Essencial para a reprodução humana, o útero é o órgão responsável por abrigar o futuro bebê durante toda a gestação. Em formato de pera invertida, muscular e oco, tem três camadas. A externa, chamada perimétrio, a intermediária, o miométrio e a interna, o endométrio.
O endométrio é um tecido epitelial altamente vascularizado, que reveste a cavidade uterina. Nele, ocorre a implantação do embrião, evento que marca o inÃcio do processo gestacional. Para recebê-lo, é preparado durante os ciclos menstruais pelos hormônios sexuais femininos, estrogênio e progesterona.
Se a fecundação não ocorrer, o endométrio descama provocando a menstruação, iniciando um novo ciclo de desenvolvimento. Algumas vezes, as células podem se desenvolver de forma desordenada, originando o pólipo endometrial, tumor benigno que pode crescer e/ou espalhar pela cavidade uterina e raramente evolui para malignização.
Em maior número ou tamanho, podem interferir na fertilidade feminina, por isso é importante diagnosticá-los precocemente.
Continue a leitura até o final para saber como o pólipo endometrial é identificado, interferências que pode causar na fertilidade e tratamentos indicados. Confira!
Sintomas de pólipo endometrial
O pólipo endometrial é uma doença estrogênio-dependente, ou seja, assim como o endométrio normal, se desenvolve motivado pela ação desse hormônio. Pode ser séssil ou pediculado, quando se fixa por um talo que o sustenta, e tem tamanhos que variam de poucos milÃmetros a alguns centÃmetros.
Embora os pólipos sejam assintomáticos na maioria dos casos, em maior número ou tamanho (podem ser únicos ou múltiplos) tendem a causar um processo inflamatório e, assim, a manifestação de diferentes sintomas, um importante alerta para suspeitar da doença.
O mais comum é o sangramento anormal, porém também pode provocar cólicas intensas, além de infertilidade. Veja abaixo os principais:
- sangramento entre os perÃodos menstruais;
- aumento do fluxo menstrual;
- sangramento e dor durante as relações sexuais;
- sangramento após a menopausa;
- cólicas intensas durante o perÃodo menstrual;
- infertilidade.
A causa exata de pólipo endometrial ainda não é conhecida, no entanto, diferentes estudos atribuem a proliferação anormal das células ao desequilÃbrio de estrogênio e apontam como risco alguns fatores, incluindo genética e obesidade.
Infertilidade
A infertilidade é o principal sintoma do pólipo endometrial, que pode afetar a receptividade do endométrio, quando o tecido se encontra devidamente preparado para receber o embrião, resultando em falhas de implantação e abortamento, muitas vezes de repetição.
Alterações na receptividade endometrial surgem como consequência do processo inflamatório, que também pode levar à formação de aderências. Quando estão próximas à porção das tubas uterinas que se liga ao útero, podem causar obstruções e impedir a passagem dos espermatozoides para fecundar o óvulo.
Pólipos maiores ou mais numerosos tendem a causar, ainda, distorções na anatomia uterina, dificultando ou impedindo o desenvolvimento fetal e da gestação, da mesma forma que aumentam o risco de hemorragia durante o parto.
Como saber se tenho pólipo endometrial?
Apesar de os sintomas serem um importante alerta para a presença do pólipo endometrial, por sua caracterÃstica assintomática a doença geralmente é descoberta de forma incidental, durante exames de rotina ou investigação das causas da dificuldade reprodutiva.
Porém, quando há suspeita o diagnóstico deve ser de exclusão, ou seja, outras doenças estrogênio-dependentes, que também causam sintomas semelhantes, devem ser descartadas, ao mesmo tempo que a presença de pólipos é confirmada.
Normalmente, o exame inicial é a ultrassonografia transvaginal, realizada ainda durante a primeira consulta. No entanto, o exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico de pólipos é a vÃdeo-histeroscopia ginecológica, que pode ser primária ou complementar.
Utiliza um aparelho ótico com uma câmera incorporada chamado histeroscópio. Introduzido pela vagina, possibilita a iluminação adequada do espaço investigado e a transmissão em tempo real do procedimento para um monitor.
Assim, é possÃvel ter uma percepção mais detalha da cavidade uterina, confirmando a presença de pólipos e descartando a de outras massas, como os miomas submucosos, que crescem próximos ao endométrio e são o tipo mais associado à infertilidade feminina.
A vÃdeo-histeroscopia permite também a realização de biópsia para avaliar o potencial de malignização do pólipo endometrial, ainda que a ocorrência seja mais rara.
Tratamento e reprodução assistida
O tratamento de pólipo endometrial considera o tamanho, a quantidade, a gravidade dos sintomas e o desejo reprodutivo da paciente. Pólipos pequenos, normalmente assintomáticos, tendem e regredir naturalmente, dessa forma, devem apenas ser observados periodicamente.
Quando são maiores ou mais numerosos e causam sintomas mais dolorosos, o tratamento pode ser hormonal ou cirúrgico. Os medicamentos hormonais têm como objetivo suspender menstruação e, assim, a exposição ao estrogênio, induzindo a uma diminuição da quantidade e do tamanho dos pólipos.
Contudo, por terem um efeito contraceptivo, não são indicados para as mulheres que têm o desejo engravidar no momento. Para esses casos, ou se os pólipos provocarem infertilidade e abortamento recorrente, a abordagem passa a ser cirúrgica para removê-los.
O procedimento, chamado polipectomia, geralmente é realizado por vÃdeo-histeroscopia cirúrgica. Por possibilitar uma visualização mais detalhada da cavidade uterina, torna mais fácil a separação total dos pólipos e a remoção. A separação parcial, pode resultar em novo crescimento.
Boa parte das mulheres consegue engravidar após a remoção. Porém, se não houver sucesso, a reprodução assistida ajuda aumentar as chances de ter filhos biológicos.
A técnica mais indicada é a fertilização in vitro (FIV), em que a fecundação acontece em laboratório e os embriões são posteriormente transferidos ao útero materno.
Na FIV, o endométrio pode ser preparado por medicamentos hormonais, os embriões congelados e transferidos apenas no ciclo seguinte, quando estiver receptivo. O perÃodo de maior receptividade pode ser confirmado ainda pelo teste ERA, que analisa os genes envolvidos no ciclo endometrial, determinando-o com bastante precisão.
Os percentuais de sucesso gestacional proporcionado pela FIV são os mais altos da reprodução assistida.
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