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Teste de ovulação: saiba como funciona

por Dr. Augusto Bussab



"O corpo feminino é preparado para uma possível gravidez desde a puberdade. Essas alterações fisiológicas são cientificamente denominadas ciclo menstrual, um processo contínuo, que inicia no primeiro dia da menstruação e encerra no anterior à próxima. Isso acontece durante toda a fase fértil das mulheres, […]"
Teste de ovulação: saiba como funciona

O corpo feminino é preparado para uma possível gravidez desde a puberdade. Essas alterações fisiológicas são cientificamente denominadas ciclo menstrual, um processo contínuo, que inicia no primeiro dia da menstruação e encerra no anterior à próxima.

Isso acontece durante toda a fase fértil das mulheres, ou seja, período em que é possível engravidar cuja duração é limitada, situado entre a puberdade e a menopausa.

O ciclo menstrual é dividido em três fases, folicular, ovulatória e lútea. Em cada uma ocorrem eventos essenciais para a gravidez ser bem-sucedida. A ovulação está entre eles e marca segunda fase do ciclo, a ovulatória, além de ser um importante indicativo do período de maior fertilidade das mulheres, em que há mais chances de engravidar.

Continue a leitura até o final, saiba tudo sobre a ovulação, da sua relação com o período fértil ao papel do teste de ovulação e possíveis condições que podem causar interferências impedindo o sucesso desse evento. Confira!

O que é ovulação e qual a sua relação com o período fértil?

A fertilidade das mulheres tem duração limitada porque elas já nascem com uma reserva ovariana, quantidade de folículos, estruturas que contêm o óvulo imaturo, armazenados nos ovários e utilizados em cada ciclo menstrual.

Na primeira fase, a folicular, vários são recrutados e crescem motivados pela ação do FSH (hormônio folículo-estimulante), porém apenas um deles se destaca, desenvolve e amadurece o suficiente. Os que não desenvolveram, portanto, são naturalmente eliminados. Assim, com o envelhecimento, os níveis da reserva ovariana naturalmente diminuem.

O folículo que se desenvolveu é chamado de dominante e aproximadamente na metade do ciclo o hormônio luteinizante (LH) o induz ao amadurecimento final e posterior rompimento para liberar o óvulo contido em seu interior, caracterizando a ovulação, que marca a fase ovulatória.

O óvulo liberado aguarda por até 24h nas tubas uterinas, órgãos em que a fecundação, encontro com o espermatozoide, acontece. Milhões de espermatozoides são liberados no organismo feminino durante a ejaculação do homem; um deles alcança o óvulo e o penetra.

Da fusão dos dois gametas é gerada a primeira célula do embrião, que se multiplica nos estágios iniciais de desenvolvimento, enquanto é transportado ao útero para se implantar no endométrio, camada de revestimento interno, e dar início à gestação.

Se não houver fecundação, por outro lado, os níveis hormonais diminuem, o endométrio descama originando a menstruação e um novo ciclo menstrual. Assim, todo o processo se repete e um novo óvulo é novamente liberado na ovulação.

Como é possível perceber, a ovulação indica o período em eu há mais chances de engravidar, por isso, é conhecido como período fértil. Ou seja, quando a relação sexual é intensificada durante o tempo de sobrevida do óvulo as chances de engravidar são maiores. Dessa forma, identificar o período fértil é um recurso fundamental se houver a intenção de ter filhos.

Por que fazer um teste de ovulação?

O teste de ovulação tem o objetivo de detectar os níveis de LH presentes na urina. É bastante simples, funciona da mesma forma que o teste de gravidez: a urina é coletada em pote esterilizado e o teste introduzido até a marca. A linha do teste fica mais escura que a de controle, o que demonstra a proximidade da ovulação.

Quando a ovulação está próxima o LH se apresenta em níveis mais altos, entre 14 e 95,6mUI/mL, momento em que ocorre a maturação final do folículo e posterior ruptura para liberação do óvulo, que pode ocorrer nas próximas 48h.

O teste de ovulação é particularmente importante para as mulheres em tentativa de engravidar, sendo um aliado para determinar o período de maior fertilidade.

É recomendado, entretanto, que seja feito desde os 3 dias que antecedem a data provável da ovulação, para monitorar os níveis e observar o aumento sequencial, até que ocorra o pico de LH. Por outro lado, a diminuição sequencial dos níveis indica que o óvulo já foi liberado e é necessário esperar o próximo ciclo para iniciar o monitoramento novamente.

Além disso, os 3 dias que antecedem a ovulação são associados ao tempo de sobrevida dos espermatozoides no organismo feminino. Dessa forma, intensificar a relação sexual nesse período também pode aumentar as chances de engravidar.

Mulheres com ciclo menstrual regular têm maior facilidade de prever a possível data da ovulação e assim programar o teste de ovulação. No entanto, se os ciclos forem irregulares, é possível observar mudanças corporais, como o muco cervical, que se torna mais elástico, com aparência semelhante à de uma clara de ovo, maior sensibilidade dos seios, aumento da libido e variações de humor.

Se mesmo com a realização do teste de ovulação ainda houver dificuldades para engravidar ou nos casos em que os níveis se apresentam sempre abaixo da média sugerida, é importante procurar um especialista em reprodução assistida.

A infertilidade é definida após um ano de tentativas malsucedidas sem o uso de nenhum método contraceptivo e pode ser provocada tanto por fatores femininos quanto masculinos. Porém, atualmente tem tratamento na maioria dos casos.

Infertilidade e reprodução assistida

Embora os distúrbios de ovulação – dificuldades no desenvolvimento, amadurecimento e ruptura dos folículos – estejam entre as principais causas de infertilidade feminina, as dificuldades reprodutivas de um casal podem ser igualmente provocadas por fatores masculinos, por isso, para definição do tratamento mais adequado em cada caso, é feita uma investigação detalhada de ambos os parceiros.

As técnicas de reprodução assistida são consideradas o tratamento padrão para infertilidade. Em todas elas, a primeira etapa é a estimulação ovariana, procedimento realizados com medicamentos hormonais sintéticos para estimular o desenvolvimento de uma quantidade maior de folículos ovarianos durante o ciclo menstrual e obter mais óvulos maduros para a fecundação.

Nas técnicas de baixa complexidade, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial IA, as dosagens hormonais utilizadas são mais baixas, uma vez que a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas.

A RSP, por exemplo, é indicada quando os distúrbios de ovulação são provocados por doenças em estágios iniciais, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e endometriose, porém os espermatozoides do parceiro devem ser saudáveis, pois além da estimulação ovariana, o objetivo do tratamento é programar o melhor período para intensificar a relação sexual.

A IA permite o tratamento mesmo quando há pequenas alterações nos espermatozoides, uma vez que os melhores são selecionados por técnicas de preparo seminal e inseridos diretamente no útero durante o período fértil, encurtando o caminho até as tubas uterinas.

Já a FIV, fertilização in vitro, técnica mais complexa, prevê a fecundação de forma controlada, em laboratório. Assim, para obter a quantidade de óvulos necessária as dosagens são mais altas. A técnica permite o tratamento de praticamente todas as demandas reprodutivas, dos fatores de infertilidade mais graves, à gravidez de casais homoafetivos e pessoas solteiras que desejam ser pais independentes.

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