A endometriose é uma doença feminina de caráter inflamatório. Crônica e complexa, sua principal caracterÃstica é o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero fora do órgão, geralmente em locais próximos como o peritônio, ovários, tubas uterinas, ligamentos uterossacros, ureteres, bexiga e intestino.
A presença do tecido anormal causa um processo inflamatório no local e a manifestação de diferentes sintomas dolorosos que comprometem a qualidade de vida das mulheres portadoras, além de ser fortemente associada à infertilidade feminina. Atualmente, é considera inclusive a principal causa.
Embora tenha sido descrita pela primeira vez no final do século XIX em 1860, pelo médico e patologia alemão Carl Von Rokitansky, que, enquanto analisava um material de necropsia percebeu a presença do tecido ectópico, sua causa exata ainda permanece desconhecida pela ciência.
No entanto, desde o primeiro relato a doença foi amplamente estudada e diversas teorias surgiram para justificar o seu surgimento. A mais aceita pela comunidade cientÃfica é a da menstruação retrógada, embora diferentes fatores de risco sejam ainda associados ao crescimento do tecido ectópico.
Continue a leitura até o final para conhecer as possÃveis causas da endometriose. Confira!
O que é menstruação retrógada?
O endométrio é um tecido epitelial altamente vascularizado, que é preparado durante os ciclos menstruais pelos hormônios femininos estrogênio e progesterona. Nessa camada uterina o embrião se fixa marcando o inÃcio da gravidez. Quando não há fecundação, descama originando a menstruação e seus fragmentos são eliminados junto com o sangre menstrual.
Algumas vezes, em vez de sair pelo útero o sangue menstrual pode retornar pelas tubas uterinas. Esse fluxo reverso, chamado de menstruação retrógada, se tornou a principal teoria para explicar o surgimento da endometriose, uma vez que os fragmentos endometriais também retornam junto com sangue menstrual, implantando-se em outros locais.
No entanto, a maioria da mulheres experimenta eventualmente esse fenômeno durante a idade reprodutiva e apenas um percentual desenvolve a doença. Assim, estudos demonstraram que além da menstruação retrógada a endometriose está ainda associada a outros fatores de risco, hormonais ou imunológicos.
Sabe-se hoje, por exemplo, que o tecido anormal também reage à ação do estrogênio, como o endométrio eutópico, o que motiva o desenvolvimento da doença. Por isso, a exposição por mais tempo ao hormônio é considerada um dos principais fatores de risco. Veja as situações que podem levar ao quadro:
- primeira menstruação precoce;
- menopausa tardia;
- não ter tido filhos (nuliparidade);
- longos intervalos entre gestações.
Outro fator de risco apontado é a genética; uma maior incidência da doença em filhas de mulheres portadoras também foi observada por diferentes estudos.
Como a endometriose pode afetar mulheres de qualquer idade, inclusive meninas na pré-puberdade, outra teoria passou a ser igualmente reconhecida pela comunidade cientÃfica, a da metaplasia celômica, que explica o surgimento da endometriose a partir da transformação das células indiferenciadas do epitélio celomático, que forma os cordões sexuais primitivos, em glândulas e estroma endometriais, o que ocorre por estÃmulos hormonais.
Por ser uma doença de crescimento lento e normalmente assintomática nos estágios iniciais a endometriose é diagnosticada tardiamente na maioria dos casos. Porém, com o desenvolvimento um processo inflamatório, consequente da presença anormal dos implantes endometriais, pode levar à manifestação de diferentes sintomas, de acordo com o local de crescimento, muitas vezes dolorosos:
- cólicas severas antes e durante a menstruação (dismenorreia), que podem ser incapacitantes;
- dor pélvica crônica: à medida que a doença se desenvolve as cólicas também passam a ocorrer fora do perÃodo menstrual;
- dor durante as relações sexuais (dispareunia de profundidade);
- dor ao urinar e aumento da frequência urinária;
- constipação, dor ao evacuar e presença de sangue nas fezes;
- infertilidade.
A infertilidade pode ocorrer mesmo nos estágios iniciais, quando as lesões são planas e rasas presentes apenas no peritônio, membrana que recobre as paredes da cavidade pélvica e a superfÃcie dos órgãos que abriga, e são
O processo inflamatório pode comprometer o preparo do endométrio. Dessa forma, o embrião não consegue se implantar, levando ao abortamento. Interfere, ainda, no desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos, estruturas que abrigam o óvulo e rompem para liberá-lo nos ciclos menstruais.
À medida que os implantes invadem os órgãos, novos problemas surgem. Nos ovários, por exemplo, além dos distúrbios ovulatórios, há a formação de cistos preenchidos pelo tecido ectópico e sangue envelhecido, os endometriomas, no córtex ovariano, região em que os folÃculos ficam abrigados. Quando crescem ou se espalham, podem causar danos nos que estão ao redor, levando à redução e infertilidade permanente em alguns casos.
Nas tubas uterinas, causa a formação de aderências ou lÃquidos no interior (hidrossalpinge), que provocam obstruções, impedindo o transporte dos gametas (óvulo e espermatozoides) para que a fecundação aconteça.
No quadro mais grave de endometriose os implantes já se infiltraram profundamente. Estão presentes também aderências mais densas, bem como endometriomas e lesões rasas, caracterÃsticos de outros estágios, interferindo na capacidade reprodutiva de diversas formas.
Tratamento e reprodução assistida
O tratamento da endometriose em estágios iniciais, quando os sintomas são mais leves, pode ser feito por medicamentos ou pela relação sexual programada (RSP), a mais simples das técnicas de reprodução assistida, de acordo com o desejo da mulher de engravidar no momento.
Medicamentos hormonais, como as pÃlulas contraceptivas, são prescritos para suspender a menstruação e evitar a exposição ao estrogênio, enquanto a RSP auxilia a gravidez nos em que a doença provou distúrbios ovulatórios menos graves, como a ovulação irregular, condição denominada oligovulação.
Já quando há sintomas severos ou desejo de engravidar, a cirurgia pode ser indicada para remoção de implantes, aderências e/ou endometriomas.
Se a mulher não conseguir engravidar após a remoção, a FIV (fertilização in vitro), principal técnica, passa a ser a indicação. Pode ser ainda opção primária, uma vez que proporciona o tratamento de praticamente todos os fatores de infertilidade, independentemente da gravidade do quadro.
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