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Hidrossalpinge: o que é?

por Dr. Augusto Bussab



"A fecundação não acontece de forma tão simples como parece. Há um complexo processo — que depende do funcionamento correto de todos os órgãos reprodutores, femininos e masculinos — para que o óvulo seja fecundado e consigo se implantar no útero. Contudo, muitas doenças podem […]"
Hidrossalpinge: o que é?

A fecundação não acontece de forma tão simples como parece. Há um complexo processo — que depende do funcionamento correto de todos os órgãos reprodutores, femininos e masculinos — para que o óvulo seja fecundado e consigo se implantar no útero. Contudo, muitas doenças podem interferir nisso, uma delas é a hidrossalpinge.

Antes de explicarmos o que é hidrossalpinge, vamos relembrar de forma resumida qual é o percurso dos gametas masculinos e femininos, desde a gametogênese até a fecundação:

  • o óvulo se desenvolve no ovário e é captado pela tuba uterina no momento da ovulação;
  • os espermatozoides são produzidos nos testículos e entram no corpo feminino por meio da ejaculação;
  • os espermatozoides migram para o trato reprodutivo superior da mulher, passam pelo útero e entram nas tubas uterinas;
  • em uma das tubas, o óvulo estará à espera para ser fecundado;
  • após ser fertilizado por um espermatozoide, o óvulo é transportado pela tuba uterina em direção à cavidade do útero, enquanto passa pelo desenvolvimento pré-embrionário;
  • por volta de 6 dias após a fecundação, o óvulo atinge o estágio de blastocisto e inicia o processo de implantação no útero.

Agora, entenda melhor o que são as tubas uterinas e como a hidrossalpinge pode afetá-las!

O que são as tubas uterinas?

As tubas uterinas, ainda conhecidas como trompas de falópio, são órgãos localizados lateralmente à parte superior do útero (uma de cada lado). São dois tubos de aproximadamente 10 cm que fazem comunicação com a cavidade uterina, por meio de orifícios chamados óstios tubários. Em sua extremidade distal, as tubas se aproximam dos ovários, o que permite a captação do óvulo.

Assim como a parede uterina, as tubas são formadas por três camadas de tecido: mucoso, muscular e seroso. As fibras musculares são responsáveis pela contratilidade tubária, que possibilita o transporte do óvulo.

Em sua constituição anatômica, a tuba uterina apresenta 4 partes: intramural, istmo, ampola e infundíbulo — nesta última parte, estão localizadas as fímbrias, estruturas com aspecto de franjas que se movimentam próximo ao ovário e fazem a captação do óvulo. Já a fecundação acontece na ampola (porção mais dilatada da trompa).

As tubas uterinas têm 3 importantes funções na fertilidade: captar o óvulo, servir de local para a fertilização e transportar o embrião para a cavidade uterina. Portanto, são órgãos fundamentais no processo reprodutivo natural.

O que é hidrossalpinge?

A hidrossalpinge é uma complicação da salpingite, caracterizada pela dilatação das tubas uterinas em razão de um acúmulo de fluídos no interior do órgão. Pode ocorrer de forma unilateral ou bilateral.

Já a salpingite é uma inflamação nas trompas. O quadro faz parte da doença inflamatória pélvica (DIP), que pode ainda acometer outros locais, incluindo colo do útero, peritônio, endométrio e ovários.

Na maioria dos casos, a DIP é causada por patógenos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), principalmente clamídia e gonorreia. A salpingite e a hidrossalpinge, portanto, geralmente resultam da ação de microrganismos infecciosos, mas também podem decorrer de cirurgias tubárias.

De modo geral, alguns fatores de risco para a hidrossalpinge são: vida sexual ativa; prática de relações sexuais sem preservativos; múltiplos parceiros; presença de ISTs; diagnóstico anterior de DIP; histórico de cirurgias nas tubas uterinas.

A prevalência da hidrossalpinge é incerta, uma vez que nem todos os casos são notificados. O diagnóstico acontece quando a mulher realiza a investigação da infertilidade, passa por gestação ectópica ou apresenta sintomas relativos à DIP.

O diagnóstico de hidrossalpinge é determinante para a mulher que deseja engravidar, pois as complicações dessa condição incluem obstrução das tubas uterinas e infertilidade. É oportuno acrescentar que a endometriose é outra doença que provoca distorção e obstrução tubária em estágios avançados.

Como identificar a hidrossalpinge?

A hidrossalpinge é uma condição que pode demorar a ser identificada, em razão de seu caráter, muitas vezes, assintomático. Contudo, é importante observar os sintomas que possam indicar a presença de DIP, os quais incluem:

  • dor no baixo abdômen;
  • sangramento anormal (fora do período menstrual);
  • corrimento vaginal fétido e amarelado, sugestivo de infecção;
  • dor na relação sexual.

Outro sinal de hidrossalpinge é a dificuldade de engravidar. Isso ocorre porque a obstrução das tubas uterinas impede ou dificulta a chegada dos espermatozoides ao local onde está o óvulo. Ainda que um espermatozoide consiga passar e concluir a fecundação, o transporte do embrião para o útero também é prejudicado, aumentando o risco de gravidez ectópica.

Para evitar essas complicações e restaurar a fertilidade, a mulher deve realizar o diagnóstico e o tratamento logo que notar alguma alteração ginecológica. O especialista fará a avaliação dos sintomas e a solicitação de outros exames, como rastreio de infecções, ultrassonografia pélvica e histerossalpingografia.

É possível tratar a hidrossalpinge e engravidar com essa condição?

É possível fazer o tratamento cirúrgico da hidrossalpinge por meio de videolaparoscopia ginecológica. No entanto, nem todas as mulheres conseguem recuperar plenamente as funções tubárias e a fertilidade, de modo que outros fatores também são avaliados antes da indicação para a cirurgia. Além disso, quando as tubas estão severamente comprometidas, pode ser necessário retirar o órgão — o procedimento é chamado de salpingectomia.

A reprodução assistida também pode ajudar em casos de obstrução tubária por hidrossalpinge. O tratamento indicado é a fertilização in vitro (FIV), que segue várias etapas, começando pela estimulação do crescimento de múltiplos óvulos. A fecundação acontece em laboratório e, entre 2 e 5 dias depois, os embriões são transferidos diretamente para a cavidade uterina, portanto, não precisam passar pelas tubas.

Aproveite que está aqui e leia o texto sobre histerossalpingografia para conhecer as indicações e entender como o exame é realizado!


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