Entre os órgãos reprodutores femininos o útero é considerado o principal por sua importante função de abrigar o embrião-feto até o nascimento. Muscular e oco, o que permite acomodá-lo à medida que cresce, tem o formato de pera invertida, cerca de 8 cm de comprimento e fica localizado na cavidade pélvica feminina, superior e posteriormente à bexiga.
Anatomicamente, pode ser dividido em três partes: colo, istmo e corpo. O colo do útero, a inferior, se abre à vagina, o istmo faz a ligação entre as partes, enquanto o corpo do útero, a superior e maior, está conectado às tubas uterinas e é formado por três camadas de revestimento, endométrio, a interna, miométrio, a intermediária e perimétrio, a externa.
O endométrio é constituÃdo por tecido epitelial, glândulas e estromas. Durante o ciclo menstrual, sofre variações em espessura e vascularização para receber um possÃvel embrião formado na fecundação. O inÃcio desse preparo acontece pela ação do estrogênio e é finalizado pela progesterona, hormônios sexuais femininos.
Durante a idade reprodutiva, diversas doenças podem afetar a útero. A endometriose é atualmente a mais frequentemente registrada no mundo todo e seu surgimento está associado à menstruação retrógada.
Continue a leitura até o final para entender a relação entre menstruação retrógada e endometriose. Confira?
O que é menstruação?
Menstruação é um fenômeno fisiológico que acontece desde a puberdade, quando marca o inÃcio dos ciclos menstruais e a mulher se torna apta a engravidar, encerrando-se na menopausa, sinalizando o fim da idade fértil, localizada entre essas duas fases.
Se não houver fecundação durante os ciclos menstruais, ou seja, o espermatozoide não penetrar o óvulo permitindo a formação da primeira célula do embrião, os nÃveis hormonais diminuem levando a descamação do endométrio e originando a menstruação. O sangue menstrual é, então, expulso pelo colo do útero e vagina.
A menstruação indica o inÃcio de cada ciclo durante a idade fértil, ocorrendo, portanto, de forma contÃnua da puberdade à menopausa. Assim, variações como o intervalo maior entre menstruações, bem como no volume do fluxo, podem indicar alterações na fertilidade.
Menstruação retrógada
Quando o fluxo menstrual é reverso, ou seja, em vez de ser expulso pelo útero o sangue retorna pelas tubas uterinas, a condição é denominada menstruação retrógada. Embora a maioria das mulheres a experimentem em algum momento da idade fértil, alguns casos podem resultar no surgimento da endometriose.
Menstruação retrógada e endometriose
A endometriose é uma doença em que um tecido semelhante ao endométrio cresce em locais ectópicos, normalmente próximos ao útero como o peritônio, membrana que recobre a cavidade pélvica e a superfÃcie dos órgãos que abriga, incluindo os outros do sistema reprodutor feminino, ovários, tubas uterinas, vagina, além dos ureteres, bexiga e a parte final do intestino grosso.
Ainda que a doença tenha sido relata pela primeira vez no final do século XIX, sua causa exata permanece desconhecida pela ciência. No entanto, várias teoria surgiram para justificar seu surgimento, a mais aceita pela comunidade cientÃfica é a da menstruação retrógada. Sugere que os fragmentos do endométrio, expulsos junto com o sangue menstrual, também retornam pelas tubas uterinas quando o fluxo reverso acontece e se implantam em outros locais.
Foi proposta pelo ginecologista norte americano John Albertson Sampson no inÃcio do século XX, e passou a ser chamada ‘Teoria da implantação de Sampson’.
Porém, segundo estudos registrados na literatura médica, outros fatores também podem aumentar o risco de a doença se desenvolver, entre eles estão a exposição ao estrogênio por longo perÃodo e a genética.
O primeiro caso é justificado pela observação de que o tecido ectópico também reage à ação do estrogênio, o que motiva, inclusive, a progressão da doença e, o segundo, pela alta incidência em mulheres cujas mães também são portadoras.
Assim, além do componente genético, as nulÃparas, que nunca tiveram filhos; quando há um intervalo maior entre as gestações, bem como as menstruaram precocemente ou entraram tardiamente na menopausa, têm mais risco de desenvolvê-la.
A infertilidade, por outro lado, ocorre como consequência do processo inflamatório motivado pela presença anormal do tecido. As interferências podem ocorrer dos estágios iniciais, quando as leões ainda estão localizadas apenas o peritônio, aos mais avançados, quando invadiram profundamente os órgãos afetados.
O processo inflamatório pode causar ainda outros sintomas dolorosos que comprometem a qualidade de vida das portadoras, entre eles a dor pélvica se destaca como o mais comum. Inicialmente pode ser percebida pelo aumento da intensidade das cólicas menstruais e, com o avanço da doença tende a tornar-se crônica, ocorrendo também fora dos perÃodos menstruais.
No entanto, esses sintomas podem ser aliviados com o tratamento adequado, bem como a gravidez obtida em boa parte dos casos.
Infertilidade e reprodução assistida
Duas técnicas de reprodução assistida podem auxiliar a gravidez de mulheres com infertilidade consequente da endometriose, a relação sexual programada (RSP) e a fertilização in vitro (FIV).
A RSP é um tratamento de baixa complexidade em que a fecundação acontece como na gestação espontânea, nas tubas uterinas. Por isso, é indicada para os casos mais leves da doença, quando ainda está nos estágios iniciais.
Já na FIV esse processo é realizado em ambiente laboratorial e os embriões formados são transferidos diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento. Por isso, permite o tratamento mesmo quando a doença está em estágios mais avançados e já provou maiores danos à saúde reprodutiva.
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