Para a gravidez ser bem-sucedida, os órgãos do sistema reprodutor feminino e masculino devem funcionar corretamente. No caso das mulheres, além dos ovários, tubas uterinas e útero, durante a gravidez ocorre a formação da placenta, órgão temporário que existe somente nesse perÃodo.
Um órgão complexo e importante por si só, a placenta tem efeitos profundos na saúde e desenvolvimento fetal no perÃodo gestacional. Desempenha papéis importantes, desde possibilitar a troca de nutrientes, gases e resÃduos entre a mãe e o feto, à função endócrina, produzindo hormônios que regulam a fisiologia de ambos.
Este texto aborda sobre a placenta, destacando sua formação e função, na gestação natural e tratamentos de reprodução assistida. Continue a leitura até o final para saber mais!
O que é a placenta e qual a sua função?
A placenta é um órgão temporário que conecta o feto ao útero durante a gravidez. Se liga ao endométrio e dela surge o cordão umbilical, permitindo trocas essenciais de nutrientes, gases e resÃduos pela circulação materna.
Assim, é composta por partes materna e fetal, que são conhecidas como placas basal e coriônica, respectivamente. Os nutrientes são trocados pelo sangue materno, que não se mistura ao fetal por serem separados por artérias e capilares.
Geralmente, tem formato de disco, com uma cor azul-avermelhada escura, aproximadamente 22 cm de comprimento por 2 cm de espessura e pesa cerca 500 gramas. O cordão umbilical, que promove a conexão, tem mais ou menos 60 cm de comprimento e é constituÃdo por duas artérias e uma veia, que se inserem na placa coriônica, se ramificam sobre a superfÃcie da placenta e se dividem para formar uma rede coberta por uma fina camada de células.
Dessa forma, o cordão umbilical proporciona a passagem do sangue do feto pela placenta, local em que é oxigenado e recebe nutrientes, retornando novamente.
A placenta também possui função endócrina e imunológica, produzindo hormônios que mantêm a gestação, ajudam no desenvolvimento fetal e preparam o corpo da mãe para o parto, ao mesmo tempo que forma uma barreira impedindo a passagem de determinadas substâncias do sangue materno.
Na maioria dos casos, a placenta está ligada à parte superior, lateral, frontal ou posterior do útero. Em casos raros, entretanto, pode se fixar na inferior, o que é chamado de placenta prévia.
Veja abaixo as principais funções desse órgão, fundamental para a saúde e desenvolvimento do feto:
- fornece oxigênio e nutrientes para o feto;
- remove resÃduos nocivos e dióxido de carbono do feto;
- produz hormônios que ajudam no desenvolvimento fetal, na manutenção da gestação e preparam o corpo da mãe para o parto;
- transmite fatores de imunidade da mãe para o feto;
- ajuda a proteger o feto.
Entenda quando e como a placenta se forma
Quando ocorre a fecundação, ou seja, união entre óvulo e espermatozoide, o embrião formado sofre sucessivas divisões celulares ainda nas tubas uterinas, que determinam diferentes estágios de desenvolvimento enquanto é transportado ao útero.
Chega ao útero entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, fase chamada blastocisto, em que já possui centenas de células formadas e divididas por função. Nessa fase, se implanta no endométrio para dar inÃcio à gestação.
O trofoblasto, camada celular externa, vai formar a parte embrionária da placenta, enquanto o embrioblasto, grupo celular (blastômeros) localizado centralmente, vai originar o embrião propriamente dito.
Os eventos que vão originar a placenta são chamados de placentação e iniciam com a implantação do embrião, que pode ocorrer até o 12º dia de gestação. Nesse processo, as células do trofoblasto diferenciam-se em citotrofoblasto e sinciociotrofoblasto.
As células do sinciciotrofoblasto, liberam enzimas que provocam um processo de erosão no endométrio, migrando em seu espaço e formando lacunas, enquanto o citotrofoblasto prolifera-se e forma feixes celulares que vão ocupando as lacunas até o contato com a região basal do endométrio.
Esses feixes, chamados de vilosidades primárias, evoluem por diferentes eventos para vilosidades terciárias, cujos vasos interligam-se com os embrionários e, assim, formam juntos uma circulação que proporciona a obtenção de nutrientes do sangue materno para o feto.
O estabelecimento completo da circulação materno placentária ocorre aproximadamente no final do terceiro trimestre de gestação. O órgão passa, então, a nutrir o feto durante todo o seu desenvolvimento.
Após a formação da placenta, a camada de células do sinciciotrofoblasto permanece revestindo as vilosidades coriônicas e responde pela produção de hormônios, como a gonadotrofina coriônica humana, progesterona, relaxina e lactogênios.
- gonadotrofina coriônica humana (hCG): é fundamental para a manutenção e a adaptação imunológica da gravidez;
- relaxina: amolece as articulações e ligamentos pélvicos para permitir a distensão do útero conforme o feto cresce e ajudar na passagem do bebê;
- progesterona: também é importante na manutenção da gravidez, inibindo as contrações uterinas, impedindo a expulsão do feto, além de ajudar na preparação das mamas para iniciarem a produção de leite materno posteriormente ao parto;
- lactogênio placentário: responsável pelo desenvolvimento das glândulas mamárias maternas durante a gestação, permitindo a produção de leite.
A placenta é expelida logo depois do nascimento do bebê. Quando ocorre por parto é normal, o útero continua a se contrair para que isso aconteça. Por cesariana, é removida pela mesma incisão.
Como a placenta se forma na reprodução assistida?
As três principais técnicas de reprodução assistida disponÃveis atualmente são a relação sexual programada (RSP), a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV). As duas primeiras são consideradas de baixa complexidade, pois a fecundação acontece de forma natural, nas tubas uterinas.
Já a FIV, de maior complexidade, prevê a fecundação em laboratório com posterior transferência dos embriões formados ao útero materno.
Assim, nas técnicas de baixa complexidade as intervenções acontecem apenas para facilitar a fecundação e, quando há sucesso, todas as etapas posteriores são idênticas as que ocorrem na gestação espontânea, inclusive a formação da placenta.
Apesar de a FIV proporcionar um controle maior das etapas iniciais, fecundação e desenvolvimento embrionário, a partir da transferência do embrião ao útero ele deve realizar o processo de implantação no endométrio naturalmente, o que significa que a formação da placenta também acontece de forma natural.
Tanto na gestação natural quanto na reprodução assistida, portanto, podem acontecer problemas placentários, o que pode levar a hemorragias e partos por cesariana.
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A gravidez é um processo complexo, que envolve diferentes elementos, por isso é comum várias dúvidas surgirem durante a tentativa de engravidar. Termos como gônadas, gametas, embrião, mórula, blastocisto, fecundação, nidação e eclosão, por exemplo, são frequentemente utilizados em referência ao processo, por profissionais de […]
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