Dr. Augusto Bussab | Reprodução Humana | WhatsApp
Ebook SOP Baixe agora o e-book sobre Síndrome dos Ovários Policísticos e entenda tudo sobre essa doença! Clique Aqui!
Ficou com alguma dúvida? Agende sua consulta agora! Clique Aqui!

Só é possível engravidar no período fértil?

por Dr. Augusto Bussab



"A resposta a essa pergunta é mais complexa do que parece. Ainda que o conhecimento do período fértil seja uma forma possível de favorecer a concepção, é comum muitas pessoas desconhecerem alguns detalhes importantes sobre a relação entre período fértil e fertilidade, como o papel […]"
Só é possível engravidar no período fértil?

A resposta a essa pergunta é mais complexa do que parece. Ainda que o conhecimento do período fértil seja uma forma possível de favorecer a concepção, é comum muitas pessoas desconhecerem alguns detalhes importantes sobre a relação entre período fértil e fertilidade, como o papel da receptividade endometrial e as influências da interação entre os tempos de disponibilidade de cada gameta para a fecundação, por vias naturais.

Além disso, o cálculo do período fértil também pode ser incerto, pois embora exista um parâmetro de normalidade para os ciclos reprodutivos femininos – duração média de 28 dias, com a ovulação próxima ao 14º dia após a menstruação – podem ocorrer variações entre as mulheres na duração de cada etapa, ainda dentro da normalidade, que alteram esse cálculo.

Diante desse cenário, frequentemente o casal pode temer um diagnóstico de infertilidade feminina quando dá início às tentativas para engravidar e, mesmo mantendo relações sexuais nos dias calculados como período fértil, não consegue chegar à gestação.

Este texto foi escrito com o intuito de detalhar alguns eventos e dinâmicas importantes, na relação entre a fertilidade das mulheres e o período fértil, buscando responder de forma clara à pergunta: só é possível engravidar no período fértil?

Boa leitura!

O que é o período fértil?

O período fértil corresponde ao tempo em que o óvulo fica disponível para fecundação, no interior das tubas uterinas, após a ovulação. Vamos compreender melhor como acontece o ciclo reprodutivo e os fatores que influenciam tanto a ovulação, como o período fértil.

Convencionou-se considerar o primeiro dia da menstruação como o marco inicial de cada ciclo reprodutivo feminino, embora a dinâmica hormonal que orquestra a fertilidade das mulheres seja composta por processos contínuos.

O aparecimento do sangue menstrual é disparado pela diminuição na concentração dos estrogênio e da progesterona, que simultaneamente sinalizam ao cérebro que retome a secreção das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), hormônios que atuam diretamente nos ovários.

As gonadotrofinas têm como principal papel estimular o recrutamento e amadurecimento folicular, além de produzir testosterona e convertê-la em estrogênio, aumentando também a concentração desse hormônio.

Ao longo da primeira fase do ciclo reprodutivo, enquanto acontece o amadurecimento folicular, o aumento na concentração de estrogênio também promove parte do preparo endometrial, estimulando o espessamento do endométrio.

Aproximadamente no 14º dia após a menstruação, quando as gonadotrofinas e o estrogênio atingem um pico máximo de concentração, a ovulação acontece. Esse pico leva à ruptura do folículo ovariano e liberação do óvulo em direção às tubas uterinas, onde fica aproximadamente 24h disponível para a fecundação.

Embora a disponibilidade do óvulo seja de apenas 24h após a ovulação, nos cerca de 14 dias após este evento, o corpo da mulher ainda executa tarefas relacionadas à fertilidade, principalmente visando concluir o processo de preparo endometrial, com o início da produção de progesterona.

A progesterona é produzida pela ação do LH no corpo-lúteo, formado pelas células foliculares que restam aderidas ao ovário, após a ovulação. Sua função no endométrio é principalmente interromper a multiplicação celular induzida pelo estrogênio e estratificar este tecido, tornando-o completamente apto a receber um possível embrião.

Ao final da segunda fase do ciclo reprodutivo, quando a fecundação não acontece, a progesterona e os estrogênios, assim como as gonadotrofinas, encontram-se em suas mínimas concentrações, o que induz a descamação do endométrio, expelido em forma de sangue menstrual, iniciando um novo ciclo.

Conheça alguns detalhes importantes sobre o período fértil

O tempo de duração de cada etapa do ciclo reprodutivo, que varia de forma relevante para cada mulher e por isso interfere diretamente no cálculo do período fértil, é um dos detalhes mais importantes para a compreensão da complexidade envolvida no uso do conhecimento sobre o período fértil como método para engravidar.

Essa variação tanto pode fazer com que a mulher que está tentando engravidar mantenha relações sexuais fora do período fértil sem saber, como pode atrapalhar os planos daquelas que estão buscando evitar a gravidez.

Vamos conhecer mais alguns aspectos que tornam a relação entre fertilidade e período fértil mais complexa:

O tempo de cada gameta no período fértil

Podemos dizer que o período no qual a mulher se encontra fértil corresponde exatamente ao tempo de sobrevivência do óvulo nas tubas uterinas, após a ovulação, que varia de 24h a 36h.

Os espermatozoides, no entanto, têm capacidade de sobreviver no interior do corpo da mulher durante um período maior: por até 72h ou cerca de 3 dias após uma relação sexual sem preservativos.

Isso significa que mesmo as relações sexuais realizadas nos dias que antecedem o início do período fértil feminino podem levar à fecundação do óvulo, pois existem grandes chances de os espermatozoides já estarem nas tubas uterinas quando ele é liberado pela ovulação.

Receptividade endometrial e o período fértil

Mesmo que o período fértil seja fundamental para a fertilidade das mulheres, a gestação em si não começa na fecundação.

Após o encontro entre os gametas, no interior das tubas uterinas durante o período fértil, o embrião aí formado precisa ser conduzido ao útero, onde deve encontrar o local adequado para realizar a implantação embrionária e somente então dar início à gestação.

Para que a implantação embrionária aconteça, é necessário que o endométrio tenha adquirido a espessura e complexidade exatas para favorecer esse processo.

Por isso, mulheres com problemas relacionados à receptividade endometrial, muitas vezes assintomáticas, podem encontrar dificuldades silenciosas para engravidar, mesmo mantendo relações sexuais durante o período fértil.

Anovulação e o período fértil

Doenças como a SOP (síndrome dos ovários policísticos) e a endometriose ovariana, em que há a formação de endometriomas, têm como uma de suas principais consequências a anovulação, ou ausência de ciclos ovulatórios, mas não necessariamente amenorreia (ausência de menstruação), o que pode fazer essas doenças sejam assintomáticas.

Por isso, especialmente nos casos menos severos, a mulher pode não manifestar qualquer outro sintoma relevante, além da dificuldade para engravidar, fazendo com que o uso do cálculo do período fértil para engravidar se mostre bastante falho.

Então, só é possível engravidar no período fértil?

Como podemos observar com a leitura desse texto, o cálculo do período fértil – para que corresponda realmente ao tempo no qual uma mulher pode engravidar se mantiver relações sexuais sem preservativos – precisa incluir adequadamente alguns aspectos como o tempo de sobrevivência dos espermatozoides no corpo feminino e as variações naturais na duração dos ciclos reprodutivos, em cada mulher.

Nesse sentido, a resposta à pergunta é sim, só é possível engravidar no período fértil, embora nem todas as tentativas realizadas nesse momento obrigatoriamente resultem em gestação.

Leia mais sobre período fértil tocando este link.


Se inscrever
Notificação de
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Pr¨®xima leitura
Mórula, embrião e blastocisto: qual é a relação?

A gravidez é um processo complexo, que envolve diferentes elementos, por isso é comum várias dúvidas surgirem durante a tentativa de engravidar. Termos como gônadas, gametas, embrião, mórula, blastocisto, fecundação, nidação e eclosão, por exemplo, são frequentemente utilizados em referência ao processo, por profissionais de […]

Ler mais...