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Síndrome de Asherman: diagnóstico e tratamento

por Dr. Augusto Bussab



"Sinequias ou aderências uterinas, são cicatrizes que geralmente se formam como consequência de traumas na região. Quando acumulam na cavidade uterina a condição é denominada síndrome de Asherman. Elas podem ter diferentes espessuras, se espalhar e ocupar todo o espaço, comprometendo, dessa forma, o desenvolvimento […]"
Síndrome de Asherman: diagnóstico e tratamento

Sinequias ou aderências uterinas, são cicatrizes que geralmente se formam como consequência de traumas na região. Quando acumulam na cavidade uterina a condição é denominada síndrome de Asherman.

Elas podem ter diferentes espessuras, se espalhar e ocupar todo o espaço, comprometendo, dessa forma, o desenvolvimento de uma possível gestação. Além disso, podem interferir processo de implantação do embrião, fundamental para a gravidez ser bem-sucedida. Ambos os casos provocam abortamento, muitas vezes de repetição, um dos fatores que caracterizam a infertilidade feminina.

Continue a leitura deste texto para conhecer mais sobre a síndrome de Asherman, que aborda das causas e fatores de risco, ao diagnóstico e tratamento dessa condição, quando há ou não o desejo de engravidar. Confira!

Síndrome de Asherman: causas e fatores de risco

O principal fator de risco associado à síndrome de Asherman é a realização diversos procedimentos de dilatação e curetagem (D&C) para remoção de fragmentos placentários ou abortivos.

Porém, outros traumas na região e doenças também podem resultar no problema, como processos inflamatórios, incluindo endometrite, do endométrio e cervicite, do colo do útero, além de outras intervenções médicas, como cesariana ou a retirada de miomas e pólipos endometriais.

Entre as doenças estão a endometriose, em que há presença anormal de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero em órgãos próximos, como os ovários e as tubas uterinas. O tecido ectópico causa um processo inflamatório característico da doença, que pode levar à formação de sinequias na região afetada, espalhando para outros órgãos, incluindo o próprio útero.

A tuberculose do trato genital superior, é ainda apontada como um potencial fator de risco. É uma das consequências do tratamento inadequado da tuberculose pulmonar, que pode levar à disseminação do agente causador da doença pela corrente sanguínea, afetando inicialmente os rins e, assim, o trato urinário e posteriormente os órgãos reprodutores.

A síndrome de Asherman geralmente é diagnosticada incidentalmente durante os exames de rotina, no entanto, uma das formas de garantir que o diagnóstico e tratamento sejam feitos precocemente é observar os possíveis sintomas provocados pela condição.

Sintomas e diagnóstico da síndrome de Asherman

Embora algumas pacientes com síndrome de Asherman sejam totalmente assintomáticas, o que dificulta diagnóstico e tratamento precoces e aumenta as chances de a condição provocar danos à saúde reprodutiva, a maioria das mulheres apresenta pouco fluxo menstrual ou ausência de menstruação, amenorreia.

A amenorreia pode ser consequência da menstruação retrógada, fenômeno em que o sangue menstrual retorna pelas tubas uterinas em vez de ser expelido pelo do corpo, que pode ocorrer em casos mais graves, quando as sinequias causam o bloqueio total ou parcial do útero.

Cólicas severas antes e durante o período menstrual (dismenorreia) também estão entre os possíveis sintomas.

A infertilidade é um dos sintomas da síndrome de Asherman, normalmente sinalizada por abortamentos recorrentes. As sinequias podem funcionar como uma barreira e impedir com o embrião se implante no endométrio, ou ocupar todo o espaço uterino dificultando ou impedindo a evolução da gestação quando a implantação é bem-sucedida.

Podem causar, ainda, alterações na anatomia do útero, o que compromete da mesma forma o desenvolvimento da gestação.

Por isso, é importante consultar um especialista se houver suspeita de síndrome de Asherman. O tratamento mais adequado para cada paciente é definido a partir dos resultados diagnósticos.

A investigação é feita por dois exames de imagem: a histerossalpingografia, um exame de raio-X com contraste, que destaca as sinequias nas imagens e a vídeo-histeroscopia ginecológica, que utiliza um aparelho chamado histeroscópio. Introduzido pela vagina, permite a visualização direta da cavidade uterina, facilitando a identificação.

Tratamento da síndrome de Asherman para as mulheres que desejam ou não engravidar

Mulheres com síndrome de Asherman que não desejam engravidar e apresentam sintomas leves ou ausentes normalmente são apenas observadas periodicamente, como a realização de exames para observar a evolução do quadro.

Se houver a manifestação de sintomas severos, por outro lado, como cólicas que podem ser incapacitantes ou infertilidade, a cirurgia é indicada para a remoção das aderências e correção de possíveis alterações na anatomia uterina.

O procedimento é realizado por vídeo-histeroscopia cirúrgica. Os casos mais leves são solucionados ainda durante o diagnóstico com a técnica, enquanto nos mais graves, por ser necessária anestesia geral a cirurgia acontece em ambiente hospitalar.

Muitas vezes é possível engravidar naturalmente após a remoção. Se não houver sucesso, entretanto, a fertilização in vitro (FIV), é indicada para aumentar as chances.

Na FIV, a fecundação é realizada em laboratório, precedida pela coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides. Os embriões formados se desenvolvem por alguns dias em laboratório, processo acompanhado diariamente por um embriologista.

Posteriormente, são transferidos ao útero materno, já devidamente preparado e em condições favoráveis para recebê-los após a remoção das sinequias e correção das possíveis distorções anatômicas.

Além disso, nos casos em que a síndrome de Asherman causa maiores danos uterinos, a gravidez pode ser obtida com auxílio de uma das técnicas complementares ao tratamento, o útero de substituição ou cessão temporária do útero, popularmente conhecida como barriga de aluguel.

Nessa técnica, o embrião é formado com os gametas dos pais e transferido para o útero de uma mulher parente de até quarto grau dos pacientes em tratamento.

A FIV apresenta altos percentuais de sucesso gestacional por ciclo de tratamento, possibilitando a gravidez mesmo quando há fatores de infertilidade de maior gravidade, como a síndrome de Asherman.

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