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Dor pode ser sinal de infertilidade?

por Dr. Augusto Bussab



"A infertilidade é um problema que pode atingir homens e mulheres. Para estar em plenas condições de ter filhos, é preciso que todos os órgãos do sistema reprodutor estejam funcionando corretamente. Contudo, nem sempre é possível interpretar os sinais de que algo esteja errado no […]"
Dor pode ser sinal de infertilidade?

A infertilidade é um problema que pode atingir homens e mulheres. Para estar em plenas condições de ter filhos, é preciso que todos os órgãos do sistema reprodutor estejam funcionando corretamente. Contudo, nem sempre é possível interpretar os sinais de que algo esteja errado no aparelho sexual — por isso, vale a recomendação de ficar sempre atento a qualquer alteração, inclusive a dor.

Ao longo deste post, falaremos sobre a relação entre dor e infertilidade. Em muitos casos, os pacientes — principalmente a mulher — se acostumam com sintomas incômodos e dolorosos, como as cólicas, e dispensam acompanhamento médico.

Acompanhe a leitura e entenda que tipo de dor pode ser sinal de infertilidade!

O que é infertilidade?

A infertilidade é definida como a dificuldade de reprodução, após um ano de relações sexuais sem o uso de contraceptivos (orais, injetáveis, dispositivos intrauterinos (DIU), preservativos etc.).

A partir de um ano de tentativas de gravidez sem sucesso, é aconselhável que o casal procure acompanhamento especializado para identificar a causa da infertilidade. Assim, tanto a mulher quanto o homem passam por avaliações diagnósticas, as quais incluem:

  • exames físicos;
  • dosagens hormonais;
  • ultrassonografia pélvica transvaginal ou da bolsa escrotal;
  • análises sorológicas;
  • espermograma;
  • testes de função espermática e, em alguns casos, de fragmentação do DNA espermático;
  • histerossalpingografia e histeroscopia, em situações femininas específicas, entre outros exames.

Quais dores podem indicar infertilidade?

No caso dos homens, é importante ter atenção quando surge dor no testículos, pois esse sintoma pode estar relacionado a algumas condições que indicam infertilidade — por exemplo, varicocele ou contaminação por algum tipo de micro-organismo causador de infecção sexualmente transmissível (IST).

Em relação à saúde da mulher, a variedade de doenças que podem afetar as funções reprodutivas é maior. No entanto, é comum a postura de não buscar ajuda médica por considerar que os sintomas são comuns e que fazem parte dos incômodos naturais do ciclo menstrual.

Cólicas e dores pélvicas, por exemplo, tanto podem ser manifestações sem gravidade quanto um alerta de problemas mais sérios. Outros sintomas que merecem atenção são corrimento vaginal, sangramento fora do período menstrual e dor durante as relações sexuais — condição chamada de dispareunia.

Veja, agora, alguns dos principais quadros que podem causar dor e infertilidade na mulher!

Endometriose

A endometriose é uma doença que se desenvolve quando células do tecido endometrial se espalham pelos órgãos da região abdominal e pélvica da mulher.

O endométrio é a camada que reveste a parede uterina e, em todo ciclo menstrual, seu tecido é formado para uma possível concepção e destruído, caso não ocorra a gravidez. Assim, os fragmentos endometriais são expelidos juntamente com a menstruação.

Na endometriose, os implantes ectópicos do tecido endometrial surgem em órgãos como ovários, tubas uterinas, bexiga e intestino, causando inflamação e dor crônica. Os estágios mais avançados da doença podem provocar infertilidade.

Adenomiose

A adenomiose guarda certa semelhança com a endometriose, uma vez que também ocorre a invasão de tecidos endometriais em outras partes do organismo feminino. Nesse caso, as células do endométrio atingem o miométrio — parte intermediária do útero, representada por uma camada muscular.

Além de outros sintomas, a adenomiose pode causar dor pélvica, dispareunia, cólica menstrual intensa (dismenorreia) e até dores para evacuar. Contudo, muitas mulheres podem ter um quadro assintomático.

Miomas

Miomas, ou leiomiomas, são tumores benignos que podem se desenvolver no útero. Como não apresentam potencial de malignidade, essas estruturas não precisam ser retiradas. Entretanto, quando se formam em grande quantidade ou atingem um volume aumentado, interferindo na qualidade de vida da paciente, existe a opção da intervenção cirúrgica.

Dependendo do número e do tamanho dos miomas, eles podem ocupar muito espaço na cavidade uterina e prejudicar a concepção e o desenvolvimento do feto, originando um quadro de infertilidade.

Outros sintomas dos leiomiomas são cólicas intensas, sensação de pressão na pelve, dor no ato sexual, alterações intestinais e urinárias — quando os tumores aumentam de volume e comprimem os órgãos próximos.

Doença inflamatória pélvica (DIP)

A DIP é uma doença que acomete os órgãos superiores do aparelho reprodutor feminino — útero, ovário e tubas uterinas. A condição é causada por agentes patógenos que são transmitidos via relação sexual desprotegida, sobretudo os que provocam clamídia e gonorreia.

As consequências da contaminação incluem inflamação no endométrio (endometrite) ou nas trompas (salpingite), assim como pode disseminar para os ovários (ooforite).

Entre os sintomas da DIP, a mulher pode ter dor intensa na parte inferior do abdômen e corrimento vaginal. A doença provoca infertilidade em cerca de 20% dos casos, podendo chegar a 50% quando há infecções recorrentes (3 ou mais episódios).

O que fazer em casos de dor?

É importante conhecer o funcionamento do próprio corpo e ficar sempre atento diante de sintomas suspeitos. A dor, por exemplo, se aparecer de forma intensa e persistente, precisa ser investigada. Nesses casos, a melhor conduta é procurar um especialista para fazer a avaliação diagnóstica.

Se confirmada a infertilidade, há várias técnicas de reprodução assistida que podem ser utilizadas no tratamento, como a relação sexual programada (RSP), a inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV).

A FIV é hoje a técnica mais indicada, em razão de seu alcance terapêutico e das altas taxas de sucesso. Com os recursos complementares aplicados no processo de tratamento, até os pacientes com os fatores mais graves de infertilidade aumentam suas possibilidades de ter filhos.

Agora que você já compreendeu a importância de observar sintomas de dor, leia nosso texto sobre infertilidade feminina e saiba quais condições podem afetar as funções reprodutivas da mulher.

 


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