A infertilidade é considerada hoje um problema de saúde pública global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um percentual expressivo da população em idade reprodutiva possa ser afetado e, em boa parte dos casos conjugais, essa condição deve-se exclusivamente à infertilidade masculina.
Na maioria das vezes as causas de infertilidade masculina estão relacionadas a alterações nos parâmetros seminais, que evidenciam quadros de azoospermia – ausência de espermatozoides no sêmen – ou oligozoospermia – baixa concentração dessas células reprodutivas.
O espermograma é o exame que, por excelência, detecta a maior parte das alterações seminais, porém, nem sempre a identificação é suficiente para fechar um diagnóstico preciso.
Isso porque, tanto a ausência de espermatozoides quanto a presença de problemas morfológicos, de motilidade ou no sêmen, podem ter diferentes origens.
A azoospermia, por exemplo, pode ser decorrente de obstruções, mas também de diferentes formas de prejuÃzo à espermatogênese, sejam elas por motivos genéticos ou por alterações no ambiente interno da bolsa escrotal, como acontece na varicocele.
Por isso, o espermograma deve ser o exame inicial do processo de investigação das causas. É a partir dele que outros mais especÃficos são solicitados, como o teste de fragmentação do DNA espermático, os exames de dosagem hormonal e os de imagem, incluindo a ultrassonografia de bolsa escrotal.
Este texto apresenta a ultrassonografia de bolsa escrotal, mostrando como esse exame é realizado e em que momento deve ser solicitado para determinar a causa da infertilidade masculina.
O que é a ultrassonografia de bolsa escrotal?
A ultrassonografia de bolsa escrotal é um exame de imagem, que utiliza a tecnologia do ultrassom para visualizar os testÃculos buscando identificar possÃveis problemas nessa região.
Atualmente, a maior parte dos exames de ultrassonografia de bolsa escrotal é realizada também com o auxÃlio da tecnologia Doppler, que permite a visualização não somente das estruturas que compõem os testÃculos, mas também do fluxo sanguÃneo local.
Quando ultrassonografia de bolsa escrotal é solicitada?
Alguns exames, como o espermograma, podem ser considerados de rotina para o homem que acompanha a sua saúde reprodutiva regularmente, mas esse não é o caso da ultrassonografia de bolsa escrotal.
O exame é indicado principalmente durante a investigação das causas de infertilidade masculina, quando o espermograma evidencia quadros de azoospermia ou oligozoospermia, cujas origens não são determinadas ainda.
Como ultrassonografia de bolsa escrotal é realizada?
A ultrassonografia de bolsa escrotal é um exame relativamente simples, com aproximadamente 30 minutos de duração e que pode ser realizado em ambiente hospitalar, clÃnicas especializadas ou no próprio consultório, sem a necessidade de anestesia ou sedação.
Normalmente, este não é um exame que demanda preparação prévia, sendo desnecessário qualquer tipo de restrição alimentar, jejum ou que a bexiga esteja cheia anteriormente.
Para a realização do exame, o homem deve deitar-se na maca, de costas e com as pernas ligeiramente abertas, expondo a bolsa escrotal. O transdutor ultrassonográfico é posicionado sobre a região e, com o auxÃlio de um gel, desliza para obter imagens de diferentes ângulos. É importante que o homem fique completamente imóvel durante todo o procedimento.
Como em outros exames de ultrassonografia, na medida em que o transdutor desliza pela bolsa escrotal, as imagens obtidas por ele são transmitidas a um monitor, e podem ser observadas pelo médico em tempo real.
Quando ultrassonografia de bolsa escrotal é indicada?
Os dois principais diagnósticos obtidos a partir do exame de ultrassonografia da bolsa escrotal são o de varicocele e de alguns tipos de obstrução.
A varicocele é uma doença genética, em que as válvulas da rede venosa responsável pela irrigação do cordão espermático apresentam defeitos que impedem o retorno do sangue. Isso faz com que se acumule nessa região, formando varizes que aumentam a pressão e a temperatura dos testÃculos, o que pode prejudicar a espermatogênese.
As obstruções, por outro lado, podem ser resultado de malformações anatômicas, que têm origem genética, e também de cicatrizes provocadas por algumas ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis), como a clamÃdia.
Esse exame é importante para a reprodução assistida?
A definição das causas que levaram à infertilidade por azoospermia ou oligozoospermia, é fundamental para direcionar a escolha dos melhores tratamentos e, nos casos de infertilidade severa, também da técnica de reprodução assistida mais adequada.
Se identificada de forma precoce, por exemplo, a varicocele pode ser revertida por um procedimento cirúrgico, que cauteriza as veias defeituosas e restabelece a normalidade. A cirurgia também é indicada para desobstruir e reconectar os dutos.
Porém, na maior parte dos casos de azoospermia, ou quando a cirurgia de correção da varicocele não é capaz de restabelecer a fertilidade masculina, a medicina reprodutiva oferece técnicas que podem auxiliar os homens com prejuÃzos na função reprodutiva.
A FIV (fertilização in vitro) é uma técnica de alta complexidade indicada para a maior parte dos casos de infertilidade masculina, especialmente os mais severos.
Isso porque permite tanto a realização do preparo seminal, que possibilita a seleção dos espermatozoides mais viáveis, como a obtenção deles diretamente dos túbulos seminÃferos e epidÃdimos, por punção testicular.
Na FIV, gametas masculinos e femininos são previamente coletados e a fecundação acontece fora do corpo da mulher, em ambiente laboratorial. Posteriormente, os embriões são cultivados por aproximadamente 6 dias, perÃodo no qual são observados para que os melhores sejam selecionados e transferidos ao útero, dando inÃcio a gestação.
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