As funções corporais são reguladas por hormônios, substâncias produzidas e/ou secretadas por glândulas que compõem o sistema endócrino, que são liberadas na corrente sanguÃnea e viajam até os órgãos-alvo.
A tireoide é uma das maiores e mais importantes glândulas do sistema endócrino. Com um formato semelhante ao de uma borboleta, fica localizada no pescoço, abaixo da laringe, e produz hormônios que controlam o metabolismo das células, essenciais em diferentes processos, incluindo o reprodutivo.
Distúrbios da tireoide, portanto, podem comprometer a função reprodutiva de mulheres e homens, bem como afetar a saúde geral de diferentes formas. O hipotireoidismo está entre eles e pode resultar, muitas vezes, em infertilidade. Continue a leitura até o final e descubra como essa condição é diagnosticada. Confira!
Saiba mais sobre o hipotireoidismo e o que pode indicar a condição
O eixo hipotálamo-hipófise-tireoide é o responsável pelo controle dos hormônios tireoidianos. O hipotálamo, região localizada no encéfalo, centro do sistema nervoso, produz o hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que por sua vez estimula a hipófise, glândula localizada na base do cérebro, a produzir o hormônio estimulante da tireoide (TSH).
O TSH é liberado na corrente sanguÃnea e, quando atinge a tireoide, estimula a produção de triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4), os hormônios tireoidianos. Hipotireoidismo, é o distúrbio da tireoide caracterizado pela produção insuficiente desses hormônios, geralmente provocado pela tireoide de Hashimoto, uma doença autoimune em que anticorpos atacam por engano a glândula.
Outras causas de hipotireoidismo incluem:
- tumores na hipófise, geralmente benignos;
- histórico familiar;
- tratamento para o hipertireoidismo, condição contrária em que há um aumento na produção dos hormônios tireoidianos;
- câncer da tireoide e seus tratamentos;
- distúrbios hereditários que impedem a produção adequada;
- falta de iodo.
Além de atuar em órgãos do sistema reprodutor, como os ovários e testÃculos, responsáveis pela produção das células sexuais, óvulos e espermatozoides, os hormônios tireoidianos regulam, ainda, funções de outros importantes para a saúde geral, como coração, cérebro fÃgado e rins, interferindo, assim, em aspectos como peso, memória, humor, produção dos espermatozoides, desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos, que contém o óvulo primário ou imaturo.
Assim, quando os nÃveis estão abaixo do normal, o corpo sinaliza de diferentes formas. Observar os possÃveis sintomas do hipotireoidismo é uma das formas de saber se tem o distúrbio, contribuindo para diagnosticá-lo precocemente. Os mais comuns são:
- ganho de peso com dificuldades para emagrecer;
- cansaço extremo;
- irregularidades no ciclo menstrual;
- aumento do fluxo menstrual;
- problemas na potência sexual masculina;
- diminuição da libido;
- diminuição da memória;
- diminuição dos reflexos;
- diminuição da frequência cardÃaca;
- ressecamento da pele;
- queda de cabelo;
- intolerância ao frio;
- dores musculares;
- dor, rigidez ou inchaço nas articulações;
- inchaço na face;
- ressecamento da pele;
- queda de cabelo;
- rouquidão;
- glândula tireoide aumentada;
- elevação do colesterol;
- depressão;
- infertilidade.
O hipotireoidismo pode interferir de diferentes formas na fertilidade de homens e mulheres. O hormônios tireoidianos atuam no processo de desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos e na implantação do embrião, quando se fixa ao endométrio para dar inÃcio à gestação.
Vários folÃculos são recrutados a cada ciclo menstrual, no entanto, apenas um deles se desenvolve e amadurece o suficiente, liberando o óvulo durante a ovulação. Baixos nÃveis de hormônios tireoidianos podem comprometer esse processo, levando à distúrbios de ovulação como a anovulação, condição em que não ocorre a liberação do óvulo.
A cada ciclo menstrual o endométrio, tecido de revestimento interno do útero, também é preparado para receber um possÃvel embrião. O hipotireoidismo pode, da mesma forma, comprometer o preparo adequado, levando, nesse caso, a falhas na implantação e abortamento.
Nos homens, por outro lado, afeta principalmente processo de produção dos espermatozoides, espermatogênese, resultando em baixa concentração no sêmen, o que é chamado de oligozoospermia, ou ausência total, azoospermia.
O diagnóstico de hipotireoidismo é feito a partir do acolhimento dos sintomas e da realização de exames.
Exames e diagnóstico do hipotireoidismo
O hipotireoidismo é diagnosticado por dois exames que analisam amostras de sangue, o teste de TSH e os teste de T4. O diagnóstico de hipotireoidismo considera a elevação do TSH e o rebaixamento da tiroxina (T4):
- Teste de TSH: é realizado para avaliar os nÃveis de TSH, o hormônio estimulante da tireoide. NÃveis altos significa que a produção dos hormônios tireoidianos é insuficiente; a hipófise aumenta a liberação de TSH para estimular maior produção dos hormônios tireoidianos;
- Teste de T4: os hormônios circulam ligados (fração ligada) a diversos tipos de proteÃnas e na forma não ligada (fração livre). No caso dos hormônios tireoidianos, apenas a tiroxina livre, ou seja, não ligada a proteÃnas, consegue penetrar as células do corpo. NÃveis baixos, portanto, também indicam hipotireoidismo.
A infertilidade é igualmente considerada um sintoma, por isso, quando há dificuldades reprodutivas, são solicitados à s mulheres testes para avaliação da reserva ovariana, indicando a quantidade de folÃculos com capacidade para ovular, e, aos homens, o espermograma, exame que analisa a saúde seminal e dos espermatozoides.
A abordagem terapêutica mais adequada em cada caso é definida a partir dos resultados diagnósticos.
Tratamento e reprodução assistida
Todos os casos de hipotireoidismo devem ser tratados por reposição hormonal, os resultados diagnósticos orientam as dosagens adequadas para cada paciente. O tratamento é vitalÃcio, ou seja, os medicamentos devem ser administrados diariamente durante toda a vida, embora as dosagens sejam ajustadas com o tempo.
O tratamento proporciona o alÃvio dos sintomas, devolvendo a qualidade de vida para os pacientes, porém nem sempre a fertilidade é restaurada. Se a dificuldade de engravidar permanecer, entretanto, ainda é possÃvel ter filhos biológicos com auxÃlio da reprodução assistida.
A técnica mais indicada quando a infertilidade é consequência do hipotireoidismo é a fertilização in vitro (FIV), a mais avançada entre as técnicas de reprodução assistida.
Na FIV, a fecundação é realizada em laboratório. Óvulos e espermatozoides são anteriormente coletados e selecionados e durante o processo cada gameta masculino é injetado diretamente no feminino. Se os espermatozoides não estiverem presentes no sêmen, é possÃvel coletá-los diretamente dos testÃculos ou dos epidÃdimos.
Os embriões formados, após alguns dias de desenvolvimento são transferidos ao útero materno. Antes da transferência, o endométrio pode ser preparado por medicamentos hormonais, reduzindo, assim, as chances de ocorrerem falhas na implantação.
Pessoas com infertilidade consequente do hipotireoidismo, portanto, podem contar com a FIV para ter filhos quando há o desejo de engravidar. As chances de sucesso gestacional são as mais altas da reprodução assistida.
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