Diversas patologias podem provocar alterações no sistema reprodutor feminino, dificultando a concepção e o desenvolvimento da gravidez. A endometrite, processo inflamatório que ocorre no endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina, está entre elas.
A endometrite é classificada como aguda e crônica. Na fase aguda, manifesta sintomas como sangramento anormal, febre, corrimento alterado e abundante. Na fase crônica, é assintomática na maioria dos casos.
Mesmo que a endometrite seja uma condição facilmente tratada, quando não recebe tratamento adequado, pode se tornar crônica. Por ser assintomática, dificulta o diagnóstico aumentando o risco para diferentes complicações, entre elas a infertilidade.
Para saber mais sobre a endometrite, continue a ler este texto. Ele aborda desde os sintomas que indicam a necessidade de procurar auxÃlio médico, à s causas, diagnóstico e tratamento.
Quais sintomas a endometrite manifesta?
Além do sangramento vaginal anormal e corrimento vaginal com odor intenso e abundante, a endometrite causa um mal-estar geral e a manifestação de outros sintomas, como inchaço abdominal, dor em cólica no abdome inferior, dor no perÃneo, região entre a vagina e o ânus, febre ou calafrios e constipação. A dispareunia, dor durante as relações sexuais, também é bastante comum.
Principais caracterÃsticas da endometrite
A endometrite pode provocar um grande impacto na saúde reprodutiva feminina. A inflamação do endométrio tende a causar cicatrizes, que aumentam a probabilidade de abortos repetidos, pois dificultam a implantação do embrião e o desenvolvimento normal da gestação.
A endometrite aguda geralmente resulta de intervenções cirúrgicas ou médicas no útero ou colo uterino, inclusive o parto, principalmente quando ocorre por cesariana, embora o parto normal e aborto também possam provocar a infecção.
Os procedimentos facilitam a ascensão de bactérias presentes na vagina ou do trato gastrointestinal, normalmente protegidas pelo muco cervical, causando o processo infeccioso. Além disso, infecções sexualmente transmissÃveis (IST), como clamÃdia e gonorreia, e o agente da tuberculose estão ainda entre os fatores de risco.
Da mesma forma, é uma das principais consequências da doença inflamatória pélvica (DIP), que, na maioria dos casos, surge como resultado de infecções sexualmente transmissÃveis.
Outras infecções nos órgãos reprodutores femininos também podem causar a endometrite aguda, como a inflamação dos ovários, chamada ooforite, e das tubas uterinas, salpingite.
Quando a inflamação do endométrio se torna persistente e os patógenos bacterianos permanecem na cavidade uterina, a endometrite é classificada como crônica. A prevalência de endometrite crônica em pacientes inférteis é relatada por diferentes estudos.
A endometrite crônica, da mesma forma que provoca a infertilidade, pode causar outras complicações, como a formação de abscessos e infecção na cavidade pélvica, ou um estado infeccioso generalizado (septicemia), potencialmente perigoso.
No entanto, a endometrite pode ser prevenida. A administração de antibióticos antes de intervenções cirúrgicas evita a possibilidade de infecção, ao mesmo tempo que o uso de preservativos, femininos ou masculinos, inibe a transmissão de IST.
Qual a diferença entre endometrite e endometriose?
Embora as condições sejam frequentemente confundidas, elas são bastante diferentes. Na endometriose, há um crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, mais comumente em órgãos como ovários e tubas uterinas, e, de forma menos comum, em outros órgãos da cavidade abdominal.
A endometrite, por outro lado, é caracterizada pela inflamação do endométrio, é uma condição mais fácil de ser tratada, principalmente quando descoberta precocemente.
Além disso, os sintomas manifestados sinalizam mais facilmente para a presença de infecção, comprometendo em menor proporção a qualidade de vida das mulheres, quando comparada à endometriose.
Diagnóstico e tratamento da endometrite
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Na maioria das vezes, a suspeita de endometrite é apontada pelo exame ginecológico de rotina, a partir de caracterÃsticas, como a presença de secreções ou sensibilidade uterina, que indicam infecção. A avaliação dos sintomas também contribui para o diagnóstico inicial.
A confirmação de endometrite é feita a partir da realização de diferentes testes, laboratoriais e de imagem, que determinam ao mesmo tempo a causa que provocou o processo inflamatório.
O exame de sangue, além de revelar a presença de bactérias que podem ter causado a inflamação, avalia ainda o grau da inflamação. A análise das secreções e o exame de urina são geralmente realizados para detectar a presença de infecções sexualmente transmissÃveis (IST).
Já os exames de imagem, além de confirmar a endometrite, excluem a possibilidade de outras patologias, que podem provocar sintomas semelhantes. Os mais comumente realizados são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética (RM).
A histeroscopia ambulatorial também pode ser solicitada, de acordo com cada caso. O exame possibilita uma avaliação mais detalhada da cavidade uterina, além de facilitar a coleta de uma amostra do tecido endometrial, importante para confirmação do diagnóstico.
Atualmente, o teste ALICE, uma ferramenta molecular que analisa por NGS (next generation sequencing) a amostra do tecido endometrial, possibilita a identificação das principais bactérias patogênicas associadas à endometrite crônica.
O resultado diagnóstico proporcionado pelo teste contribui, inclusive, para a definição do antibiótico mais adequado, uma vez que o tratamento padrão para a endometrite é a administração de antibióticos, indicados de acordo com a bactéria que causou o problema.
Quando a endometrite for causada por ISTs, recomenda-se o tratamento do parceiro. As orientações sobre a dosagem, horários e ciclos de tratamento devem ser rigorosamente seguidas, para garantir que a infecção seja totalmente erradicada.
A técnica mais utilizada é a histeroscopia, que além de possibilitar o diagnóstico mais preciso também é cirúrgica. A indicação, inclusive, é a de que diagnóstico e cirurgia sejam realizados durante o mesmo procedimento. A prática é conhecida pela medicina moderna como see and treat ou ver e tratar.
Os abscessos são drenados com a utilização de uma agulha, enquanto os fragmentos ou aderências são extraÃdos.
Após o tratamento, as taxas de gravidez são bastante expressivas. Quando isso não acontece, ou se o processo inflamatório provocar danos mais graves aos órgãos reprodutores, é possÃvel, ainda, recorrer a técnicas de reprodução assistida.
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