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Hormônios e receptividade endometrial: qual a relação

por Dr. Augusto Bussab



"Os hormônios são sinalizadores químicos que realizam a comunicação entre diversos órgãos e estruturas do corpo, produzidos pelo sistema nervoso central e pelas glândulas do sistema endócrino, que estão integradas a praticamente todos os órgãos do corpo humano. A função reprodutiva e a fertilidade humana, […]"
Hormônios e receptividade endometrial: qual a relação

Os hormônios são sinalizadores químicos que realizam a comunicação entre diversos órgãos e estruturas do corpo, produzidos pelo sistema nervoso central e pelas glândulas do sistema endócrino, que estão integradas a praticamente todos os órgãos do corpo humano.

A função reprodutiva e a fertilidade humana, por exemplo, é controlada principalmente pela ação hormonal.

A regulação hormonal da fertilidade em homens e especialmente nas mulheres não se restringe aos processos de gametogênese – formação de óvulos e espermatozoides –, mas inclui também a criação das condições ideais para que, após a fecundação, o embrião seja bem recebido no útero e a gestação transcorra tranquilamente.

O preparo endometrial é como chamamos todos os processos hormonais e celulares que permitem ao útero estar receptivo ao embrião, e este é o assunto do qual falaremos no texto a seguir.

Aproveite a leitura!

O que é receptividade endometrial?

Receptividade endometrial é o momento do ciclo reprodutivo de uma mulher em que o endométrio, camada que reveste a cavidade uterina, está pronto para receber um possível embrião, gerado pela fecundação do óvulo, no interior das tubas uterinas.

Considerada um fator decisivo para conseguir uma gestação tranquila, a receptividade endometrial é controlada pela ação de hormônios sexuais, cuja produção é estimulada pela ação do sistema nervoso central sobre os ovários.

Como é a dinâmica do preparo endometrial?

O útero é composto por três camadas de tecido distintas, formadas por células específicas com funções igualmente diferenciadas: o perimétrio, camada mais interna, em contato com o peritônio e os demais órgãos da cavidade pélvica, o miométrio, camada intermediária, composta principalmente por células da musculatura lisa e o endométrio, que reveste a cavidade uterina e permanece durante toda a gestação em contato com a placenta.

O endométrio é formado por células estromáticas e glandulares, que respondem ativamente às ações dos hormônios estrogênio e progesterona, em momentos diferentes do ciclo reprodutivo, para realizar o preparo endometrial.

O ciclo reprodutivo, embora seja ininterrupto, tem como marco inicial a menstruação. No momento da menstruação, que é a descamação do endométrio, os níveis de estrogênio e progesterona são os mais baixos do ciclo.

Na primeira fase do ciclo reprodutivo, a ação das gonadotrofinas hipofisárias nos ovários eleva a concentração de estrogênio, que atua no amadurecimento dos folículos, mas também exerce tarefas uterinas, estimulando a multiplicação celular do endométrio, que aumenta de espessura.

Após o rompimento do folículo e a liberação do óvulo para as tubas uterinas, as células foliculares restam aderidas aos ovários, formando o corpo lúteo, cuja principal função é produzir progesterona.

A progesterona também atua no preparo endometrial, controlando a multiplicação celular promovida pelos estrogênios e complexificando o tecido endometrial, já espesso. A ação da progesterona finaliza o processo de preparo endometrial.

Qual a importância da receptividade endometrial para a fertilidade das mulheres?

Como mencionamos, a fertilidade das mulheres está ligada com a qualidade e disponibilidade dos gametas – a chamada reserva ovariana, que diminui ao longo da vida da mulher, até acabar na menopausa – e também depende das boas condições uterinas para que o embrião e o feto se desenvolvam.

O preparo endometrial é o processo pelo qual justamente criam-se essas condições ideais para o desenvolvimento embrionário e, consequentemente, a gestação como um todo.

Após a fecundação, o embrião é conduzido pelos movimentos peristálticos das tubas uterinas até o útero, onde deve procurar o melhor lugar para fixar-se. A implantação embrionária depende da capacidade do embrião em romper a zona pelúcida e infiltrar-se no endométrio e da receptividade do endométrio.

Caso o endométrio não esteja preparado adequadamente para receber o embrião, a implantação embrionária não acontece e o embrião é perdido, expelido normalmente junto com a menstruação.

É comum que muitas mulheres passem por isso sem sequer tomar conhecimento, ao longo da vida, sem a manifestação de qualquer quadro de infertilidade, contudo, algumas doenças podem favorecer as falhas na receptividade endometrial, levando a dificuldades para engravidar.

Infertilidade feminina e alterações na receptividade endometrial

As mudanças na receptividade endometrial normalmente são provocadas por alterações hormonais, principalmente relacionadas à secreção de estrogênio, e à presença de massas tumorais benignas no endométrio e no miométrio, que possam alterar a composição celular desse tecido ou provocar distorção uterina.

A presença de miomas uterinos submucosos, por exemplo, formadas por tecido fibrosos aderidos ao endométrio, e pólipos endometriais, prolongamentos de tecido endometrial que se projetam para a cavidade uterina, ambas doenças estrogênio-dependentes, afetam a receptividade endometrial e podem dificultar a gravidez.

Essas doenças, assim como a endometrite, provocada pela ação de microrganismos envolvidos em ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), levam a um processo inflamatório, que aumenta a concentração de células imunológicas e impedindo a implantação embrionária.

Em alguns casos, a mulher chega a engravidar, mas a gravidez pode ser complicada e resultar em abortamento espontâneo, já que a saúde do endométrio é fundamental durante todo o processo da gestação.

Você sabe o que é útero de substituição? Toque neste link e entenda melhor.

 


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