podem resultar em oligozoospermia ou baixa concentração de espermatozoides no sêmen, inferior a 15 milhões por ml (parâmetro de normalidade), dificultando a fecundação.

Alterações na estrutura dos espermatozoides também podem dificultar ou impedir a fecundação.

A astenozoospermia, por exemplo, é uma condição em que os espermatozoides não têm motilidade suficiente para chegar ao óvulo, enquanto na teratozoospermia há uma grande porcentagem de espermatozoides com alterações de morfologia, o que afeta a capacidade em penetrá-lo.

Reprodução assistida e infertilidade masculina

As técnicas de reprodução assistida podem auxiliar no tratamento das várias formas de infertilidade masculina, inclusive as mais graves. Duas são particularmente indicadas, a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro).

Normalmente, indica-se a IA para os casos leves de infertilidade masculina de forma geral, e a FIV, para os mais graves, como azoospermia obstrutiva e não obstrutiva.

Na IA, o sêmen é coletado por masturbação e logo depois passa pelo preparo seminal, etapa que tem como objetivo selecionar os espermatozoides mais saudáveis para inseminação.

Como a FIV é uma técnica mais complexa, conta com procedimentos mais avançados, e nos casos de azoospermia possibilita a recuperação espermática, em que a coleta dos espermatozoides é feita diretamente dos epidídimos ou dos túbulos seminíferos.

A fecundação na FIV é feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, gerando embriões que são cultivados por alguns dias e em seguida transferidos ao útero.

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