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SOP e estimulação ovariana: alternativa para o tratamento da infertilidade

por Dr. Augusto Bussab



"A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino em que há níveis elevados de determinados hormônios na corrente sanguínea, principalmente de testosterona, hormônio sexual predominantemente masculino, também produzido em pequenas quantidades pelos ovários. Com o desequilíbrio hormonal, formam-se múltiplos cistos nos ovários e […]"
SOP e estimulação ovariana: alternativa para o tratamento da infertilidade

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino em que há níveis elevados de determinados hormônios na corrente sanguínea, principalmente de testosterona, hormônio sexual predominantemente masculino, também produzido em pequenas quantidades pelos ovários.

Com o desequilíbrio hormonal, formam-se múltiplos cistos nos ovários e ocorrem outros efeitos, como a menstruação irregular e até mesmo a anovulação, que é a ausência de ovulação. Além disso, o aumento da testosterona leva ao desenvolvimento de características masculinas, como o aumento de pelos na face, seios e costas, fenômeno conhecido como hirsutismo, queda de cabelo, presença excessiva de acnes e ganho anormal de peso.

As causas da SOP ainda não são bem estabelecidas, porém a doença geralmente é relacionada a uma resistência do corpo à absorção de insulina, comum em mulheres obesas. Quando a mulher é pouco sensível a esse hormônio, importante para o metabolismo da glicose, há um aumento na produção e, consequentemente, nos níveis de testosterona, o que pode resultar em quadros de hiperandrogenismo.

A genética também está entre os fatores de riscos. Atualmente, sabe-se que a ocorrência de SOP é bastante frequente em duas ou mais mulheres de uma mesma família.

A síndrome dos ovários policísticos é bastante comum e afeta cerca de 6% a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Quando ela não é tratada, as consequências podem se de curto ou longo prazo, levando a mulher à infertilidade. No entanto, nem todas as mulheres com SOP têm a capacidade reprodutiva alterada.

Neste texto, vamos abordar a relação da SOP com a fertilidade feminina e como a estimulação ovariana pode ajudar na busca pela gravidez! Continue a leitura até o final!

SOP e infertilidade

Os sintomas da SOP podem ser brandos ou mais agudos. Contudo, é comum que as mulheres com a doença deem prioritariamente mais atenção às consequências em sua saúde reprodutiva.

Ainda que nem todas mulheres tenham a fertilidade afetada, observa-se a ocorrência considerável de infertilidade, devido aos frequentes ciclos anovulatórios característicos da doença.

Isso é motivado pelas alterações hormonais características dessa síndrome. Com a ausência de ovulação, os folículos imaturos que foram recrutados durante o ciclo menstrual podem se acumular nos ovários, levando à formação dos múltiplos cistos, embora isso não aconteça em todos os casos.

O folículo ovariano é uma pequena bolsa que contém um óvulo. É necessário que ele se desenvolva, amadureça e rompa para que o óvulo seja liberado e se encaminhe em direção das tubas uterinas para ser fertilizado pelo espermatozoide. Quando o óvulo não é liberado, não há como acontecer a gravidez.

Por isso, é importante reforçar a importância da observação aos sintomas citados. O diagnóstico da SOP é baseado nos critérios de Roterdã: hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial; oligo-amenorreia (alterações mentruais); ovários policísticos à ultrassonografia.

O que é estimulação ovariana?

A estimulação ovariana é um procedimento utilizado em todas as técnicas de reprodução assistida. Tem um papel importantíssimo na fase inicial, pois consiste em estimular o desenvolvimento de mais folículos, obtendo, assim, mais óvulos maduros em cada ciclo menstrual.

Para isso, utiliza medicamentos hormonais, mas a dosagem varia de acordo com a complexidade da técnica da reprodução assistida.

Casos de mulheres com SOP que apresentam apenas uma diminuição na ovulação, condição chamada oligovulação, em que os óvulos são liberados em alguns ciclos, geralmente são tratados por técnicas de menor complexidade, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA). Nelas, a intenção é obter até no máximo três óvulos, pois a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas. Assim, a dosagem utilizada é mais baixa.

O desenvolvimento dos folículos é acompanhado por exames de ultrassonografia realizados periodicamente. No momento que eles atingem o tamanho ideal, novos medicamentos são administrados para induzi-los ao amadurecimento final e rompimento ou ovulação.

Dessa forma, os exames indicam o período mais fértil, período em que a relação sexual deve ser intensificada na RSP ou os espermatozoides transferidos ao útero na IA.

Na fertilização in vitro (FIV), por outro lado, técnica mais complexa, o objetivo é obter um número maior de óvulos, por isso as dosagens hormonais são mais altas. Após a indução da ovulação, que ocorre em aproximadamente 35 horas, os folículos maduros são coletados por aspiração folicular, para posterior extração e seleção dos óvulos em laboratório.

O sêmen do parceiro é simultaneamente coletado e as amostras submetidas ao preparo seminal para a seleção dos espermatozoides de maior qualidade, procedimento também realizado na IA.

Após serem selecionados, a fecundação é realizada em laboratório. Os embriões resultantes são posteriormente cultivados por alguns dias e podem ser transferidos ao útero em dois estágios de desenvolvimento: D3 ou blastocisto.

No primeiro, também chamado clivagem, existem poucas células ainda em processo de divisão, enquanto no segundo as células já estão formadas e divididas por função. A escolha é feita de acordo com cada caso.

Em todas as técnicas, portanto, a estimulação ovariana se mostra imprescindível para a fertilização em mulheres com a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Graças a esse método, uma das principais consequências da SOP, a ocorrência de ciclos anovulatórios, que acaba provocando infertilidade, pode ser contornada.

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