A fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) causou mudanças significativas no tratamento da infertilidade masculina. O procedimento permite a injeção de um único espermatozoide diretamente no óvulo, aumentando as chances para uma gravidez bem-sucedida.
TESE e Micro-TESE são técnicas cirúrgicas para coletar os gametas masculinos diretamente dos testÃculos em homens com azoospermia não obstrutiva, ou seja, que não produzem ou têm baixa produção de espermatozoides.
A azoospermia é uma condição que afeta cerca de 15% dos homens inférteis e é classificada como não-obstrutiva e obstrutiva. Ambas são caracterizadas pela ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado.
Neste post, vou explicar o funcionamento desses dois procedimentos, importantes para aumentar a possibilidade de encontrar espermatozoides viáveis em pacientes com azoospermia não obstrutiva.
Azoospermia não obstrutiva e obstrutiva
Classificada como não obstrutiva e obstrutiva, a azoospermia também é dividida em categorias.
Relatada em cerca de 60% dos pacientes azoospérmicos e 15% de todos os homens inférteis, a azoospermia <não obstrutiva pode ser pré-testicular – provocada por baixos nÃveis hormonais, problemas genéticos, distúrbios do hipotálamo ou glândula pituitária – ou, testicular, quando danos nos testÃculos impedem a produção normal de espermatozoides.
A azoospermia testicular pode ser causada por diferentes condições:
- Infecções no trato reprodutivo;
- Doenças infantis na puberdade, como a caxumba;
- Lesões na virilha;
- Neoplasias e seus tratamentos;
- Varicocele;
- Genética;
- Doenças como o diabetes, a cirrose ou a insuficiência renal.
Já a azoospermia obstrutiva é definida como pós-testicular. Ocorre quando uma obstrução no trato reprodutivo impede que o espermatozoide seja transportado para o lÃquido seminal. É relatada em cerca de 40% dos homens com azoospermia.
O que é TESE e como funciona o procedimento?
TESE (testicular sperm extraction) ou extração de espermatozoides dos testÃculos é um método cirúrgico aberto para a extração de espermatozoides testiculares de homens inférteis, indicado principalmente nos casos de azoospermia não obstrutiva. Os espermatozoides são extraÃdos a partir de uma biópsia do tecido testicular.
A coleta é feita geralmente a olho nu e o procedimento pode ser realizado em ambiente laboratorial, com o uso de anestesia local.
Para que os espermatozoides sejam extraÃdos, é feita uma incisão na bolsa que envolve os testÃculos, expondo-os. São coletados então fragmentos dos túbulos seminÃferos para análise. Se não forem identificados espermatozoides, são feitas novas análises em outras áreas do mesmo testÃculo ou do outro.
O procedimento é finalizado com a recolocação do testÃculo na bolsa testicular e o fechamento de todas as camadas.
O êxito apontado por estudos para recuperação de espermatozoides com a utilização da TESE é de aproximadamente 40%, com biopsia única. Já as chances de gravidez para os casais que se submeteram ao tratamento de FIV com ICSI utilizando TESE é de 37%.
O que é Micro-TESE e como funciona o procedimento?
A Micro-TESE (microsurgical testicular sperm extraction) ou extração de espermatozoides testicular microcirúrgica também é uma cirurgia de biópsia testicular aberta, similar à TESE, cujo princÃpio baseia-se na realização de biópsias testiculares dirigidas por microcirurgia.
O que diferencia os dois procedimentos é a utilização de um microscópio que permite aumentar em até 25 vezes os túbulos seminÃferos.
A Micro-TESE é considerada o método padrão-ouro para a recuperação de espermatozoides cirúrgicos em pacientes com azoospermia não obstrutiva. Foi descrita pela primeira vez em 1999 e representa uma evolução da TESE convencional.
Durante o procedimento, com o uso de um microscópio operacional, é possÃvel identificar e extrair seletivamente túbulos seminÃferos, que têm maior probabilidade de abrigar os espermatozoides. É idealmente realizado sob anestesia geral, em ambiente hospitalar.
A técnica pode melhorar a taxa de recuperação espermática em comparação com a biópsia convencional de TESE, além de ser menos invasiva e evitar danos aos vasos testiculares. Permite, ao mesmo tempo, a extração de uma quantidade menor do tecido e, consequentemente, menor prejuÃzo à estrutura dos testÃculos.
De acordo com estudos publicados pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), o percentual médio de recuperação de espermatozoides pela Micro-TESE em pacientes seis meses após a realização da TESE foi de 83% e 67%, respectivamente.
Quando TESE e Micro-TESE são indicadas?
Ambos os procedimentos fazem parte do tratamento de FIV com ICSI, em que um único espermatozoide previamente selecionado é introduzido dentro do óvulo para que haja a fecundação.
São indicadas para casais inférteis, em que o problema é provocado por fator masculino causado por azoospermia não obstrutiva.
Os espermatozoides extraÃdos podem ser utilizados a fresco ou congelados para procedimentos futuros. No primeiro caso, entretanto, a coleta dos gametas masculinos deve estar articulada com a dos gametas femininos, que envolve também a estimulação ovariana.
Somente após a seleção dos melhores gametas (espermatozoides e óvulos) é que acontece o processo de fertilização.
Após a fecundação, os embriões poderão ser transferidos para o útero em dois estágios: o de clivagem, também chamado D3, que acontece entre o segundo e o terceiro dias de desenvolvimento; e o de blastocisto, entre o quinto e sexto dias, quando já há um maior número de células formadas.
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