Há algumas décadas, os avanços nos estudos sobre infertilidade e reprodução humana chegaram à conclusão de que, muitas vezes, o casal não consegue engravidar porque o homem é infértil. Foi fundamental fazer essa descoberta para desenvolver novas técnicas de reprodução assistida, como a ICSI, e ampliar as possibilidades de tratamento para os casais inférteis.
Antes dessas pesquisas, a mulher era apontada como a principal responsável pela infecundidade de um casal. De fato, existem muitos problemas femininos que interferem na gravidez espontânea, mas hoje sabemos que a proporção dos casos de infertilidade masculina e feminina é semelhante.
Acompanhe com atenção as informações que trouxemos neste post. Vamos esclarecer o que é infertilidade masculina, o que é ICSI, quando essa técnica é indicada e como é realizada.
O que é infertilidade?
Infertilidade é a condição na qual uma pessoa não consegue ter filhos após pelo menos um ano de tentativas — nesse contexto, entende-se que o casal não faz uso de nenhum método de contracepção e pratica relações sexuais regularmente.
Diversos são os fatores que impedem ou dificultam uma concepção espontânea. A mulher pode ficar infértil devido a problemas de ovulação, idade avançada, obstrução tubária, doenças ou malformações no útero, endometriose, entre outras condições. Já a infertilidade do homem é caracterizada por falhas na produção, no transporte ou na liberação dos espermatozoides.
As alterações seminais e espermáticas presentes na infertilidade masculina são causadas por várias condições, como deficiência de testosterona, infecções genitais, varicocele, vasectomia, obstruções congênitas, problemas genéticos e outros fatores.
O espermograma é o exame que revela as alterações na quantidade ou na qualidade (motilidade e morfologia) dos espermatozoides. Conforme os resultados, outros exames podem ser solicitados para identificar as causas da anormalidade seminal, como a ultrassonografia da bolsa escrotal. Dosagens hormonais e testes genéticos também são importantes para avaliar a infertilidade masculina.
A reprodução assistida tem grande relevância para esses casos. A técnica mais indicada é a fertilização in vitro (FIV), e a ICSI é um dos recursos mais importantes nesse contexto, principalmente quando há poucos gametas e de baixa qualidade.
O que é ICSI?
ICSI é a sigla para Intracitoplasmatic Sperm Injection, ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides. Essa é uma técnica de fertilização in vitro que consiste em micromanipular os gametas e introduzir um espermatozoide diretamente no citoplasma de um óvulo.
O processo de ICSI difere da FIV convencional, na qual milhões de gametas masculinos são colocados ao redor dos óvulos, devendo se movimentar até eles para realizar a fecundação.
Entenda quando e como a ICSI é realizada!
Indicações
Quando foi desenvolvida, a ICSI era indicada exclusivamente para os casos de infertilidade masculina. Na clÃnica atual, trata-se de uma indicação mais abrangente, sendo apresentada como alternativa de tratamento para grande parte dos casais candidatos à FIV, principalmente nas seguintes situações:
- idade materna a partir de 40 anos, pois os óvulos podem estar com a zona pelúcida mais enrijecida;
- falhas anteriores na FIV clássica;
- baixa quantidade de óvulos disponÃveis para fertilização ou baixa qualidade oocitária;
- fecundação de óvulos que estavam congelados;
- alterações masculinas graves, como azoospermia ou oligozoospermia — ausência de espermatozoides no sêmen ou quantidade insuficiente.
Vale dizer que quando há variações discretas na morfologia ou na motilidade dos espermatozoides, o casal pode primeiramente tentar a gravidez realizando o preparo seminal associado à inseminação artificial — técnica de baixa complexidade da reprodução assistida.
Realização da FIV ICSI
A FIV ICSI segue as mesmas etapas que a FIV clássica, a diferença está no momento da fertilização dos óvulos. Além disso, em casos de azoospermia, a coleta dos espermatozoides é feita por técnicas de recuperação espermática, que permitem a retirada das células diretamente dos testÃculos ou epidÃdimos — órgãos responsáveis pela produção e maturação dos gametas.
O tratamento é iniciado com a estimulação dos ovários a partir da administração de medicações hormonais. Dessa forma, vários folÃculos se desenvolvem e o controle ultrassonográfico da ovulação fornece a previsão de quando os óvulos estarão prontos para a coleta. Assim, antes que a mulher ovule, realiza-se a aspiração folicular para coletar as células em laboratório.
Após colhida, a amostra do material masculino é processada para identificar os gametas com motilidade e boa morfologia. Então, é feita a fertilização dos óvulos com ICSI: cada espermatozoide é imobilizado, analisado com um microscópio de alta resolução, aspirado e injetado dentro de um óvulo.
Depois de serem fertilizados, os óvulos ficam em incubadora de cultivo para que o embriologista acompanhe o desenvolvimento das células e verifique a qualidade embrionária. Aqueles que evoluem como o esperado são transferidos para o útero, respeitando a quantidade permitida pelas normas do CFM.
O uso da ICSI na infertilidade masculina tem sido de grande importância na medicina reprodutiva, pois reduz o risco de falhas de fecundação e pode levar a desfechos positivos, mesmo quando a quantidade de gametas disponÃveis é baixa.
Antes de ir, leia outro texto sobre ICSI para conhecer um pouco mais da técnica!
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