O perÃodo fértil, também conhecido como janela de fertilidade, é a etapa do ciclo menstrual em que a há possibilidade de ocorrer fecundação. Pode durar de dois a três dias e compreende um dia antes e um dia depois da ovulação. Normalmente ocorre no meio do ciclo menstrual, cerca de 14 dias antes da próxima menstruação.
O ciclo menstrual também reflete a produção dos hormônios sexuais femininos, ou seja, quando há irregularidade, pode haver desequilÃbrio hormonal o que, ao mesmo tempo, indica problemas no processo de ovulação. A ovulação irregular é uma das causas da infertilidade feminina.
PerÃodo fértil, etapas do ciclo menstrual e a relação dos ciclos irregulares com a infertilidade estão entre os temas que vou abordar neste post.
Quais são as fases do ciclo menstrual?
Na maioria das mulheres, o ciclo menstrual tem duração de 28 dias, embora possa variar para menos ou mais. É dividido em três diferentes fases, cada uma representando um processo que ocorre no sistema reprodutor feminino, importante para a fecundação e desenvolvimento embrionário:
- Fase Folicular: a fase folicular inicia no primeiro dia da menstruação e dura cerca de 12 dias, embora o fluxo menstrual tenha uma duração que varia entre 3 e 5 dias apenas. Nessa fase, é estimulado o crescimento de alguns folÃculos presentes nos ovários. A cada ciclo, normalmente apenas um folÃculo se torna dominante, crescendo até cerca de 2,5 cm antes de ovular;
- Fase ovulatória: nessa fase, o óvulo é liberado e migra para as tubas uterinas para ser fecundado. É nela que acontece o perÃodo fértil;
- Fase lútea: o inÃcio da fase lútea é logo após a ovulação, quando o folÃculo, que antes abrigava o óvulo, se transforma em corpo-lúteo e passa a exercer um papel importante na secreção de progesterona, que, com o estrogênio, irá propiciar a receptividade do endométrio para implantação do embrião no útero. Se não houver fecundação, ocorre a descamação do endométrio, originando um novo ciclo.
O que é perÃodo fértil?
O perÃodo fértil é o melhor momento da fase de ovulação para a fecundação. Ele inicia antes da ovulação e finaliza no dia seguinte à liberação do óvulo.
Apesar de o óvulo, quando abrigado pelas tubas uterinas, ser viável por apenas 24 horas, o espermatozoide, por outro lado, consegue sobreviver para fertilizá-lo por até cinco dias após a relação sexual. Ou seja, qualquer relação durante o perÃodo fértil pode resultar em uma gravidez.
Quando um ciclo menstrual de 28 dias é totalmente regular, a janela fértil ocorre entre o 9o e o 14o dia, momento que o óvulo é liberado.
Ciclos menstruais regulares e irregulares
Clinicamente descritos como regular e irregular, os ciclos menstruais podem variar por diferentes motivos que afetem o equilÃbrio dos hormônios reprodutivos, interferindo na duração, quantidade de fluxo ou mesmo nos sintomas.
Além dos intervalos regulares normais, como por exemplo variações comuns aos perÃodos de menarca e menopausa, fatores como estresse, exercÃcios, dieta alimentar, variações de peso, alterações no sono ou mesmo determinados hábitos, como o tabagismo, também podem interferir nessa regularidade.
Os intervalos regulares são considerados normais, quando estão dentro dos seguintes limites:
- Adolescentes: intervalo de 21 a 45 dias;
- Mulheres adultas: intervalo de 24 a 35 dias e ciclos que variam em duração: 27 dias em um mês e 29 no seguinte, por exemplo;
- Mulheres na pré-menopausa: a menstruação pode falhar alguns meses.
Entretanto, quando esses intervalos duram muito tempo, podem indicar diversas condições médicas, sinalizadas a partir de diferentes sintomas, como o excesso ou ausência total de fluxo menstrual e disfunção no processo de ovulação.
Pode-se dizer, portanto, que um ciclo menstrual irregular está sempre fora dos intervalos regulares e pode indicar doenças que afetam, inclusive, a fertilidade. Elas incluem:
- SÃndrome dos ovários policÃsticos (SOP);
- Endometriose;
- Doença inflamatória pélvica (DIP);
- Neoplasias do sistema reprodutor;
- Distúrbios da tireoide.
Qual a relação dos ciclos irregulares anovulatórios e a infertilidade?
Os distúrbios de ovulação são responsáveis por cerca de 30% de todos os casos de infertilidade. Ter perÃodos irregulares, ausência de menstruação ou sangramento anormal geralmente indica que não há ovulação, uma condição conhecida clinicamente como anovulação.
Como o próprio nome sugere, um ciclo irregular anovulatório ocorre quando uma mulher não ovula durante o ciclo menstrual. No entanto, também é normal que isso ocorra nos primeiros anos de fertilidade ou na menopausa.
Muitas vezes a falta de ovulação nem ao menos é percebida, uma vez que um nÃvel insuficiente de progesterona, hormônio estimulado pela liberação do óvulo, também pode causar sangramento intenso.
Esse sangramento anormal pode ser ainda provocado por condições como a endometriose, doença crônica e inflamatória complexa caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina.
Por outro lado, a sÃndrome dos ovários policÃsticos (SOP) é a causa mais comum de infertilidade por anovulação, responsável por 70% dos casos.
Identificar um ciclo anovulatório pode ser simples quando uma mulher não tem menstruação ou apresenta perÃodos muito irregulares. No entanto, para confirmar a ausência de ovulação, alguns exames são necessários. Além de medir os nÃveis de progesterona e estrogênio ou observar se não há presença de anticorpos no sangue, exames de imagem como a ultrassonografia são importantes para examinar mais detalhadamente útero e ovários.
Tratamentos para infertilidade por causas ovulatórias
Após serem descartadas outras condições, se for confirmada a infertilidade por anovulação, a primeira etapa do tratamento é a estimulação ovariana, feita com medicamentos especÃficos via oral ou subcutânea.
O objetivo é promover o crescimento de folÃculos nos ovários para aumentar as chances da liberação de óvulos. A medicação inicia com o ciclo menstrual, quando os folÃculos ainda são pequenos.
Além de monitorar os nÃveis de estrogênio por exames de sangue, o crescimento dos folÃculos é acompanhado por ultrassonografias, o que permite definir o perÃodo de ovulação. Cerca de 90% das mulheres ovulam com o procedimento e entre 20% e 60% ficam grávidas.
Em pacientes com a SOP, entretanto, os percentuais sofrem uma variação. A ovulação ocorre em cerca de 80% dos procedimentos realizados, mas apenas 20% das mulheres conseguem engravidar. Por isso, o tratamento mais indicado para mulheres com SOP que pretendem engravidar é a fertilização in vitro (FIV).
Mudanças no estilo de vida são apontadas como fundamentais para o sucesso do tratamento. A perda de peso em pacientes obesas com SOP, por exemplo, pode restaurar a ovulação e a regularidade menstrual, além de diminuir a resistência à insulina e a testosterona total, que provoca sintomas de hirsutismo, uma das consequências da doença.
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