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O que é cólica? Pode ser sinal de infertilidade?

por Dr. Augusto Bussab



"Ainda que a maioria das pessoas tenham conhecimento sobre a importância dos sintomas para o diagnóstico precoce de doenças e condições que podem afetar a saúde geral e reprodutiva, ainda existem muitas dúvidas sobre a cólica, especialmente sobre sua relação com a infertilidade. Cólica é uma […]"
O que é cólica? Pode ser sinal de infertilidade?

Ainda que a maioria das pessoas tenham conhecimento sobre a importância dos sintomas para o diagnóstico precoce de doenças e condições que podem afetar a saúde geral e reprodutiva, ainda existem muitas dúvidas sobre a cólica, especialmente sobre sua relação com a infertilidade.

Cólica é uma dor em espasmos, contrações musculares involuntárias. Geralmente, ocorre em órgãos ocos como o útero, intestino ou ureteres e varia em intensidade.

Existem alguns tipos de cólica, incluindo a de bebês recém-nascidos, a intestinal, a renal e a biliar, porém a mais conhecida é a chamada cólica menstrual, experimentada pelas mulheres antes e durante o período menstrual, denominada clinicamente como dismenorreia primária.

Apesar de ser normal durante a menstruação, é um dos principais sintomas de condições que afetam as mulheres durante a idade reprodutiva, fase localizada entre a puberdade e a menopausa em que é possível obter a gravidez. Nesse caso, é chamada de dismenorreia secundária, ou seja, não ocorre em decorrência da menstruação.

Continue a leitura até o final para esclarecer as dúvidas sobre cólica e infertilidade. Confira!

Cólica e infertilidade

Durante os ciclos menstruais o endométrio, um tecido epitelial altamente vascularizado que reveste o útero internamente é preparado por hormônios para receber um possível embrião formado na fecundação; nessa camada ele se implanta para dar início à gestação. Quando não há fecundação descama originando a menstruação e o início e um novo ciclo menstrual.

A cólica menstrual ocorre na região pélvica e é provocada pela liberação da prostaglandina, substância que estimula a contração uterina para a eliminação dos fragmentos do endométrio pelo sangramento. Quanto mais altos os níveis dessa substância maior é a intensidade da dor. Assim, em algumas mulheres elas podem ser mais leves, em outras severas e incapacitantes interferindo muitas vezes na qualidade de vida.

Nem sempre a intensidade da cólica sugere a possibilidade de doenças, no entanto, quando há aumento súbito na severidade das cólicas menstruais e se a cólica passar a ocorrer fora do período menstrual, é importante procurar auxílio médico para investigar o motivo.

Envolvidas em diferentes processos fisiológicos, incluindo vasodilatação ou vasoconstrição, contração ou relaxamento da musculatura, as prostaglandinas ajudam a mediar a resposta do sistema imunológico quando há um agente agressor. São compostos lipídicos com efeitos no corpo semelhantes aos dos hormônios, produzidas pelas células após sinais de lesão ou doença.

Entre as condições que podem provocar o aumento dos níveis de prostaglandina estão os processos inflamatórios consequentes de doenças e condições que afetam o sistema reprodutor feminino.

Exemplos incluem a endometriose, os miomas uterinos e pólipos endometriais, doenças estrogênio-dependentes, cujo desenvolvimento é motivado pelo hormônio, e a DIP (doença inflamatória pélvica). Todas têm a cólica como um dos seus principais sintomas.

  • endometriose: crônica e inflamatória, a endometriose tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero, geralmente em locais próximos. A dor pélvica é o sintoma mais marcante da doença, inicialmente percebida pelo aumento da severidade da cólica menstrual, porém com o seu desenvolvimento passa a ocorrer fora dos períodos menstruais, tornando-se crônica;
  • miomas uterinos: formados a partir de uma única célula do miométrio, camada muscular intermediária do útero, miomas são tumores benignos, entretanto sua presença pode causar um processo inflamatório, interferindo na fertilidade de acordo com a região do útero que crescem;
  • pólipos endometriais: benignos na maioria dos casos, os pólipos endometriais são projeções do endométrio e podem se espalhar por toda a cavidade uterina, bem como atingir tamanhos maiores quando são únicos ou estão presentes em menor quantidade. A presença dos pólipos também pode causar um processo inflamatório no endométrio;
  • doença inflamatória pélvica (DIP): como o nome indica, a DIP pode causar inflamações em todos os órgãos reprodutores, que ficam localizados na região pélvica e normalmente é provocada por infecções sexualmente transmissíveis, como a clamídia e a gonorreia.

Além de terem a cólica como um do principais sintomas, essas condições frequentemente afetam mulheres em idade fértil e podem comprometer a capacidade reprodutiva de diferentes formas, causando desde distúrbios ovulatórios e obstruções tubárias, que impedem a fecundação, a interferências na implantação do embrião, resultando, nesse caso, em falhas e abortamento.

Contudo, ainda que sejam fortemente associadas à infertilidade feminina, as técnicas de reprodução assistida podem auxiliar a gravidez, com percentuais bastante expressivos de sucesso gestacional.

Infertilidade e reprodução assistida

A reprodução assistida é considerada o tratamento padrão quando há problemas de infertilidade, com técnicas que permitem o tratamento dos fatores mais leves aos mais graves.

A relação sexual programa (RSP), por exemplo, considerada de baixa complexidade por prever a fecundação em laboratório, aumenta as chances de gravidez quando processos inflamatórios interferem na função ovariana, levando a irregularidades na ovulação, liberação do óvulo durante os ciclos menstruais.

Já a FIV, fertilização in vitro, mais complexa, prevê a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões em laboratório, posteriormente transferidos diretamente ao útero materno. Dessa forma, permite solucionar praticamente todos os fatores de infertilidade, independentemente da gravidade, bem como atende a outras necessidades reprodutivas.

Siga o link e saiba tudo sobre a FIV, das indicações aos percentuais de sucesso gestacional!


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