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Endometriose iatrogênica: saiba o que é

por Dr. Augusto Bussab



"A endometriose é uma doença crônica e inflamatória, caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero, fora órgão, geralmente em locais próximos. Considerada atualmente a doença ginecológica de maior incidência no mundo todo, atingindo uma em cada dez mulheres […]"
Endometriose iatrogênica: saiba o que é

A endometriose é uma doença crônica e inflamatória, caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero, fora órgão, geralmente em locais próximos.

Considerada atualmente a doença ginecológica de maior incidência no mundo todo, atingindo uma em cada dez mulheres durante a idade fértil, é classificada em diferentes tipos, de acordo com critérios como a localização e profundidade dos implantes.

Apesar dos inúmeros estudos realizados sobre a endometriose, desde que foi descrita pela primeira vez no século XIX, sua causa exata ainda permanece desconhecida, embora várias teorias tenham surgido para tentar explicá-la.

A mais aceita é a da menstruação retrógada, que sugere que os fragmentos do endométrio, tecido que reveste o útero internamente no qual o embrião se implanta para dar início à gestação, geralmente eliminados pela menstruação, retornam junto com o sangue pelas tubas uterinas e se implantam em outros locais próximos, como o peritônio, membrana que recobre cavidade pélvica e os órgãos nela abrigados, ovários, tubas uterinas, bexiga e intestino, por exemplo.

No entanto, mais raramente o tecido endometrial ectópico também pode ser descoberto fora dos locais típicos, sugerindo a possibilidade de semeadura iatrogênica após operações ginecológicas. Esse tipo é denominado endometriose iatrogênica e também pode ocorrer em outros locais ectópicos mais comuns, como os ovários.

Continue a leitura até o final para saber o que é endometriose iatrogênica e suas consequências para a saúde feminina. Confira!

O que é endometriose iatrogênica?

A endometriose iatrogênica é definida pelo aparecimento de glândulas endometriais e estroma fora do útero após certos procedimentos cirúrgicos, em que pode haver contato direto das células endometriais com outros tecidos, incluindo histerectomia (cirurgia para retirada do útero), total ou parcial, miomectomia, para remoção de mioma uterinos e cesariana, por exemplo.

Mulheres que já passaram por procedimentos ginecológicos, como videolaparoscopias, e, obstétricos, como cesarianas ou episiotomias, têm mais chances de desenvolver endometriose iatrogênica, principalmente nas regiões da cicatriz.

Ou seja, a endometriose que se desenvolveu dentro ou próximo a incisões cirúrgicas de pacientes assintomáticas antes da intervenção é definida como endometriose iatrogênica.

Assim, cicatrizes de cesariana, cutâneas ou uterinas, locais de inserção de trocartes, instrumentos para punção inseridos pelo abdômen durante cirurgias laparoscópicas, cólon sigmoide, porção que se liga ao reto, ovários, bexiga, abóbada vaginal e peritônio parietal, que recobre as paredes do abdômen, são os locais mais prevalentes para esse tipo de endometriose.

As localizações extra pélvicas, principalmente na parede abdominal, apesar de mais raras são as mais frequentemente relatadas na endometriose iatrogênica, devido particularmente aos altos percentuais de cesariana realizados no mundo todo.

De acordo com o local afetado, a endometriose iatrogênica, assim como outros tipos, pode provocar diferentes sintomas, muitas vezes severos, entre eles infertilidade, que afetam a qualidade de vida das mulheres portadoras da doença.

Sintomas e diagnóstico da endometriose iatrogênica

Há poucas evidências de que a endometriose iatrogênica se comporte ou se desenvolva de maneira diferente da não iatrogênica, uma vez que a apresentação clínica geral e as queixas das pacientes incluem principalmente sintomas comuns a ambas, como por exemplo:

  • dismenorreia, cólicas severas antes e durante o período menstrual;
  • disúria, dificuldade para urinar acompanhada de dor;
  • disquezia, dificuldade de evacuar;
  • dor pélvica crônica;
  • infertilidade.

Nos casos em que atinge as paredes abdominais, em estágios mais evoluídos é possível perceber também a presença de uma massa palpável na região. O acolhimento dos sintomas, bem como a análise do histórico clínico das paciente são avaliados na consulta inicial quando há suspeita doença. Como a endometriose é de crescimento lento e muitas vezes assintomática em estágios iniciais, isso pode levar ao diagnóstico tardio.

No entanto, estudos descrevem pacientes com início dos sintomas de endometriose iatrogênica após cesariana, por exemplo, ocorrendo a qualquer momento entre a primeira menstruação depois da cirurgia e sete anos. Ou seja, não é raro que mulheres com esse tipo da doença os apresentem nos estágios iniciais.

Além disso, os sintomas surgem como consequência do processo inflamatório causado pela presença do tecido ectópico, assim, a infertilidade pode ocorrer desde o início, uma vez que a inflamação pode interferir no preparo endometrial, levando a falhas na implantação do embrião e abortamento, ou no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, que contêm o óvulo imaturo, o que pode causar anovulação, ausência de ovulação, e comprometer a qualidade dos óvulos.

Dessa forma, é o principal sintoma a ser observado em ambos os casos, o que pode facilitar diagnóstico e tratamento precoces. O quadro de infertilidade é definido após um ano de tentativas sem o uso de nenhum método contraceptivo.

A confirmação da endometriose iatrogênica, assim como os outros tipos, é feita por exames de imagem.

Porém, apesar de geralmente o primeiro exame solicitado ser a ultrassonografia transvaginal com preparo especial, nesse caso, a ressonância magnética ou a videolaparoscopia, considerada padrão-ouro, podem ser a escolha inicial, pois permitem a detecção de lesões rasas e planas, localizadas principalmente no peritônio parietal, que podem se infiltrar e afetar mais severamente as paredes abdominais, bem como atingir os outros órgãos.

Tratamento e reprodução assistida

A soma de elementos como a avaliação dos histórico clínico, sintomas manifestados e resultados pontados pelos exames de imagem, definem o tratamento mais adequado a cada paciente. No caso da endometriose parietal, o tratamento é feito principalmente com a excisão das lesões maiores, ou manejo dos sintomas por medicamentos.

O quadro de infertilidade pode ser solucionado após o tratamento primário ou com a utilização da fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida. A FIV reproduz, em laboratório, etapas da gravidez como a fecundação e o cultivo de embriões, posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.

Para coletar os óvulos, a mulher é submetida à estimulação ovariana, procedimento em que medicamentos hormonais estimulam os ovários para obter uma quantidade maior de óvulos maduros, posteriormente selecionados, contornando, dessa forma, distúrbios de ovulação e problemas com a qualidade dos gametas.

O endométrio também pode ser devidamente preparo por medicamentos hormonais antes de os embriões serem transferidos, minimizando possíveis falhas de implantação e abortamento.

Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela técnica são os mais altos da reprodução assistida.

Siga o link e conheça todos os tipos de endometriose, a doença ginecológica feminina mais frequentemente registrada no mundo todo!


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