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Uretrite: sintomas

por Dr. Augusto Bussab



"O sistema urinário é composto pelos rins, bexiga, ureteres e uretra. Os rins filtram o sangue e eliminam pela urina substâncias nocivas ao organismo, como amônia, ureia e ácido úrico. A uretra é o canal que conduz a urina do interior da bexiga para fora do corpo. […]"
Uretrite: sintomas

O sistema urinário é composto pelos rins, bexiga, ureteres e uretra. Os rins filtram o sangue e eliminam pela urina substâncias nocivas ao organismo, como amônia, ureia e ácido úrico. A uretra é o canal que conduz a urina do interior da bexiga para fora do corpo.

Nas mulheres, é exclusiva dos sistema urinário, mas nos homens também faz parte do sistema reprodutor. Na ejaculação, o sêmen, substância composta por líquidos seminais e espermatozoides, é transportado pela uretra para ser expelido pelo pênis.

Por isso, possui características anatômicas diferentes no corpo feminino e masculino. No feminino, tem aproximadamente 4 cm de comprimento, inicia na bexiga e termina na vulva, entre o clitóris e a vagina. Enquanto no masculino tem cerca de 20cm, da bexiga ao final do pênis.

Uretrite é uma condição que afeta a uretra e pode causar diferentes complicações para a saúde, incluindo a reprodutiva, resultando em infertilidade.

No entanto, o tratamento geralmente é bastante simples quando é diagnosticada e tratada precocemente. Observar os sintomas é uma forma de impedir maiores danos. Continue a leitura até o final para saber como identificá-los. Confira!

O que é uretrite?

Uretrite é o termo médico para designar inflamações na uretra. Em pessoas sexualmente ativas, geralmente é provocada por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), cujos agentes podem se espalhar durante a relação sexual e invadir a uretra.

As bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, causadoras da gonorreia e clamídia, são mais frequentemente observadas, embora outros agentes, como o Mycoplasma genitalium, protozoário Trichomonas vaginalis e o papiloma vírus humano (HPV) também ofereçam risco.

A uretrite consequente da gonorreia é classificada como gonocócica e, de outros microrganismos, como não-gonocócica. O uso de espermicidas está ainda entre os fatores de risco, bem como lesões nessa estrutura, nesse caso, afetando adultos e crianças.

Os sintomas da uretrite variam de acordo com as causas e os danos provocados pela inflamação.

Conheça os principais sintomas de uretrite

Muitas vezes, a uretrite é assintomática, principalmente nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta as chances de complicações provocadas pela inflamação. Quando os sintomas manifestam sofrem variações de acordo com o agente causador, embora a urgência em urinar ou micção acompanhada de dor seja comum à uretrite gonocócica e não-gonocócica.

Corrimento vaginal com odor forte em maior volume e secreção peniana semelhante ao pus são os sintomas mais comuns quando o processo inflamatório é causado pela bactéria da gonorreia, já na uretrite não-gonocócica, mesmo quando estão presentes, essas secreções tendem a ser menos volumosas.

Veja abaixo os possíveis sintomas que podem ser observados em mulheres e homens com uretrite:

 Possíveis sintomas de uretrite nas mulheres

  • micção frequente e urgente, normalmente acompanhada de dor;
  • corrimento vaginal amarelado e com odor mais forte em maior volume;
  • corrimento esbranquiçado em menor volume;
  • dor pélvica ou abdominal;
  • dor durante as relações sexuais (dispareunia);
  • coceira na vagina;
  • febre e calafrios.

Possíveis sintomas de uretrite nos homens

  • micção frequente e urgente, normalmente acompanhada de dor;
  • secreção peniana semelhante ao pus em maior volume;
  • secreção peniana aquosa e leitosa em menor volume;
  • dor durante a ejaculação;
  • presença de sangue na urina ou no sêmen,
  • coceira no pênis;
  • sensibilidade ou inchaço no pênis;
  • nódulos na região da virilha;
  • febre e calafrios.

É importante procurar um especialista se houver a manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação, se não for adequadamente tratada a infecção pode se espalhar e provocar outros processos inflamatórios.

A principal consequência da uretrite é a doença inflamatória pélvica (DIP), caracterizada pela inflamação dos órgãos reprodutores, nas mulheres, ooforite (dos ovários), salpingite (das tubas uterinas) e endometrite (do endométrio).

Quando atinge os ovários, o processo inflamatório pode comprometer o desenvolvimento dos folículos, bolsas que contêm o óvulo, alterar a qualidade dos óvulos ou provocar a formação de aderências que impedem sua liberação.

Nas tubas uterinas, as aderências provocam obstruções, dificultando ou impedindo a fecundação e, no endométrio, a implantação do embrião, etapa que marca o início da gestação, levando ao abortamento.

Nos homens, a DIP pode resultar em orquite, inflamação dos testículos, epididimite, dos epidídimos e prostatite, da próstata.

Os espermatozoides são produzidos nos túbulos seminíferos, estruturas localizadas nos testículos. A orquite pode interferir no processo de produção, provocando a ausência de espermatozoides no sêmen, condição chamada azoospermia, ou afetar a qualidade dos gametas.

Depois de produzidos, os espermatozoides são armazenados nos epidídimos, ductos em que amadurecem. A epididimite também pode resultar na ausência de espermatozoides no sêmen. Nesse caso, como consequência de obstruções provocadas pelas aderências, que impedem o transporte dos gametas para serem ejaculados.

Já a prostatite interfere na qualidade do líquido prostático e, assim, na do sêmen. Quando ocorre o estímulo sexual, enquanto são transportados os espermatozoides são incorporados aos líquidos produzidos pela vesícula seminal e próstata, formando o sêmen, substância que facilita o transporte no organismo feminino, nutrindo-os e protegendo.

Como a uretra também cumpre a função de transportar os espermatozoides, o risco de infertilidade por uretrite é mais alto nos homens.

Diagnóstico e tratamento da uretrite

O diagnóstico da uretrite inicia com o exame clínico, quando é feito o acolhimento dos sintomas e podem ser identificadas alterações, incluindo a presença de secreções. Se houver suspeita, o primeiro exame solicitado é o de urocultura, que analisa amostras de urina possibilitando a identificação de bactérias e a determinação do tipo.

Se a dificuldade em engravidar também estiver entre os sintomas, podem ser solicitados exames de imagem para verificar os possíveis danos.

O tratamento da uretrite provocada por agentes bacterianos é bastante simples, realizado por antibióticos e deve ser extensivo à parceria sexual. Nos casos em que o processo inflamatório atingiu os órgãos reprodutores causando a formação de aderência, a cirurgia pode ser necessária para removê-las.

Geralmente, após o tratamento primário é possível engravidar naturalmente. No entanto, se a infertilidade permanecer as técnicas de reprodução assistida ajudam a aumentar as chances.

Infertilidade e reprodução assistida

Entre as técnicas disponíveis na reprodução assistida a fertilização in vitro (FIV) é a mais indicada nos casos severos de infertilidade.

A FIV reproduz, em laboratório, etapas importante da gravidez, como a fecundação e o cultivo embrionário. Óvulos e espermatozoides são previamente coletados e selecionados apenas os mais saudáveis para a fecundação.

Quando os espermatozoides não estão presentes no sêmen, podem ser obtidos por técnicas de recuperação espermática diretamente dos testículos ou epidídimos.

Os embriões formados na fecundação são acomodados em incubadoras e se desenvolvem por alguns dias. Depois, são transferidos diretamente ao útero materno para que a implantação aconteça naturalmente e a gravidez tenha início. As taxas de sucesso gestacional são, em média, 40% por ciclo de tratamento, as mais altas da reprodução assistida.

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