Um dos principais motivos que levam os casais a buscar o congelamento de embriões, atualmente, é o desejo cada vez mais crescente de adiar a maternidade por motivos profissionais, econômicos e sociais, sem o perigo de passar por uma gestação de risco ou gerar descendentes com problemas genéticos.
Além disso, o congelamento de embriões também serve para garantir que pessoas em tratamentos oncológicos, que conhecidamente prejudicam a fertilidade de homens e mulheres, possam ter filhos após o final do tratamento.
Na fecundação por vias naturais, os embriões são formados após o encontro entre óvulo e espermatozoide, que acontece normalmente nas tubas uterinas, após uma relação sexual sem uso de contraceptivos durante o perÃodo fértil da mulher.
Na FIV (fertilização in vitro), a fecundação é feita em ambiente laboratorial, com a união dos gametas, previamente coletados, realizada pelo embriologista.
Em ambos os casos, a célula primordial, resultante da união entre óvulo e espermatozoide, é chamada zigoto, e tem a propriedade de multiplicar-se por meio de sequenciais divisões celulares, chamadas clivagens, originando o embrião. A primeira clivagem já dá origem ao embrião.
Como podemos ver, apenas os embriões produzidos pela FIV, justamente porque a fecundação ocorre fora do corpo da mãe, podem ser preservados pelo congelamento embrionário.
A FIV é uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade, indicada para a maior parte dos casos de infertilidade conjugal, por fator masculino ou feminino, e também para casais homoafetivos que desejam ter filhos, homens e mulheres que desejam viver a maternidade e a paternidade de forma independente, para aqueles que desejam ter filhos após tratamentos oncológicos e também para os casais cujo planejamento familiar prevê a maternidade mais tardia.
As possibilidades abertas pelo congelamento de embriões trouxeram inúmeras vantagens para a FIV, especialmente a ampliação dos casos que podem ser atendidos por essa técnica.
Esse texto busca mostrar como é feita a transferência de embriões congelados na FIV. Aproveite a leitura!
Como os embriões são congelados?
O congelamento ou criopreservação de embriões, na história da medicina reprodutiva, foi feito inicialmente pelo método de congelamento lento, porém por esse procedimento demandar o uso de equipamentos complexos e apresentar taxas relativamente baixas de sobrevivência dos embriões, o processo de criopreservação hoje é feito por vitrificação, que é um método de congelamento rápido e com melhores taxas de sobrevivência.
As duas principais diferenças entre as técnicas é o tempo de congelamento, que na vitrificação é mais rápido, e a concentração de crioprotetores, substâncias que promovem a desidratação dos compartimentos intracelulares antes do congelamento, que na vitrificação é significativamente mais alta do que na técnica de congelamento lento.
Isso impede a formação de cristais de gelo no interior do material genético, reduzindo significativamente o risco de danos celulares.
Por que os embriões são congelados?
A reprodução assistida no Brasil foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina no ano de 1992, quando este órgão emitiu o primeiro documento que determinava em que condições a reprodução assistida deveria acontecer e quais os direitos e deveres dos sistemas de saúde, clÃnicas e progenitores.
Desde esse primeiro documento, o CFM determinou a obrigatoriedade do congelamento de todos os embriões excedentes das práticas de FIV, inicialmente por pelo menos cinco anos após a fecundação, e o limite máximo de 4 embriões a serem transferidos no mesmo ciclo. Em 2017, o CFM diminui o tempo mÃnimo de preservação dos embriões de 5 para 3 anos.
Além disso, o contexto no qual o congelamento dos embriões acontece inclui situações em que os embriões excedentes de um ciclo de FIV são doados, quando o casal congela os embriões para utilizá-los no futuro ou quando as primeiras etapas da FIV são feitas mais de um ciclo antes da transferência embrionária, e o casal congela todos os embriões (freeze-all) para transferir no próximo ciclo.
O que é transferência de embriões congelados?
Atualmente, os embriões podem ser conservados por criopreservação por tempo indeterminado, fazendo com que a transferência de embriões congelados possa ser realizada a qualquer momento. A transferência de embriões congelados é feita de forma bastante semelhante àquela com embriões frescos, inclusive com as mesmas taxas de sucesso por ciclo de FIV.
Como ela é feita na FIV?
A obtenção de embriões para o congelamento é feita como num ciclo tradicional da FIV: após a realização de todos os exames que precedem o tratamento, a mulher é submetida à estimulação ovariana para induzir a ovulação. Os óvulos são coletados por punção e fertilizados em uma placa de vidro, em ambiente laboratorial.
Quando a transferência embrionária é feita com embriões frescos, após a fecundação, o cultivo embrionário por ser feito por 3 ou 5 dias. Porém, quando o objetivo é congelar os embriões, a fase de cultivo embrionário dura aproximadamente 3 dias quando então esse material biológico é submetido à vitrificação.
Para que os embriões congelados possam ser transferidos para o útero da mulher, devem ser incluÃdas duas etapas no ciclo de FIV: o preparo endometrial e o descongelamento dos embriões.
O preparo endometrial é realizado com administração de estrogênio e progesterona simultaneamente para provocar o espessamento do endométrio, que irá receber o embrião.
O descongelamento dos embriões é feito com o aumento gradual da temperatura. À medida que isso acontece, as substâncias crioprotetoras são retiradas, reidratando o embrião, que retoma seus processos metabólicos de crescimento.
Quando o monitoramento do preparo endometrial indica que o útero está pronto para receber um embrião, os embriões são então descongelados e a transferência é feita de forma semelhante ao que acontece no ciclo tradicional da FIV.
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